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Trump afirma que a guerra em Gaza terminou. Já é possível dizer isso? Entenda

BRCOM by BRCOM
outubro 13, 2025
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Trump é ovacionado de pé no Parlamento de Israel

No longo discurso no Parlamento de Israel, feito no mesmo dia em que reféns israelenses e prisioneiros palestinos começavam a voltar para suas casas, o presidente dos EUA, Donald Trump afirmou que a guerra na Faixa de Gaza chegou ao fim com o acordo firmado na semana passada entre israelenses e o grupo Hamas. O republicano, inclusive, já começa a pensar no pós-guerra, como a expansão dos chamados Acordos de Abraão. Apesar de permitir o cessar-fogo, o retorno dos reféns e a entrada de ajuda humanitária, o texto era apenas a primeira parte do plano, e há pontos em aberto que exigirão muito dos negociadores antes que a “Pax Trumpiana” possa ser declarada.

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O primeiro desafio é garantir o cumprimento do cessar-fogo. Netanyahu, como Trump, afirmou que a guerra chegou ao fim após dois anos, mas o cronograma para a retirada completa das tropas israelenses ainda não foi acertado. Algumas unidades foram realocadas para posições ainda dentro do enclave, e o comando militar deixou claro que elas atuarão para “remover qualquer ameaça imediata” se necessário. Mesmo que todas as etapas do plano sejam cumpridas, haverá forças de Israel em “zonas tampão” dentro de Gaza, algo previsto pelo texto da Casa Branca, deixando no ar a possibilidade de enfrentamentos pontuais e acusações mútuas de violação do plano, como ocorreu em outros acertos de cessar-fogo desde 2023.

Trump é ovacionado de pé no Parlamento de Israel

Pelo lado do Hamas, a proposta estabelece seu desarmamento total. O grupo rejeita a ideia de abandonar todas suas armas, mas se disse aberto a uma saída alternativa, que permita aos seus membros a posse de armas leves, como pistolas e alguns rifles, para autodefesa, citando questões de segurança interna. O grupo mobilizou sete mil homens para áreas desocupadas por Israel, e houve confrontos com rivais na Cidade de Gaza nos últimos dias.

— Vimos neste fim de semana episódios de violência entre o Hamas e grupos palestinos rivais, então é necessário se pensar em como garantir a segurança na Faixa de Gaza, e isso não está claro ainda — disse ao GLOBO Paulo Velasco, professor de Relações Internacionais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). — Se fala muito vagamente de uma força internacional que treinará policiais palestinos. Mas até lá, podemos ter uma espiral de violência, o Hamas tem inimigos que entendem agora é momento de agir.

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Um dos objetivos de Netanyahu era a destruição do Hamas, e não está claro se Israel aceitará uma solução intermediária para a questão das armas. Mas como aponta Danilo Porfirio, doutor em Ciências Sociais e especialista em Oriente Médio, o grupo está em posição de fragilidade, e não conseguirá exigir muito à mesa.

— O Hamas está emparedado, e seus principais apoiadores receberam o recado de que não existe mais condição de igualdade no processo de negociação. Ou o Hamas se rende, com a entrega das armas e dos prisioneiros, ou do contrário as consequências serão terríveis — afirmou ao GLOBO Danilo Porfirio, doutor em Ciências Sociais e especialista em Oriente Médio. — Ao mesmo tempo, essa situação também empareda Israel. Qualquer ação israelense sem o aval dos americanos gerará um problema de isolamento não só de Israel, mas do governo de Israel.

O plano prevê a entrega de todos os reféns — vivos ou mortos — para Israel. O Hamas admitiu que não sabe a localização dos restos mortais dos que morreram nos últimos dois anos, e negociadores afirmaram que os israelenses sabiam disso quando assinaram o plano.

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Mas nesta segunda-feira, o ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou que se o grupo atrasar deliberadamente a entrega dos corpos, isso será considerado uma violação do acordo.

“O anúncio do Hamas sobre o retorno esperado de quatro corpos hoje é um fracasso no cumprimento de compromissos”, escreveu Katz no X. “Qualquer atraso ou omissão intencional será considerado uma violação flagrante do acordo e será respondido adequadamente.”

