No dia 20 de junho, a brasileira Juliana Marins, de 24 anos, que estava numa sonhada viagem de turismo à Indonésia, se desequilibrou quando acompanhava um grupo numa trilha no vulcão Rinjani. A jovem tropeçou e despencou inicialmente de uma altura de 300 metros. Imagens captadas por um drone mostravam que, 14 horas depois, ela ainda estava viva, esperando pelo resgate que não chegou a tempo. Seu corpo foi içado, já sem vida, cinco dias depois. A distância (a jovem despencou ao menos mais duas vezes) e o terreno acidentado foram os principais empecilhos para o socorro.
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Talvez Juliana tivesse sido salva se já estivesse disponível no mercado um pequeno veículo que está sendo desenvolvido por alunos da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), ainda como protótipo batizado de Guará, cuja função é auxiliar equipes de resgate em locais de difícil acesso. O invento é um dos principais trunfos que a Faetec vai apresentar na 5ª edição da Semana Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, organizado pelo Ministério da Educação (MEC), na Arena BRB Mané Garrincha, em Brasília, entre os dias 7 e 9 do mês que vem.
— Um veículo como o nosso pode agilizar o socorro sem arriscar vidas, além de estar salvando outra —explica o aluno de eletrônica David Silva, de 18 anos, um dos criadores do Guará.
A invenção brotou das mentes criativas de David e dos colegas de curso Natan Campos, Guilherme Amaro, Felipe Pereira e Gabriel Matheus, todos com 17 e alunos da Escola Técnica Visconde de Mauá, em Marechal Hermes. O Guará é um pequeno veículo de reconhecimento de área de acidentados. A vantagem é que ele consegue chegar antes a locais que os socorristas teriam dificuldade de alcançar com rapidez por conta do risco oferecido.
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Para os estudantes, participar de uma feira de inovações apresentadas pelas escolas técnicas de todo o país, como a de Brasília, é uma oportunidade de dar visibilidade à suas invenções e atrair o interesse de parceiros que queiram investir no desenvolvimento do produto.
Esse sucesso já alcançaram alunos que criaram um dispositivo que monitora temperatura, umidade e partículas de ar presentes em ambientes fechados, como escritórios e unidades hospitalares. Batizado de Monitor Clin Care, o invento foi contemplado com edital do programa Startup Hub 2025, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj), no valor de R$ 1 milhão.
— A importância do invento é reduzir doenças que podem ser propagadas por vias aéreas, como a Covid e a tuberculose. Ele coleta, analisa as informações e ainda toma decisões, como ligar ou desligar umidificadores ou ventiladores — diz Gabriel de Oliveira, de 18 anos, um dos inventores.
A Faetec vai apresentar 15 trabalhos na feira. A unidade de Marechal Hermes vai mostrar ainda um dispositivo de monitoramento da qualidade hídrica, que serve para ajudar produtores a reduzir custos, proteger a colheita e garantir alimentos mais saudáveis para a população. Tem também o projeto de automação da saúde doméstica, para evitar que idosos, por exemplo, esqueçam ou tomem medicamentos fora de hora.
Outra solução inovadora foi batizada de P.L.A.N.T.A. (Plataforma de Agricultura com Tecnologias Avançadas). Voltado para o setor agrícola, conta com o uso de drones, inteligência artificial (IA) e técnicas de agricultura de precisão, aliando sustentabilidade à eficiência produtiva.
As ideias são desenvolvidas fora do horário de aula. Diariamente, durante quatro horas, alunos da Faetec vão para os laboratórios, onde aprendem novas tecnologias de software e hardware para poder criar projetos de impacto social.