Nos últimos 30 anos, mais de 600 filmes tiveram apoio da Petrobras — um processo fundamental para a construção da memória e da identidade cultural nacional. Essas três décadas de histórias contadas nas telas foram o ponto de partida do evento “Petrobras e o Cinema Brasileiro: 30 Anos de História”, que reuniu, na quinta-feira passada, um elenco de peso do setor audiovisual na Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro.
— Cinema é história, é educação, é arte. E a arte transforma as pessoas — disse Clarice Coppetti, diretora executiva de Assuntos Corporativos da Petrobras, na abertura do evento.
Mediado pela apresentadora e cineasta Marina Person, o painel contou com a presença da distribuidora Silvia Cruz, diretora da Vitrine Filmes; do produtor Flávio R. Tambellini; e do ator Rodrigo Santoro. Juntos, eles debateram o impacto da Petrobras no cinema brasileiro desde seu primeiro patrocínio: “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” (1995), dirigido por Carla Camurati. O longa, que foi um dos marcos da chamada retomada da produção cinematográfica nacional, foi relançado em agosto deste ano, ganhando versão remasterizada em 4K, novamente com apoio da Petrobras.
— Na época, recebemos uma proposta da diretora Carla Camurati, num momento em que o cinema brasileiro precisava de energia. E nós tínhamos essa energia — disse o gerente de Patrocínios Culturais da Petrobras, Milton Bittencourt, que também participou do evento.
Milton lembrou que o sucesso estrondoso de “Carlota Joaquina” aproximou a Petrobras das pessoas.
Seguimos fortes no audiovisual, com o Espaço Petrobras de Cinema em São Paulo, os 26 filmes da última seleção pública, em festivais de cinema por todo o Brasil e muito mais.
A empresa continuará investindo no setor nos próximos anos, com previsão de chegar a R$ 100 milhões em filmes, séries, festivais e espaços de cinema até 2027.
— Do que é feito um país? Um país é feito de suas histórias e de sua produção cultural. Um país é feito de sua literatura, sua música… E o cinema tem muito esse papel, inclusive de levar a nossa imagem para fora do país — disse Person.
Nova produção de Flávio Tambellini, “Malês” é um exemplo prático disso. Lançado esta semana nos cinemas brasileiros, o filme narra o maior levante de escravizados da história do Brasil e já foi convidado a ser exibido nas universidades Harvard e Princeton, nos Estados Unidos.
— Não existe país forte sem um cinema forte. O presidente Roosevelt, dos Estados Unidos, dizia: “Os nossos produtos vão chegar aonde o cinema americano chegar”. Então, o cinema é a nação, é uma política de Estado — disse Tambellini, celebrando o atual momento da indústria nacional, após um período de altos e baixos. — A gente vem sentindo, nos últimos anos, algo forte e permanente. E isso vem do que foi feito lá atrás, graças à visão de empresas que acreditam no cinema — completou ele, frisando que “Malês” ficou décadas engavetado, até receber o apoio da Petrobras.
CINEMA DO BRASIL PARA O MUNDO
Silvia Cruz conta que a falta de interesse que existia na indústria em distribuir filmes autorais brasileiros a motivou a fundar a Vitrine Filmes. Quinze anos depois, a empresa é responsável por alguns dos títulos brasileiros de maior sucesso internacional nesta temporada, como “O Agente Secreto”, destaque no último Festival de Cannes, com premiações para o diretor Kleber Mendonça Filho e o ator Wagner Moura. O longa foi também o escolhido pela Academia Brasileira de Cinema como candidato para representar o país no próximo Oscar na categoria de melhor filme internacional.
— Depois que um filme está pronto, há todo um processo de distribuição. Ele precisa chegar aos cinemas, ser divulgado… E essa contribuição é muito importante também para que um filme chegue aos festivais — complementou o ator Rodrigo Santoro, protagonista do filme “O Último Azul”, que está atualmente em cartaz.
- “Malês”: o filme que narra o maior levante de escravizados do país é a grande estreia da semana nos cinemas brasileiros.
- “O Último Azul”: filme estrelado por Rodrigo Santoro ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim de 2025.
- “O Agente Secreto”: depois de ganhar melhor direção (Kleber Mendonça Filho) e ator (Wagner Moura) no Festival de Cannes de 2025, é a aposta do país no Oscar 2026.