A Universidade de Brasília (UnB) decidiu suspender por mais 60 dias o youtuber Wilker Leão tanto das disciplinas quanto das dependências da instituição pública. O influenciador se tornou alvo de um processo disciplinar após gravar aulas contestando as informações de professores e debatendo com outros alunos para divulgar as “desavenças de pensamento ideológico” no YouTube.
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Com a decisão desta segunda-feira, primeiro dia das aulas na UnB em 2025, Wilker permanecerá 120 dias longe das disciplinas. Na rede X, o influenciador de direita contestou a decisão e afirma que não seguirá a punição. “É difícil de acreditar, mas a Reitora da @unb_oficial (UnB) me suspendeu de novo por mais 60 dias, no dia do retorno das aulas. E o absurdo maior nem é esse… Ela teve a coragem de me proibir de frequentar as dependências PÚBLICAS da universidade. Mas eu só digo o seguinte: daqui a pouco estarei lá e quero ver quem vai me tirar de um espaço público”, comenta Leão, em uma publicação do X.
De acordo com a universidade, “foi adotada uma medida cautelar de suspensão temporária do discente Wilker Leão de Sá”, fundamentada na legislação da instituição “e nos princípios da legalidade, da proteção da comunidade acadêmica e do regular andamento processual”. A decisão ocorre no dia de retorno às aulas na UnB, que ressalta “que todas as decisões tomadas seguem rigorosamente os preceitos do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.”
Em dezembro de 2024, Wilker foi afastado por gravar aulas sem o consentimento dos professores, enquanto contestava os ensinamentos dentro de sala. Aluno do curso de História, ele publicava os vídeos em suas redes sociais alegando “doutrinação de esquerda” na faculdade. Nas imagens, é possível ver professores e colegas expostos, enquanto o youtuber os satiriza.
Docentes e estudantes que estiveram em sala com o youtuber relatam que os vídeos foram editados e as falas distorcidas para o canal. O professor de História da África Estevam Thompson entrou com uma queixa-crime contra Leão na sexta-feira, que foi aceita pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
“Embora por vezes ele tente, em seus vídeos, passar uma imagem calma e respeitosa, fora das filmagens ele se comporta de forma cínica e provocadora, desrespeitando e ameaçando quem não concorda com seus métodos e objetivos. WLS distorce as falas, inverte contextos e dá interpretações completamente equivocadas sobre o que está sendo dito, seja por ignorância, seja por má-fé”, disse Estevam ao site Metrópoles.
Outra professora chegou a registrar boletim de ocorrência por difamação após seus filhos menores de idade encontrarem os vídeos com dezenas de “comentários de ódio”. Na época, a Polícia Civil do Distrito Federal comunicou que a “ocorrência foi registrada via Delegacia Eletrônica e encaminhada à 2ª DP, que está investigando o que foi narrado”, segundo o portal.
O youtuber ganhou notoriedade nacional em agosto de 2022 ao chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro de “tchutchuca do centrão”. Bolsonaro chegou a agarrar a camisa de Wilker e tentou tirar o celular de suas mãos, após ser provocado durante conversa com apoiadores. Além do apelido, o youtuber questionava medidas tomadas do então presidente.
Antes do embate com Bolsonaro, Wilker já havia sido derrubado no chão por apoiadores do ex-presidente. O influencer costumava ir à saída do Alvorada para gravar vídeos nos quais provocava a militância. Em uma das ocasiões, que se deu em abril daquele ano, Wilker discutiu com o Bolsonaro após questioná-lo sobre declarações a respeito da realidade de cabos e soldados do Exército nos quartéis.