Após uma falha em uma subestação no Paraná que levou a um apagão em todos os estados país, as autoridades devem levar cerca de um mês para produzir um relatório que aponte as causas que levaram à ocorrência.
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Segundo o governo, uma “falha técnica pontual” em um equipamento da subestação causou o apagão. Representantes de diferentes autoridades do setor elétrico se reuniram nesta terça para tratar da interrupção de energia.
As investigações sobre as causas da falha da começaram nesta terça-feira e devem se alongar pelo menos em até um mês, período em que o Operador Nacional do Sistema (ONS) vai levar para concluir o Relatório de Análise de Perturbação (RAP). O documento fará uma análise detalhada do ocorrido.
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Ao mesmo tempo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) começa ainda nesta quarta-feira a fiscalização na subestação de Bateias, no Paraná. A análise dos técnicos vai subsidiar o relatório do ONS, que é feito em colaboração com a Aneel.
Durante a investigação, os técnicos vão avaliar qual foi a causa que levou ao incêndio do reator da subestação, levando em conta fatores como a manutenção do equipamento.
Na segunda etapa, a Aneel vai examinar se o sistema de isolamento do defeito funcionou adequadamente. Estações e subestações contam com sistemas do tipo para evitar que os defeitos causem o efeito dominó no resto do sistema elétrico, levando a apagões em diversas regiões, como aconteceu na última madrugada.
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Depois disso, os técnicos vão avaliar justamente se esse efeito dominó aconteceu em função de uma falha de proteção de algum equipamento ou outro fator.
Assim que a análise for concluída, existem dois caminhos: se for constatado que houve falhas por parte da empresa responsável pela subestação, um conjunto de informações será solicitado à companhia. Caso chegue à conclusão que houve falha nas condições de operação do sistema elétrico, o ONS deve prestar as informações necessárias.
— Quando há eventos dessa magnitude, a gente tem que olhar sua causa e consequência juntos, você teve um problema localizado no equipamento. No sistema de transmissão se espera que o equipamento seja isolado, acontece o problema, o equipamento é isolado e aquele defeito é contido. Nesse caso tivemos a propagação desse defeito — explicou o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, nesta terça ao sair de audiência na Câmara dos Deputados.
Após a reunião do governo nesta terça, o ministro Alexandre Silveira minimizou as perdas e reafirmou a segurança do Sistema Interligado Nacional (SIN).
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— O sistema elétrico respondeu corretamente, dentro dos protocolos previstos, e as interrupções foram rapidamente sanadas. As melhorias adotadas desde 2023 mostraram resultado, e seguimos atuando de forma preventiva para fortalecer a confiabilidade do sistema — afirmou.
Segundo a pasta, a energia foi retomada cerca de uma hora após a interrupção nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Na região Sul, onde se originou a falha, houve normalização total do sistema por volta de duas horas após o apagão.
O professor de engenharia elétrica da Universidade de Brasília e ex-superintendente da Aneel, Ivan Camargo ressalta que ocorrências como incêndios em reatores são comuns. Segundo ele, nesse caso, alguma falha maior do que a que foi apontada até o momento causou o efeito dominó sobre o resto do sistema elétrico.
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— Tivemos um incêndio em um reator, esses incêndios, ou eliminação de reatores em subestações, isso ocorre com frequência, e não acontece nada. Dessa vez, aconteceu, com certeza, mais alguma coisa, que a gente ainda não sabe — explica.
Segundo ele, o SIN, em geral, enfrenta um momento delicado. O especialista ainda cita o episódio do Dia dos Pais deste ano, em que o ONS quase teve de lidar com um colapso por conta do excesso de geração de energia renovável.
— O nosso sistema está frágil, em um momento muito delicado. Por falta de organização, por falta de planejamento, por falta de governança, tem várias coisas acontecendo que não estão boas.