Mais de 1,4 milhão de residências ficaram sem eletricidade em Porto Rico após a paralisação inesperada de todas as usinas de geração de energia da ilha, nesta quarta-feira. Segundo o responsável pela gestão de energia do território, Josué Colón, a interrupção começou às 12h38 (horário local), e o processo de restauração da energia provavelmente se estenderia até esta quinta-feira.
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“Experimentamos um apagão massivo em toda a ilha devido à saída inesperada de todas as usinas de geração, incluindo as da Genera PR e de outros geradores privados”, publicou a Genera PR nas redes sociais.
A Luma Energy, responsável pela distribuição de energia, afirmou estar fazendo todo o possível para identificar a causa e restabelecer o serviço com segurança. Uma análise preliminar apontou uma falha na linha de transmissão entre a usina de Cambalache e o município de Manatí. A Luma também mencionou problemas com o sistema de proteção e vegetação excessiva em linhas de transmissão no oeste da ilha.
Até o final da quarta-feira, cerca de 7% dos clientes já haviam tido o fornecimento restabelecido, e mais de 266 megawatts de geração elétrica foram reativados. Gary Soto, diretor do centro de operação da Luma, disse que a restauração total poderia levar até 72 horas. Daniel Hernández, vice-presidente de operações da Genera PR, afirmou que as usinas poderiam voltar a funcionar mais rapidamente do que em anos anteriores, devido a investimentos em sistemas de reinício mais ágeis.
O apagão causou desordem em Porto Rico: congestionamentos foram registrados nas ruas, com semáforos desligados; pessoas correram para postos de gasolina para abastecer geradores; um trem urbano em San Juan parou, forçando passageiros a caminhar por um viaduto; o Plaza Las Américas, maior shopping da ilha, foi praticamente fechado; e centenas de milhares de clientes também ficaram sem água potável.
À noite, cidadãos porto-riquenhos fizeram protestos em frente à La Fortaleza, residência oficial do chefe de governo da ilha.
Hospitais operaram com geradores, e Verónica Ferraiuoli, secretária de Estado designada, atuava como governadora interina durante a ausência de Jenniffer González-Colón, que retornou à ilha à noite e participou de uma coletiva de imprensa.
“É inaceitável termos uma falha dessa magnitude no sistema de transmissão elétrica”, declarou González-Colón, eleita no ano anterior com promessas de encerrar o contrato com a Luma Energy.
Porto Rico, sob controle dos Estados Unidos desde 1898, enfrenta constantes problemas de infraestrutura elétrica, agravados desde a devastação causada pelo furacão Maria em 2017. A rede elétrica tem sofrido apagões periódicos, forçando moradores e negócios a se adaptarem com geradores e mudanças de planos.
A ilha, que inclui os municípios-ilha de Vieques e Culebra, costuma se recuperar lentamente após grandes interrupções. Em apagões anteriores, como o da véspera de Ano Novo, a energia levou dias para ser restabelecida.
Porto-riquenhos são cidadãos americanos desde 1917, mas não podem votar nas eleições presidenciais ou legislativas a menos que residam nos Estados Unidos. Nesta quarta-feira, muitos se preparavam para não trabalhar a partir de quinta-feira, devido ao feriado da Semana Santa, que também atrai turistas à região.
No mês passado, Colón já havia alertado para possíveis apagões durante o verão, por falta de capacidade de geração para atender à demanda máxima da estação. Esse alerta motivou três membros democratas do Congresso — Ritchie Torres, Darren Soto e Pablo José Hernández (comissário residente de Porto Rico) — a enviarem uma carta ao governo dos EUA, destacando o risco de uma iminente crise de confiabilidade da rede elétrica, com projeção de déficits de energia em 90 dias entre junho e outubro.