A vida de um jogador de elite no futebol, principalmente daqueles que buscam estar no topo do mundo, é pautada pela disciplina com corpo, alimentação, sono, treinos e saúde. Foram esses os obstáculos de Ousmane Dembelé, atacante do PSG, até ser eleito melhor do mundo nesta edição da Bola de Ouro, prestigiado prêmio da revista France Football. Hoje grande nome do clube e da seleção francesa, o atacante superou as madrugadas jogando video game e consumindo fast food para desbancar nomes como Raphinha e Lamine Yamal e ficar com o prêmio.
Sua passagem no Barcelona, em especial, foi marcada por esses vícios. Segundo relatos da imprensa da Espanha na época, o atacante faltava e chegava atrasado a treinos pelas madrugadas jogando. A alimentação também era criticada, uma vez que o francês lidava com muitas lesões com recuperação lenta. Em um episódio, o médico do Barça chegou a ir à casa do jogador verificar se um problema estomacal alegado pelo jogador para faltar a um treino era verídico. Ele levou várias advertências do clube.
Aquela era a grande chance de Dembelé dar o salto em sua carreira. Raro jogador ambidestro, algo que já chamava atenção desde o início de sua carreira, o habilidoso atacante foi comprado do Borussia Dortmund, aos 20 anos, pelo clube espanhol, em 2017. Antes, já havia brilhado pelo Rennes-FRA. O Barça, que havia acabado de vender Neymar ao PSG, pagou vultuosos 105 milhões de euros (mais 40 milhões em aditivos) pelo jovem. Uma das contratações mais caras da história do futebol.
Por lá, o começo foi com gols, mas com lesões musculares em sequência, que o tiraram de boa parte de sua primeira temporada. Na segunda, engrenou e passou a marcar gols importantes, mostrando em campo o diferencial técnico e físico que tinha. Chegou a fazer parte do elenco da França campeão do Mundo na Rússia, em 2018. Mas as lesões musculares, principalmente na coxa, voltaram a aparecer. E o levaram até a mesa de cirurgia em 2021. Foi aí que precisou dar um basta nos hábitos pouco saudáveis.
Da Copa de 2022, quando foi finalista com a França, até aqui, se consolidou nos bleus. Foi na metade de 2023, no entanto, que viveu a temporada que mudou sua vida: a ida ao PSG. Naquele ano, numa das coincidências do futebol, assumiu a camisa 10 que foi de Neymar. A temporada 2024/25 foi a melhor da carreira do jogador: foi artilheiro (21 gols) e melhor do Campeonato Francês, além de ter levado ao clube ao sonhado título da Champions League.
“Sou um pouco mais profissional agora. Mesmo nas folgas, gosto de ir ao centro de treinamentos me recuperar e trabalhar com a preparação física. Antes, iria para casa jogar e ver TV. Eu era jovem, é normal, mas você acaba pagando um grande preço por isso. Eu vi isso acontecer no Barça” disse ele em entrevista ao jornal L’Equipe, em julho deste ano.
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Dembelé é um símbolo de um novo projeto de PSG, focado em jogadores jovens, ambiciosos, competitivos e disciplinados sob o comando do assertivo Luis Enrique. O treinador espanhol também ajudou o jogador a transformar seu jogo em algo ainda mais completo. Hoje, o francês de 25 anos pode atuar pelas pontas, centralizados como um camisa 9, como um meia armador ou um segundo atacante. Na Copa do Mundo de Clubes, que terminou com o vice-campeonato para o PSG, mostrou o símbolo desse novo momento: iniciou a competição lesionado mas se recuperou ainda nas oitavas de final. Marcou dois gols na competição, que agregaram à temporada de 37 tentos e 14 passes para gols em 60 jogos, somando clube e seleção.
É um dos grandes nomes também da já conhecida geração de imigrantes que colocaram o futebol francês entre os melhores do mundo. Dembelé nasceu na comuna de Vernon, na Normandia. A mãe é da Mauritânia, com origens também senegalesas, e o pai é de Mali. Hoje, é casado e pai de uma filha de dois anos. Agora, melhor jogador do mundo.
