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Trump eleva pressão financeira sobre universidades e ameaça liberdade acadêmica

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abril 2, 2025
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Maiores fundos patrimoniais de universidades nos EUA — Foto: Editoria de Arte

Em julho de 2023, quando ainda era pré-candidato a mais um mandato na Casa Branca e enfrentava até então sérios problemas com a Justiça, Donald Trump prometia, em discurso, “recuperar as nossas outrora grandes instituições educacionais da esquerda radical”, além de investigar as universidades por “discriminação racial” caso eleito.

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As urnas lhe deram mais um mandato e, tal como prometera, o republicano aplica uma política de “pressão máxima” contra as universidades, que alia inquéritos por discriminação e antissemitismo contra cerca de 100 instituições a cortes de verbas. Algumas cederam à pressão e outras devem seguir o mesmo caminho, mas a ofensiva — que na segunda-feira mirou Harvard, a mais prestigiosa universidade americana — pode estar só no começo.

O caso mais emblemático é o da Universidade Columbia, palco de protestos contra a guerra em Gaza, um movimento que gerou críticas de democratas e republicanos. A universidade está sob investigação por supostamente ter permitido atos de antissemitismo, e no começo do mês passado o governo federal suspendeu US$ 400 milhões (R$ 2,27 bilhões) em verbas.

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Dias depois, a Universidade Johns Hopkins, um dos principais centros de pesquisa científica do país, perdeu US$ 800 milhões (R$ 4,54 bilhões). Harvard, a universidade mais rica do mundo, pode ser a nova vítima: na segunda-feira, a Casa Branca anunciou uma revisão de mais de US$ 9 bilhões (R$ 51 bilhões) em contratos e financiamentos, acusando a instituição de não proteger seus estudantes judeus e de promover “ideologias divisórias através da livre pesquisa”.

Segundo análise feita pela agência Associated Press, as 100 universidades investigadas por ordem de Trump receberam US$ 33 bilhões (R$ 187 bilhões) em verbas federais entre 2022 e 2023. Em média, o dinheiro corresponde a 13% de seus orçamentos, mas em alguns casos o percentual é bem maior: Johns Hopkins, por exemplo, recebeu US$ 4 bilhões (R$ 22,7 bilhões) em financiamentos federais, quase 40% de seu orçamento.

Columbia, alvo da ofensiva trumpista, recebeu US$ 1,2 bilhão (R$ 6,82 bilhões) entre 2022 e 2023, um quinto de seu orçamento. Ao analisar o impacto do corte de US$ 400 milhões, a opção foi ceder às exigências. No final do mês passado, a universidade anunciou medidas que incluem o banimento de máscaras, a presença de agentes com poder de prisão e a supervisão externa do Departamento de Estudos do Oriente Médio.

— As universidades americanas estão entre as melhores do mundo, e há muitas razões para isso, como a quantidade de recursos, mas entra também a questão da liberdade de expressão, do ambiente político — afirmou ao GLOBO Mauricio Santoro, colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha. — Mas existem muitas coisas preocupantes acontecendo. Alguns temas se tornaram muito difíceis, muito espinhosos no contexto do governo Trump. Questões envolvendo alguns aspectos de direitos humanos, discriminação racial, identidade de gênero, como também toda a questão dos conflitos no Oriente Médio, por exemplo.

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Na terça-feira, a Universidade Princeton, investigada por supostos atos de antissemitismo, anunciou um corte em verbas federais de pesquisas.

— Os pesquisadores já entenderam que alguns temas são perigosos, mas ninguém sabe mais até que ponto é seguro avançar — afirmou Santoro, referindo-se ao cancelamento de pesquisas sobre temas como direitos humanos e até as relações com países como a China.

A forma como Columbia, um dos principais centros de excelência dos EUA, cedeu às vontades de Trump também foi recebida com certo espanto pela comunidade acadêmica. Contudo, como aponta Tanguy Baghdadi, professor de Relações Internacionais e criador do podcast Petit Journal, o passo atrás pode ser uma forma de proteção para os próximos anos de Trump no poder, que não devem ser simples.

— Essas universidades já entenderam que o confronto com Trump é tudo que ele quer. É algo que vai pôr essas universidades na alça de mira e pode levar doadores, por exemplo, a cortarem doações por medo do que pode acontecer — explicou ao GLOBO. — Se o governo começa a se tornar um inimigo, o problema para sua universidade pode ser realmente muito grande.

Mas o recuo também traz riscos. Uma concessão como a feita por Columbia e seguida por outras instituições pode ser vista como caminho aberto a demandas maiores. Desde a posse de Trump, estudos de gênero e questões climáticas, por exemplo, tiveram verbas suspensas, e até conteúdos sobre minorias foram apagados de sites de agências e órgãos federais.

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Alguns alegam que as universidades têm meios para fazer frente a Trump. Em artigo no New York Times, o economista Charlie Eaton cita os bilionários fundos patrimoniais, especialmente das instituições de elite, como Columbia e Harvard, e garante que elas podem usá-los para compensar as perdas de verbas.

— Elas têm condição, mas a questão é por quanto tempo estariam dispostas a suportar esse nível de pressão — questiona Baghdadi. — Me parece que esse é o cálculo que Columbia está fazendo e levando em consideração que ficar bem com o governo federal é algo que pode trazer um certo alívio no futuro.

Segundo estudo da Associação Nacional de Executivos de Universidades e da gestora de ativos Commonfund, 658 instituições nos EUA têm, juntas, US$ 873,7 bilhões (R$ 4,96 trilhões) em fundos.

Maiores fundos patrimoniais de universidades nos EUA — Foto: Editoria de Arte

Os fundos são usados para o pagamento de despesas correntes, como salários, e para o financiamento de atividades acadêmicas e pesquisas, e podem ajudar a equilibrar as finanças em momentos de crise. Embora Eaton aponte caminhos para o uso desse dinheiro, especialistas apontam que o montante disponível é apenas uma fração do total.

— A maior parte desse dinheiro foi colocada para um propósito específico — disse à NBC Scott Bok, ex-reitor da Universidade da Pensilvânia. — As universidades não têm a capacidade de abrir o cofrinho e simplesmente pegar o dinheiro como quiserem.

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Além disso, o governo Trump mantém as universidades contra a parede com a ameaça de aumentar a taxação dos fundos, que até 2017, no primeiro mandato do republicano, eram praticamente isentos. Naquele ano, universidades com mais de 500 estudantes e fundos patrimoniais de mais de US$ 500 mil (R$ 2,84 milhões) por estudante passaram a pagar 1,4% de imposto — em 2023, 56 instituições entraram na categoria. Agora, deputados republicanos querem elevar o imposto para 21%, o aplicado a empresas e corporações. Com menos verbas e mais impostos, o impacto acadêmico seria inevitável.

Algumas instituições, no entanto, parecem estar se preparando para a guerra. A presidente da Universidade Brown, Christina Paxson, divulgou uma carta aberta no dia 20 de março em que se posiciona sobre “a enormidade do que está em jogo para Brown e outras instituições”. Definindo as liberdades acadêmica e de expressão como “princípios fundacionais”, ela disse que diante de ameaças a qualquer uma delas, a instituição “seria compelida a exercer nossos direitos legais para defender essas liberdades”.

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