O governo do México apresentou hoje uma proposta enviada ao Congresso para elevar suas tarifas de importação de produtos de vários países.
É uma tentativa de proteger setores estratégicos de sua indústria, principalmente da concorrência de produtos chineses, sobretaxados nos Estados Unidos, e que podem ser desviados para o mercado mexicano no momento em que o país também enfrenta tarifas americanas para seus produtos.
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As tarifas propostas pelo governo de Claudia Sheinbaum chegam a até 50%, e os produtos chineses estão no alvo, inclusive por pressão dos EUA. O governo de esquerda da presidente conta com ampla maioria no Congresso bicameral para aprovar a proposta.
A Secretaria de Economia (equivalente ao Ministério da Fazenda) do México divulgou hoje um projeto de lei apresentado ao Congresso, que mira países com os quais o México não tem acordos comerciais e chega em meio a pressões comerciais dos Estados Unidos.
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Segundo a proposta, os carros leves teriam de pagar uma alíquota de 50%, ante a faixa atual de 15% a 20%. A China, que segundo o governo é o maior exportador para o México sem acordo comercial, seria fortemente afetada, especialmente o setor automotivo.
As vendas de montadoras chinesas ao país cresceram quase 10% em 2024. Segundo dados da indústria mexicana, as fabricantes da China passaram de praticamente não exportar nenhum carro há uma década a ocupar 30% do mercado de veículos leves no ano passado.
Além do gigante asiático, o projeto prevê tarifas sobre produtos da Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Rússia, Tailândia e Turquia, que também não têm acordos comerciais com o México.
Outros setores impactados seriam o têxtil e o de vestuário, cujas taxas poderiam chegar a 50%, o que pode afetar as grandes marcas chinesas que vendem pela internet. Os impostos do setor siderúrgico passarão da faixa atual de 0% a 50% para entre 20% e 50%, de acordo com o projeto.
Se a proposta for aprovada pelo Legislativo, terá impacto em “US$ 52 bilhões em importações” e abrangerá “8,6% do total das importações nacionais”, explicou a Secretaria de Economia no documento.
A iniciativa vem depois de a presidente Claudia Sheinbaum receber, há uma semana, em visita oficial, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, com quem conversou sobre segurança, combate ao narcotráfico e comércio.
Em meio às exigências do presidente dos EUA, Donald Trump, para que seus parceiros comerciais elevem as tarifas contra a China, a mandatária mexicana já havia adiantado novas taxas para países com os quais não há acordos comerciais.
O aumento das tarifas busca “proteger a indústria nacional em setores estratégicos, substituir importações da Ásia por produção nacional” e “melhorar a balança comercial do México”, detalha o projeto divulgado pela Secretaria de Economia, que prevê a preservação de 325 mil empregos que estão em risco em indústrias estratégicas.
A pasta assegurou ainda que essas tarifas se mantêm dentro do limite máximo estabelecido pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e que os produtos foram selecionados de forma a não gerar pressões inflacionárias.
No território mexicano estão instaladas gigantes do setor automotivo, como as americanas General Motors e Ford, a alemã Volkswagen e as japonesas Nissan, Honda e Toyota.