“Adolescência” se tornou a série mais vista na Netflix em 71 países, entre eles o Brasil. O suspense britânico em quatro episódios foca no assassinato de uma estudante do ensino médio supostamente pelas mãos de um colega de classe de 13 anos. Parte da tensão da série que cativou os telespectadores vem do fato dela ser filmada em plano-sequência, quando não há cortes entre as cenas.
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O formato é atípico e exige precisão na filmagem de cada cena. Assim como o filme “1917”, sobre soldados na linha de frente da Primeira Guerra Mundial, a série dirigida por Philip Barantini busca cativar os espectadores com uma experiência imersiva.
Barantini destaca que gravar em plano-sequência significa apertar o botão de gravação e não parar até o final. Este método requer meses de preparação, uma equipe técnica experiente e um estudo cuidadoso de cada ângulo da câmera. Jack Thorne, um dos criadores e roteiristas, explicou como foi feita uma cena específica foi feita.
Muita da colaboração na série foi técnica, mas o surpreendente foi que usamos a técnica para sermos mais livres”, disse Thorne. “Quando escrevi essa sequência de perseguição, ela levava Bascombe e o garoto perto do local do assassinato e a câmera voltaria sozinha para a escola. Esse momento traria uma sensação de videogame, caminhando pela rua.”
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Mas o diretor de fotografia, Matthew Lewis, temia que essa opção pudesse “afastar o público do que a cena significa”. E então ele sugeriu uma solução: fazer a câmera voar. “Se a câmera pudesse voar sozinha, então não estaria presa a uma pessoa”, explica ele no vídeo. “A sensação seria mais etérea.”
“Então você está com Bascombe enquanto ele encontra uma espécie de sentido. E está com Jade, com o coração destroçado, e com todas essas crianças enquanto elas usam seus celulares. Mas aí a câmera decola e segue em direção ao local do crime”, diz Thorne. Foi um exemplo da parte técnica se encontrando com o roteiro e criando uma fusão melhor do que qualquer coisa que a história pudesse ter criado sozinha.
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A minissérie, coproduzida por Brad Pitt, conta a história de Jamie Miller, que é acusado de assassinar uma colega de escola. Ao longo da história, as câmeras também seguem o detetive Luke Bascombe, encarregado de reunir evidências para determinar o verdadeiro culpado, e a família de Jamie.
Stephen Graham, criador e astro da produção no papel do pai de Jamie, disse ao canal de mídia da Netflix, o Tudum, que o suspense não é baseado em uma história real, embora tenha sido inspirado em vários eventos ocorridos na Inglaterra e no Reino Unido.
“Poderíamos ter feito um drama sobre gangues e crimes com facas, ou sobre uma criança cuja mãe é alcoólatra ou cujo pai é um abusador violento. Em vez disso, queríamos que o público visse essa família e pensasse: ‘Meu Deus! Isso pode acontecer conosco!’ O que acontece aqui é o pior pesadelo de uma família comum”, descreveu Graham.
Além do enredo, que tenta se assemelhar à vida de uma família de classe média inglesa, seu sucesso também está na forma como foi filmado. Nenhum detalhe foi deixado ao acaso, como Graham explicou mais tarde em uma entrevista à Radio Times. Até mesmo os materiais escolares e a decoração do quarto de Jaime foram selecionados cuidadosamente.
Segundo ele, “Adolescência” surgiu da necessidade de refletir sobre como os jovens vivem hoje, o que os aflige e como enfrentam os desafios da vida num mundo marcado pelas mídias sociais.
O elenco da minissérie traz Owen Cooper como Jamie Miller; Stephen Graham como Eddie Miller; Ashley Walters, Erin Doherty e Faye Marsay, entre outros.
