A carta apócrifa com desenho de um pênis com asas enviada por um diplomata a outro colega de Itamaraty suscitou manifestações da categoria. Dois sindicatos que representam funcionário do ministério das Relações Exteriores trataram o caso como assédio.
A Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB) lamentou o que chamou de “mais um caso de assédio no Itamaraty” e solidarizou à vítima, o diplomata Cristiano Ebner, chefe da Divisão de Saúde e Segurança do Servidor (DSS).
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Em nota, cobrou “a urgente necessidade de aprimoramento do sistema correcional do Ministério das Relações Exteriores” e afirmou que o enfrentamento ao assédio “requer compromisso absoluto do Ministério das Relações Exteriores, de suas chefias políticas e administrativas, e de cada servidor e cada servidora”.
“É preciso colocar fim a práticas administrativas que favorecem o personalismo e assim asseguram sobrevida a uma cultura organizacional historicamente tolerante ao assédio. A reforma da carreira diplomática, e de todo o serviço exterior brasileiro é, portanto, inadiável”, destacou a ADB.
O Sindicato Nacional dos Servidores do MRE (Sinditamaraty) publicou em seu perfil nas redes sociais que “assédio não é brincadeira, é violência”. No post, afirmou que o envio do desenho “evidencia os riscos de uma cultura perversa e a falsa sensação de impunidade, que não são mais toleráveis em um Estado democrático de direito”.
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O posicionamento convocou servidores a “se unir contra qualquer forma de assédio, violência ou desrespeito no trabalho que constitui pilar fundamental à modernização da cultura institucional do MRE do presente e do futuro”.
Como mostrou a coluna, o diplomata Pablo Cardoso, então ministro-conselheiro do Brasil junto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), enviou uma correspondência fictícia, com um desenho de um pênis com asas (que seria um “passaralho”) a Cristiano Ebner, em Brasília. A autoria só foi descoberta dois meses depois, quando Pablo ligou para admitir ter sido o responsável e se desculpar.
Àquela altura, a Polícia Federal já tinha aberto um inquérito, e o caso também era apurado pela Corregedoria. A investigação acabou arquivada, apesar de a PF concluir que houve crime de ameaça.