Preso nesta terça-feira pela Polícia Federal por suspeita de emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional, o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, é um dos principais acionistas do Atlético-MG.
O banqueiro adquiriu 20,2% da SAF do clube entre 2023 e 2024, em um investimento total de cerca de R$ 300 milhões, através da Galo Forte FIP, fundo de investimento em participações criado para adquirir a fatia na Galo Holding SA. Ele possui uma porcentagem menor apenas que Rubens e Rafael Menin, que detêm, juntos, 41,8%, e que o clube associativo (25%).
Após o aporte milionário, Vorcaro passou também a integrar o Conselho de Administração do clube.
A origem do dinheiro investido por Vorcaro na compra das ações da SAF do Galo é alvo de uma outra investigação, do Ministério Público de São Paulo, por suposta ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital), em um desdobramento da Operação Carbono Oculto. A operação apura possível lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio ligados à organização criminosa.
A SAF do Atlético-MG não está sendo investigada pela Polícia Federal.
Em 17 de outubro, a assessoria do Atlético-MG informou, em nota, não ter conhecimento de irregularidades:
“O Galo Forte Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia é um veículo de investimento devidamente constituído e regular perante a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”), sob administração da Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários LTDA. A Trustee é uma empresa igualmente registrada perante a CVM. Referido fundo figura como acionista da Galo Holding S.A., contexto no qual o Atlético não tem conhecimento de quaisquer irregularidades.”
Documentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) revelaram que o Galo Forte FIP estaria inserido em uma cadeia de fundos organizada em modelo “fundo sobre fundo”.
Segundo o MP-SP, os recursos investidos no aporte teriam origem em um fluxo financeiro iniciado nos fundos Olaf 95 e Hans 95, administrados pela Reag Investimentos — já alvo de buscas da Polícia Federal e investigados por suposta participação em uma estrutura de ocultação financeira ligada à Operação Carbono Oculto. Essa engrenagem utilizaria o modelo conhecido como “fundo sobre fundo”, frequentemente associado a operações de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
Conforme informado primeiramente pela coluna do Lauro Jardim, a prisão de Vorcaro foi determinada pela Justiça Federal de Brasília e ocorreu horas depois de um surpreendente anúncio de uma operação de venda do Master ao desconhecido grupo Fictor Holding Financeira, suspenso após o Banco Central do Brasil (BC) determinar a liquidação extrajudicial da instituição. O nome da operação deflagrada nesta terça-feira é a Compliance Zero, que apura a emissão de títulos de crédito falsos e cumpriu mandados de prisão neste início de semana.