Veja imagens dos encontros emocionantes de reféns israelenses com a família

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O futuro imediato de Gaza também está em aberto. O plano prevê uma administração temporária composta por palestinos “notáveis”, sem a presença do Hamas e, ao menos inicialmente, sem a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que controla parcialmente a Cisjordânia. Esse governo será supervisionado por um novo órgão internacional, comandado pelo próprio líder americano. Contudo, a ANP se diz pronta para trabalhar imediatamente em Gaza, e disposta a realizar reformas internas: a autoridade, criada nos anos 1990, é acusada de corrupção, ineficiência e é extremamente impopular entre os palestinos. Seu presidente, Mahmoud Abbas, está no cargo desde 2005, e tem adiado eleições para sua sucessão, o que minou sua legitimidade. Israel rejeita a ideia de um governo em Gaza comandado pela ANP.

— A Autoridade Nacional Palestina precisa ser reformulada, reestruturada, saneada, e isso faz parte do programa americano. É a partir desse modelo que se criará um plano de gestão autônoma dos territórios palestinos — disse Porfírio. — Isso está claro no projeto de Trump como uma condição para o apoio do governo israelense.

Um ponto pouco mencionado desde a semana passada é a resistência interna em Israel, vinda de um setor que ajudou Netanyahu a permanecer no poder: a extrema direita. Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional, disse ao principal negociador da Casa Branca, Steve Witkoff, que fechar um acordo com o Hamas seria o mesmo que negociar com Adolf Hitler. Bezalel Smotrich, ministro das Finanças e contrário ao plano, disse que Israel deveria “erradicar o Hamas” assim que o último refém saísse do enclave. Embora não seja citada no plano, a Cisjordânia é outro tema de dissonância. Netanyahu, apoiado por parte do establishment político local, defende a anexação total do território palestino, mas Trump disse que não permitirá que isso aconteça.

— Acho que Israel tem tem pouca margem no trato com o Trump. le conseguiu impor um acordo que Netanyahu não queria, em um momento que não interessava a Netanyahu — opina Velasco. —Netanyahu entendia que ainda podia avançar mais, que podia levar a guerra às últimas consequências, mas precisou engolir um acerto imposto por Trump.

Militares israelenses vigiam corredor na Cisjordânia conhecido como E1, onde Israel quer construir novos assentamentos judaicos — Foto: Menahem Kahana / AFP
Militares israelenses vigiam corredor na Cisjordânia conhecido como E1, onde Israel quer construir novos assentamentos judaicos — Foto: Menahem Kahana / AFP

Hoje, 157 países reconhecem o Estado palestino, incluindo membros do G7, o clube das sete principais economias industrializadas do planeta. A lista não inclui os EUA ou muito menos Israel. Netanyahu repete que jamais permitirá que a ideia se concretize, e Trump disse que o reconhecimento é um “prêmio” ao Hamas. O plano firmado na semana passada não prevê especificamente um Estado, mas deixa ao menos uma fresta aberta. O caminho, contudo, é complexo. Pesquisas mostram que a maioria dos israelenses é contra a solução de Dois Estados, e a perda de legitimidade da ANP é citada até pelos palestinos. Neste caso, a pressão dos árabes e do Ocidente pode ser crucial para ao menos iniciar negociações, mas hoje eles dependem também da vontade de Trump.

— Foi importante hoje (segunda-feira) ver na cúpula da paz [no Egito], lideranças importantes, da França, de países árabes, do Reino Unido. Mas essa perspectiva de uma solução de Dois Estados seria a única chance de uma paz duradoura. Trump falou de uma paz eterna e duradoura, mas isso só acontecerá através da solução de Dois Estados — afirma Velasco. — E isso depende se Israel em algum momento vai ser dispor a apoiar a criação do Estado de Israel. E não parece ser o caso.

Se algo ficou claro na fala de Trump (e na de Netanyahu), foi o desejo de expandir os chamados Acordos de Abraão o quanto antes. Firmados em 2020 e 2021, os acordos normalizaram as relações entre Israel e quatro países árabes: Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos. Para a Casa Branca, o sonho é trazer os sauditas para o grupo, o que aumentaria a legitimidade regional de Israel e isolaria ainda mais o Irã. Contudo, seja em Riad, seja em Doha — outro alvo de Trump —, o sentimento é de que esse é um passo que não poderá ser dado rapidamente e sem compromissos sobre o futuro dos palestinos, mesmo que não incluam um Estado independente a curto prazo.

— O que Trump quer é retornar à situação de 2017, 2018: aproximar Israel dos países do Golfo, dos países árabes sunitas, no intuito de restabelecer o grande projeto de uma “Rota da Seda Ocidental” em competição com a China — afirma Porfírio. — Talvez não tenhamos necessariamente a criação de um Estado palestino, mas talvez o reestruturação e fortalecimento da Autoridade Nacional Palestina.

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