O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, reiterou hoje sua visão de que os formuladores de política monetária enfrentam uma “situação desafiadora” ao equilibrar riscos para a inflação e o mercado de trabalho.
Em reação, os treasuries, títulos da dívida americana, subiram pela primeira vez em cinco sessões do mercado financeiro. Os ganhos derrubaram os rendimentos entre dois e quatro pontos-base em diferentes prazos, com a taxa do título de 10 anos caindo para 4,11%.
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O mercado vinha sob pressão desde que Powell, na semana passada, sugeriu que o Fed adotaria uma postura cautelosa em relação a novos cortes de juros. O presidente do Fed usou hoje um discurso sobre a economia nesta terça para alertar que não há “caminho livre de risco” enquanto as autoridades tentam equilibrar uma inflação persistentemente acima da meta com sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho.
Investidores buscavam maior clareza nas falas de dirigentes do Fed ao longo do dia, culminando com Powell, que apresentou comentários preparados antes de responder a perguntas em um evento em Rhode Island.
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Powell “reiterou a maior parte de seus comentários da coletiva do Fomc (o equivalente ao Copom no Fed)”, disse Paresh Upadhyaya, diretor de Estratégia de Renda Fixa e Câmbio da Pioneer Investments:
— Os mercados de renda fixa e câmbio pensaram o mesmo, por isso houve pouca reação.
A incerteza sobre o caminho dos juros nos EUA segue alta, e investidores vêm apostando em cenários que podem render mesmo se os cortes forem desviados por surpresas na economia.
Hoje, a diretora do Fed Michelle Bowman pediu ação decisiva para reduzir os juros e apoiar o mercado de trabalho enfraquecido. Já Austan Goolsbee, presidente do Fed de Chicago, pregou cautela, lembrando que a inflação segue acima da meta.
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— Precisamos ter um pouco de cuidado para não sermos agressivos demais de imediato — ela afirmou.
Na segunda-feira, Alberto Musalem, também diretor do Fed, disse ver espaço limitado para novos cortes. Já Stephen Miran, recém-nomeado por Donald Trump para a cúpula do banco central americano, afirmou em seu primeiro discurso que a política monetária ainda está apertada demais.
O foco agora se volta para os dados de PIB e de gastos com consumo pessoal — o indicador de inflação preferido pelo Fed — que saem no fim da semana.