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Para rastrear rebanho, empresas usam brinco e até chip no boi

BRCOM by BRCOM
outubro 11, 2025
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Fotos do gado da fazenda Roncador, que já usa chips e bottons — Foto: Divulgação

Até 2032 o Brasil espera que as quase 240 milhões de cabeças de gado do país possam ser monitoradas individualmente por meio de brinco ou dispositivo eletrônico. Trata-se do Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (PNIB), do Ministério da Agricultura, que será implementado em etapas, com obrigatoriedade de adesão a partir de 2027.

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Esse sistema ajudará a gerir tanto a questão sanitária do rebanho, assim como genética, alimentação, e se o gado veio de áreas desmatadas. Em boa parte das grandes fazendas sustentáveis, o rastreamento individual já é realidade. O desafio será fazer chegar essa tecnologia a pequenos produtores, que são maioria, dizem especialistas.

Das 2,5 milhões de propriedades que têm pecuária como atividade, estima-se que 1,9 milhão são de pequenos produtores.

— Todos os grandes países produtores de carne bovina enfrentaram dificuldades nesse processo de rastreamento individual. Não é questão simples — diz Leandro Giglio, pesquisador e professor do Insper Agro Global.

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Atualmente, diz Giglio, a rastreabilidade é feita por lotes, baseada na Guia de Trânsito do Animal (GTA), documento oficial para transporte do gado no país. Com o PNBI e a obrigatoriedade do rastreamento individual, prevê o pesquisador, a gestão fica mais transparente: será possível ter todo o histórico da vida do animal, do nascimento ao abate.

Alguns estados, como Santa Catarina, Mato Grosso, São Paulo e Pará, já vêm avançando em leis estaduais de rastreamento individual. O Pará tem como objetivo ter 100% do rebanho rastreado até 2026, o que será uma vitrine do estado na COP 30, em novembro.

Grandes frigoríficos já vêm acelerando as ações de rastreabilidade do rebanho de fornecedores, inclusive os indiretos, um dos principais desafios. Na JBS, na MBRF (Marfrig+BRF) e na Minerva, a rastreabilidade já atinge praticamente 100% de fornecedores diretos, dizem.

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— Com imagens via satélite, e monitoramento territorial, é possível verificar se uma fazenda tem produção em área desmatada ou em unidade de conservação, terra indígena, território quilombola — diz Paulo Pianez, diretor global de Sustentabilidade da MBRF.

Ele lembra que a empresa faz cruzamento de base de dados, pesquisa em listas públicas para verificar se não há algum tipo de embargo (estadual, federal, municipal) nas áreas fornecedoras, incluindo a lista de trabalho escravo. Até um mapa de mitigação de risco, com áreas de maior risco de desmatamento, foi criado.

Desde 2009, a empresa já investiu R$ 500 milhões em sistemas e ações para rastreabilidade do gado, incluindo a Amazônia e os demais biomas do país, através do programa Marfrig Verde+. Foi desenvolvido até um sistema que identifica focos de incêndios nas propriedades e alerta o produtor sobre possível desmatamento. São monitorados cerca de 50 mil fornecedores diretos e indiretos pela empresa.

Fotos do gado da fazenda Roncador, que já usa chips e bottons — Foto: Divulgação

Na JBS, que também usa imagens de satélite e cruza dados das listas de embargo públicas, o sistema de monitoramento começou em 2009, quando ela assinou os Termos de Ajustamento de Conduta (TACs), com foco na Amazônia Legal.

Com a criação em 2012 — e obrigatoriedade — do Cadastro Ambiental Rural (CAR), registro público e eletrônico obrigatório para todos os imóveis rurais do Brasil, esse documento traz mais peso para a rastreabilidade, diz Liège Vergili Correia, diretora de Sustentabilidade da JBS.

— À medida que as ferramentas se aprimoram, aprimoramos o nosso sistema de monitoramento. Hoje, fazemos o monitoramento on-line das fazendas. Com o CAR, conseguimos delimitar o polígono dessa fazenda e geramos um mapa que traz várias camadas dessa propriedade, se está em território indígena, unidade de conservação ou áreas de desmatamento mostradas pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) — diz Liège, citando que a JBS incorporou o MapBiomas no monitoramento pela qualidade das imagens e da informação.

Ela afirma que são monitoradas entre 25 mil e 30 mil propriedades, em média, que se relacionam com a empresa no ano, em todos os biomas.

A JBS criou a Plataforma Pecuária Transparente, além de um chatbot no WhatsApp (chamado de CowBot), para que os produtores diretos identifiquem se o fornecedor de gado está de acordo com a política de compra da empresa e com a legislação ambiental, antes de fazer negócio.

Ela lembra que pesquisas mostram que, se o frigorífico for capaz de controlar o produtor direto e o primeiro nível do indireto, consegue evitar ou excluir da cadeia de fornecimento 92% do desmatamento. Isso foi possível, por exemplo, no Pará, onde havia alto desmatamento, diz Liège.

Nos outros 8% de áreas de desmatamento não evitado, onde estão os pequenos produtores de bezerro, a JBS atua com projetos de assistência técnica, requalificação dos produtores, regularização ambiental, através de seus Escritório Verdes, evitando que sejam excluídos da cadeia de fornecedores.

A Minerva Foods começou a usar sua plataforma de geomonitoramento em 2010 e afirma que 100% das fazendas fornecedoras diretas de gado são monitoradas em toda operação da América do Sul. São 75 mil animais abatidos com rastreabilidade individual em pouco mais de um ano.

A empresa usa imagens de satélite, listas de restrições a determinadas áreas, assim como as demais empresas, e em caso de identificação de irregularidade frente aos critérios, o fornecedor é bloqueado no sistema, impedindo novas comercializações até que a situação seja regularizada.

— A empresa já opera com protocolos compatíveis com rastreabilidade individual, o que antecipa e prepara a operação para adequação às exigências do PNIB, com a obrigatoriedade de adesão em 2027 — diz Marta Giannichi, diretora global de Sustentabilidade da Minerva Foods.

Segundo a empresa, são 26.866 fornecedores diretos na América do Sul.

No Grupo Roncador, um dos principais do agronegócio brasileiro com ações sustentáveis na Amazônia Legal, boi de brinco ou chip já é realidade. Cada animal que deixa a fazenda a caminho do frigorífico, sai com guia com números individualizados.

— A gente coloca o brinco e o botton nos animais já no nascimento na fazenda. Os animais no confinamento para engorda seguem com brinco, bóton e chip para a hora da pesagem. É como identidade, toda a vida é documentada para ganhar eficiência — diz Pelerson Penido Dalla Vecchia, CEO da Roncador, lembrando que 100% dos 70 mil animais de sua fazenda são rastreados.

Giglio, do Insper Agro Global, lembra que a Lei Antidesmatamemnto da Europa, que impede a compra de produtos como carne bovina de áreas desmatadas é fator de pressão sobre o Brasil.

Procurado, o Ministério da Agricultura não comentou o cronograma do PNIB.

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