As pancadas de chuva registradas na manhã desta sexta-feira no Rio causaram transtornos para os passageiros de ônibus no município. O pinga-pinga dentro dos coletivos, um problema recorrente em dias de chuva, fez com que muitos cariocas se sentissem como se estivessem “debaixo d’água” no transporte público.
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No bairro da Taquara, na Zona Oeste do Rio, passageiros registraram, por volta das 6h, as condições precárias de um ônibus da linha 341, que faz o trajeto Candelária (Centro) – Taquara (Praça Figueira). Com assentos encharcados, o veículo operava com a chuva entrando livremente. A água escorria pelo chão.
Chove dentro de ônibus na Taquara
Por volta das 9h, outro ônibus também apresentava as mesmas condições. A linha 415, que liga a Usina, na Zona Norte, ao Leblon, na Zona Sul, estava com praticamente todos os bancos próximos às janelas completamente molhados, atrapalhando os passageiros.
Em uma postagem na rede social X, um internauta comentou sobre as condições do ônibus que pegou na manhã desta sexta-feira e cobrou respostas da prefeitura: “Chove lá fora e aqui no ônibus também.
Em nota, a Rio Ônibus disse que os veículos com problemas de manutenção serão “identificados e recolhidos para revisão e reparos.
A Secretaria Municipal de Transportes do Rio (SMTR) ainda não respondeu que medidas serão tomadas para garantir o bem-estar dos passageiros.
Para a cidade do Rio, a prefeitura anunciou um “plano de prevenção”, válido até domingo (6), incluindo a ampliação do efetivo da Secretaria municipal de Conservação, para atuar na desobstrução de galerias pluviais e auxiliar no escoamento da água, onde for necessário. Serão aproximadamente 100 trabalhadores de prontidão para atender emergências, com 50 caminhões e 25 retroescavadeiras à disposição.
“A Secretaria de Conservação mapeou cerca de 270 ralos, que por diversos motivos, apresentaram dificuldade extra na limpeza. Desde março, os locais foram vistoriados e a desobstrução está sendo intensificada. Além disso, a secretaria atuou nos pontos que apresentaram bolsões d’água nas chuvas mais recentes, efetuando um trabalho de prevenção reforçado”, informa a prefeitura.
Ainda no município, equipes da Comlurb — para remover árvores, assim como remover resíduos das caixas de ralos — e da Guarda Municipal, que poderão bloquear vias em caso de bolsões d’água e quedas de árvore, por exemplo, também estão mobilizadas para atuar em casos de emergência.
Em Nova Iguaçu, por exemplo, as aulas presenciais (nos turnos da tarde e noite) desta sexta-feira foram suspensas na rede municipal e educação, informa a prefeitura. Já pela manhã, as aulas ocorrerão normalmente. “A medida visa garantir a segurança da população, evitando que menos pessoas circulem pelas ruas”, observa o município.
Equipes mobilizadas para prestar assistência na Região Serrana
O Governo do Estado informou que, após uma reunião com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) na última quarta-feira, todos os municípios foram alertados sobre a possibilidade de chuvas intensas e receberam informes meteorológicos com orientações específicas.
A Secretaria de Estado de Defesa Civil (SEDEC-RJ), por meio do Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden-RJ), realizará o monitoramento contínuo das condições climáticas e emite alertas preventivos.
Além disso, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) também estará a postos para atender possíveis ocorrências, contando com viaturas de salvamento e resgate, embarcações, aeronaves, drones e equipes especializadas. Caso necessário, todas as unidades escolares da rede estadual poderão funcionar como pontos de apoio à população.
A Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos terá uma logística de insumos para atender emergências, disponibilizando cestas básicas, kits de higiene e limpeza, água e colchonetes. Equipes e caminhões já foram mobilizados para prestar assistência à Região Serrana.
O governo estadual informou que o Sistema de Alerta e Alarme conta com 202 sirenes e 70 pluviômetros instalados em áreas de risco. A população pode se cadastrar gratuitamente para receber alertas por SMS enviando uma mensagem para o número 40199.
Já a prefeitura do Rio conta com 164 sirenes, distribuídas em 103 comunidades da capital. Equipes da Defesa Civil municipal irão atuar caso alguma sirene seja acionada, dando suporte à população. Ao todo, há cerca de 200 pontos de apoio para onde essas pessoas podem se dirigir, normalmente instalados em igrejas e escolas.
Para ações emergenciais, a Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas disponibilizou maquinário pesado, como retroescavadeiras e caminhões, para a desobstrução de vias e demais atendimentos. Além disso, o programa Limpa Rio, que atua preventivamente na limpeza de rios, canais e lagoas, já removeu mais de 8,5 milhões de metros cúbicos de resíduos em todo o estado.
Capital terá fortes chuvas
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Segundo a Climatempo, as áreas mais afetadas serão a parte sul da Serra Fluminense, como os municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Os acumulados de chuva devem variar entre 250mm e 350mm. No entanto, a capital também terá fortes chuvas.
A cidade do Rio de Janeiro e os trechos ao norte, que inclui cidades como Campos dos Goytacazes, São Fidélis e Macaé, devem registrar acumulados entre 150 mm e 250 mm de chuva entre sexta-feira e domingo.
Já no Sudoeste do estado, na divisa com Minas Gerais e São Paulo, os acumulados de chuva devem ser menores, mas ainda elevados, variando entre 100mm e 150mm ao longo dos próximos dias.
Segundo Thiago Sousa, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a chuva começará com mais intensidade entre a tarde e a noite desta sexta-feira, estendendo-se pela madrugada de sábado. A interação da umidade vinda do oceano com o relevo da serra deve potencializar o risco de acumulados elevados em um curto espaço de tempo, tornando a situação “ainda mais preocupante.
— Ainda há incertezas quanto ao horário exato de início e à distribuição final dos maiores acumulados de chuva, mas a tendência será monitorada rodada a rodada pelos modelos meteorológicos. A população dessas regiões deve ficar atenta às atualizações e alerta das autoridades, especialmente em áreas vulneráveis a deslizamentos e enchentes — alertou o metorologista.
Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a sexta-feira será marcada por pancadas isoladas de chuva moderada a muito forte, acompanhadas de raios e rajadas de vento, com intensificação durante a noite.
No sábado, são esperadas pancadas moderadas a muito fortes, com descargas atmosféricas e rajadas de vento nas regiões Serrana, Norte e Noroeste, enquanto o restante do estado terá chuva moderada, ocasionalmente forte e constante.
Já no domingo, a previsão indica chuva fraca a moderada ao longo do dia em todo o estado.
Os ventos também ficarão intensos. A Climatempo prevê que, na sexta-feira, as fortes rajadas acontecerão durante os temporais, com rajadas previstas de 60 a 80 km/h. No sábado, venta ao longo de todo o dia com algumas rajadas alcançando de 50 a 70 km/h. Há condições para queda de galhos, árvores e estruturas metálicas.
A empresa também ressalta que o mar ficará agitado, com ondas que podem alcançar os 3 metros de altura durante o sábado e domingo.
Segundo a empresa, a virada do tempo pode provocar eventos que se assemelham a outros que aconteceram em Petrópolis, Teresópolis, Angra dos Reis e Paraty nos últimos anos.