Bandidos armados invadiram a Unidade de Pronto Atendimento de Costa Barros, na Zona Norte do Rio, na madrugada desta terça-feira (30), coagiram profissionais de saúde e agrediram dois pacientes, que ainda foram sequestrados pelo criminosos e liberados em seguida. Tudo ocorreu pouco antes das 6h. A suspeita é que os homens estavam em busca de rivais feridos e confundiram as vítimas. A unidade foi interditada nesta tarde e não tem previsão de reabertura. Os onze pacientes que estavam internados foram transferidos para o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari.
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Traficantes invadem e sequestram pacientes em UPA de Costa Barros
Vídeos dão a dimensão do clima de tensão que se instalou no local. É possível ouvir a voz de um dos bandidos ameaçando um dos pacientes:
“Vai morrer. De que lugar do Chapadão (você é)? Tu foi baleado como?”
O paciente, então, responde:
“Eu tô passando mal. Eu sou trabalhador”.
Uma profissional de saúde intervém:
“Não tem baleado aqui não, amigo. Respeita os profissionais, por favor. Eu trabalho aqui há quase dez anos. Ele apontou a arma na minha cara. Não tem condições não”.
Uma outra profissional aparece debaixo de uma mesa, chorando.
Após as ameaças, os criminosos levaram à força os dois pacientes. De acordo com informações preliminares, eles foram liberados, voltaram à unidade, foram medicados, receberam curativo e deixaram a unidade à revelia, antes de receber alta médica.
— Os profissionais estão em pânico e se recusam a voltar a trabalhar. Eles estão com muito medo do que tem acontecido na região. É um constrangimento intenso. Hoje de manhã, além de entrarem fortemente armados e sequestrarem duas pessoas de dentro da UPA, eles sequestraram uma ambulância da unidade com o motorista e colocaram dentro o corpo de uma pessoa que havia sido assassinada, para que o corpo fosse levado para a unidade — afirma o secretária municipal de Saúde, Daniel Soranz. — É uma situação muito grave. E não é um caso isolado. Essa UPA, com menos de um mês, recebeu um corpo com uma granada e, na semana passada, o carro de uma médica foi alvejado por balas na porta da unidade.
A Polícia Militar informou que o 41º BPM (Irajá) não foi acionada para o caso e que tomou conhecimento dos fatos somente após a veiculação pela imprensa. Em seguida, diz, o policiamento foi reforçado na região.
A Polícia Civil, por sua vez, disse que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada para uma ocorrência em que uma ambulância foi tomada por criminosos que colocaram nela um bandido baleado para ser levado à unidade de saúde. Ele chegou já em óbito. Afirma que diligências estão em andamento para apurar as circunstâncias da morte, bem como o uso irregular da ambulância.
Já a respeito de uma suposta invasão na unidade, o delegado Jorge de Albuquerque Maranhão, titular da 39ª DP (Pavuna), disse que um representante da Secretaria municipal de Saúde comunicou o fato, mas que nenhum funcionário que presenciou o caso compareceu à delegacia.
— Estamos intimando os funcionários do Posto de Saúde para melhor esclarecer os fatos — afirmou.
No último dia 23, o carro de uma médica que trabalha na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Costa Barros foi atingido por vários disparos durante uma da Polícia Militar no Complexo da Pedreira. O veículo estava estacionado na frente da unidade. A profissional estava atendendo um paciente grave na sala vermelha no momento, e não foi atingida pelos disparos.
A invasão de homens armados à UPA de Costa Barros ocorre menos de duas semanas após bandidos armados com pistolas e fuzis invadirem o Hospital municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, no último dia 18. Oito homens, que seriam ligados a uma milícia e estavam encapuzados, renderam os seguranças às 2h40 e foram direto para o centro cirúrgico, no segundo andar. A ação tinha objetivo de encontrar Lucas Fernandes de Sousa, de 31 anos, que sofreu uma tentativa de homicídio e estava sendo operado na unidade de saúde. De acordo com informações da polícia, o grupo buscava matar o paciente. O homem, no entanto, já havia sido levado para a enfermaria e não foi localizado pelos paramilitares. A Polícia Militar realiza uma operação na comunidade do Gouveia, também na Zona Oeste, em busca dos envolvidos do crime.