Uma densa e impressionante coluna de fumaça branca sobe das pedras e marca o retorno da atividade do vulcão Krasheninnikov, na remota península de Kamchatka, na Rússia. O vídeo, divulgado por autoridades geológicas do país, mostra a força do fenômeno natural e reforça os alertas de que novos episódios sísmicos e vulcânicos podem estar a caminho.
A erupção, classificada como “histórica” pelo Instituto Russo de Ciências Vulcânicas e Sísmicas, ocorreu neste domingo, apenas dias após um terremoto de magnitude 8,8, o sexto mais forte já registrado na história moderna, sacudir a região. O evento, segundo cientistas, pode ter sido o gatilho para uma série de reativações vulcânicas no extremo oriente russo.
Vulcão russo adormecido entra em erupção pela primeira vez em 450 anos
As imagens captadas mostram nuvens espessas de fumaça branca expelidas entre as pedras do Krasheninnikov, que permaneceu adormecido por mais de cinco séculos. A fumaça, visível a quilômetros de distância, alcançou mais de 6 km de altitude e se espalhou por ao menos 75 km, segundo a Equipe de Resposta a Erupções Vulcânicas de Kamchatka (KVERT)
Poucas horas após o vídeo viralizar, o espaço aéreo da região recebeu alerta vermelho devido à presença massiva de cinzas na atmosfera, um risco direto para voos comerciais e militares.
O diretor do Instituto Russo de Ciências Vulcânicas, Dr. Alexey Ozerov, afirmou ao Daily Mail que há uma ligação direta entre o potente terremoto da semana passada e as erupções recentes. “Acreditamos que o abalo sísmico ativou centros magmáticos adormecidos, injetando energia adicional nesses sistemas”, explicou.
O tremor ainda pode ter aberto novas fraturas nas rochas, o que permitiria que o magma se infiltrasse lentamente até alcançar a superfície. Esse processo explicaria o intervalo de dias entre o terremoto e a erupção do Krasheninnikov.
“Essas rachaduras precisam de tempo para se desenvolver. O magma aproveita essas falhas para subir, até atingir uma pressão suficiente para explodir”, afirmou o vulcanologista da Royal Holloway Universidade de Londres, Jonathan Paul ao Daily Mail.
A península de Kamchatka, onde o Krasheninnikov está localizado, abriga uma das maiores concentrações de vulcões ativos do planeta. Isso porque está situada sobre o chamado “Anel de Fogo”, uma cadeia de 40 mil km que circunda o Oceano Pacífico e concentra 75% dos vulcões em atividade no mundo.
Entre os dias que sucederam o terremoto, outro vulcão da região, o Klyuchevskaya Sopka, o maior da península, também entrou em erupção. No mesmo período, um novo tremor, desta vez de magnitude 7,0, provocou alertas de tsunami em toda a costa russa.
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Cientistas temem que esses episódios sejam apenas o início de uma sequência mais ampla de atividade vulcânica ao longo do Anel de Fogo. Caso múltiplos vulcões da região entrem em erupção simultaneamente, as consequências poderiam ultrapassar os limites locais.
Além das ameaças diretas, como deslizamentos de terra, gases tóxicos e fluxos piroclásticos, erupções desse porte também preocupam por seus efeitos climáticos. Segundo especialistas, a emissão de grandes quantidades de enxofre e partículas em suspensão na estratosfera pode refletir a luz solar, e causar queda nas temperaturas globais.
Estudos anteriores mostram que eventos vulcânicos intensos podem reduzir a temperatura média da Terra em até 1°C durante anos, o que afeta colheitas, ecossistemas e padrões climáticos em escala global.
