A atriz Sthefany Brito compartilhou, pela primeira vez, que enfrentou um quadro de depressão pós-parto após o nascimento do filho Enrico, em novembro de 2020. Apesar de ter realizado o sonho da maternidade, ela revelou ter passado por momentos de profunda tristeza e descontrole emocional.
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“Me vi chorando sem parar”, desabafou. “Eu me considerava uma pessoa muito prática. E, quando me vi triste, chorando o dia inteiro, eu pensava: ‘O que é isso? Eu não sou assim’. Parecia que eu estava perdendo tempo sentindo aquilo tudo. Pela primeira vez na vida, eu parei e falei: ‘Eu preciso respirar, eu preciso sentir’. E foi muita terapia”, contou no programa “Conversas Maternas”.
O relato sincero de Sthefany escancara o contraste entre a idealização da maternidade e os desafios emocionais que muitas mulheres enfrentam no pós-parto. Para o psicólogo Alexander Bez, especialista em saúde mental, a depressão pós-parto é mais comum do que se imagina e precisa ser tratada com seriedade.
— A depressão pós-parto é uma condição clínica, um subtipo da depressão, tão cruel quanto qualquer outra forma da doença. A grande particularidade é o momento em que ela se manifesta: logo após o nascimento da criança. Muitas vezes, isso acontece em mulheres que tiveram uma gestação tranquila, sem histórico familiar de transtornos mentais e que se consideram realizadas pessoal e profissionalmente. Isso causa estranhamento, pois não há um ‘perfil’ específico para que a doença apareça — explica.
Dr. Alexander destaca que o nascimento de um bebê é um evento profundamente transformador, acompanhado de alterações hormonais que impactam diretamente a química cerebral. — Essas mudanças podem provocar sintomas como tristeza persistente, solidão, irritabilidade, culpa, distúrbios no sono e apetite, além de sentimentos ambíguos em relação ao bebê — pontua.
O psicólogo também diferencia o chamado baby blues, que afeta até 18% das mulheres e costuma desaparecer espontaneamente em alguns dias, da depressão pós-parto, que pode atingir cerca de 25% das mães e durar um ano ou mais.
— O tratamento envolve psicoterapia e, em muitos casos, o uso de antidepressivos e ansiolíticos. A recuperação tende a ser gradual, pois o cérebro precisa de tempo para restabelecer o equilíbrio químico. Além disso, mulheres que já passaram por esse quadro podem ter recorrência em futuras gestações — alerta.
O especialista reforça que, quando não tratada, a condição pode representar riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. — A depressão pós-parto pode comprometer a capacidade de cuidado e vínculo afetivo. Por isso, deve ser reconhecida como uma doença grave, que exige acolhimento, apoio e tratamento especializado — afirma.