Celebridades brasileiras e internacionais têm chamado atenção ao recorrer à rinoplastia revisional, uma segunda cirurgia no nariz feita para corrigir resultados estéticos ou funcionais que ficaram aquém do esperado na primeira intervenção. O que antes era um procedimento raro, hoje se torna cada vez mais comum, também entre pacientes anônimos, refletindo uma mudança no perfil da demanda por cirurgias plásticas.
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Marco Tulio, otorrinolaringologista e cirurgião crânio-máxilo-facial que atua em Brasília, observa esse crescimento de perto. Segundo ele, no início da carreira, apenas 10% a 20% de seus atendimentos envolviam pacientes buscando revisão cirúrgica após operarem com outros profissionais. Hoje, esse número já representa entre 60% e 70% dos casos.
De acordo com o especialista, a rinoplastia é uma das intervenções mais técnicas da cirurgia facial, e até mínimas alterações podem comprometer o resultado final.
— Quando feita por profissionais com pouca experiência, pequenas falhas se tornam visíveis. Além disso, há fatores como a cicatrização, que variam de paciente para paciente e não estão sob controle do médico — explica.
As principais queixas entre quem busca uma segunda intervenção são insatisfações com o formato do nariz e problemas respiratórios. — Por estar no centro do rosto, qualquer detalhe indesejado se torna difícil de ignorar. Já a dificuldade de respirar afeta diretamente a rotina e o bem-estar do paciente — destaca o médico.
Dr. Marco ressalta que cirurgias revisionais geralmente são mais exigentes do ponto de vista técnico. Isso ocorre porque o nariz já passou por alterações estruturais, cicatrizes e possíveis fibroses.
— Trata-se de um procedimento mais delicado, que requer precisão, planejamento e experiência. Embora seja um desafio maior, quando bem conduzido, o resultado pode ser muito satisfatório — afirma.
O tempo ideal entre a primeira rinoplastia e uma nova intervenção depende de cada caso. Em situações específicas, pode-se considerar uma nova cirurgia entre 30 e 60 dias. No entanto, o mais comum é aguardar entre seis meses e um ano, período suficiente para que o nariz finalize seu processo natural de cicatrização. — Com o tempo, muitos aspectos se ajustam sozinhos. E operar com os tecidos já estabilizados facilita bastante — pontua.
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O especialista também destaca a importância do acolhimento emocional nesse processo. — Muitas vezes, o paciente chega frustrado e inseguro. É fundamental explicar que nem todo resultado insatisfatório é culpa do cirurgião anterior. Às vezes, o organismo reagiu de forma inesperada. E, acima de tudo, mostrar que é possível sim alcançar um bom desfecho em uma segunda tentativa — diz.
O preparo cirúrgico envolve duas etapas principais: uma primeira consulta, que pode ser remota, para entender o histórico e alinhar expectativas, e outra presencial, próxima ao procedimento, para avaliação detalhada e planejamento técnico. — Essas etapas são essenciais para estabelecer confiança mútua e garantir que médico e paciente estejam alinhados — observa.
Já o pós-operatório da rinoplastia revisional tende a ser semelhante ao da primeira cirurgia. A recuperação varia entre 3 e 15 dias, dependendo da complexidade. Em casos mais exigentes, pode ser necessário o uso de terapias complementares, como oxigenoterapia hiperbárica ou antibióticos adicionais, embora sejam exceções.
Para o Dr. Marco, a rinoplastia revisional é muito mais do que uma correção estética. — É uma oportunidade de devolver ao paciente a autoestima, o bem-estar e a tranquilidade ao se olhar no espelho. Envolve não apenas técnica, mas sensibilidade e escuta ativa. Cada caso é único e merece atenção individualizada — finaliza.