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prática de contemplar a natureza em estado meditativo ganha adeptos no Rio

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abril 13, 2025
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No final da prática, os participantes compartilham como foi a experiência — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo

É uma prática relativamente simples, de conexão sensorial das pessoas com a natureza, guiada por profissionais habilitados. O termo “banho de floresta” causa, em quase todo mundo, uma careta de dúvida, desconfiança de algo esotérico demais para ser verdade, ou coisa de bicho grilo e jovem místico. Do ponto de vista prático, é como caminhar na natureza fazendo uma meditação guiada por outra pessoa. Os efeitos são vários: provoca estados de atenção plena, melhora a percepção dos sentidos (visão, audição, tato), a qualidade da memória, do sono, e aumenta a sensação de bem-estar. É quase um ansiolítico natural. Pelas matas do Rio, virou tendência de quem quer desacelerar e renovar as energias.

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O Shinrin-Yoku (banho de floresta, em tradução livre do japonês) surgiu no Japão há mais de 40 anos. Pesquisadores identificaram que o estresse vivido pela população japonesa, altamente industrializada, tinha a ver com a falta de contato com a natureza. Eles passaram, então, a criar projetos para incentivar a prática. A qualidade de vida foi tão afetada que o banho de floresta virou medida de saúde pública no país, adentrou continentes e começou a ser disseminado de maneira regular. No Brasil, chega a partir dos anos 2000.

O grande problema do homem moderno é o distanciamento da natureza, segundo boa parte da literatura que trata do assunto. Assim, de primeira, parece irrelevante observar com mais atenção o chão de terra diferente do asfalto, as pedras e os troncos no caminho, os vários tons de verde e como o sol invade as frestas entre as plantas. Mas tem algum resultado. A caminhada por si só muda o ritmo da respiração. O foco passa a ser o cuidado em olhar onde pisa, onde se segura, como desviar dos galhos e observar em detalhes a trilha que se abre.

— A pessoa costuma chegar a um estado de profunda serenidade e relaxamento. Na ecologia, esse estado é chamado de “biofilia”, uma resposta positiva e natural nos seres humanos em relação à natureza. O banho amplifica a percepção sensorial: gera estados de atenção plena, aprofunda a atenção aos detalhes, e gera um reencantamento do mundo natural e de como as coisas acontecem numa floresta — afirma Marco Aurélio Bilibio, presidente do Instituto Brasileiro de Ecopsicologia, um dos principais disseminadores da prática no país.

Primeiro com formações individuais, depois com a criação de grupos e coletivos. Um deles, aqui no Rio, é o Coletivo Banho de Floresta RJ, que existe há um ano. Os amigos Bia Novaes, Déa Rausch, Luiz Brito e Nicolas Quintana eram da mesma turma de formação em banho de floresta, que eles fazem de forma individual ou em grupo na Floresta da Tijuca.

No final da prática, os participantes compartilham como foi a experiência — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo

Para fazer um banho de floresta, eles pedem que o interessado preencha um formulário com informações pessoais e de saúde: se tem alguma fobia ou medo relacionado à floresta, se tem alergias e como costuma tratar, e contatos de emergência.

— Precisamos conhecer minimamente as condições físicas e mentais das pessoas que participam. A gente tem muito cuidado para que a prática corra da melhor maneira possível, e que a pessoa esteja tranquila, sem preocupações, entregue, para conseguir sair do mental, acessar os sentidos e, assim, chegar ao coração. O resto, a floresta cuida — conta Luiz Brito, engenheiro de produção e terapeuta florestal.

O banho dura em média duas horas. Antes de começar a caminhada, um exercício de respiração profunda e consciente ajuda a acalmar o fluxo dos pensamentos. O guia explica as três etapas do processo: quando estamos na floresta (como um lugar), com a floresta (como uma pessoa que faz companhia) e como floresta (quando a pessoa e a floresta são um só). Ao longo da trilha, feita em silêncio, só os guias falam. Eles indicam, a cada parada, o que fazer: logo no início, desligar os celulares.

Com lupa, o convite era observar os detalhes do entorno e aguçar a visão — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo
Com lupa, o convite era observar os detalhes do entorno e aguçar a visão — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo

Em outros pontos, o convite é para aguçar cada sentido. Uma lupa é distribuída para olhar com precisão algum detalhe que gere curiosidade. Depois, o tato. Pode encostar nos troncos, usar uma folha para acariciar a pele, fazer cosquinhas, e colocar a mão na água. Com o grupo sentado, vendas são colocadas nos olhos para a atenção focar no que se escuta. No último ponto, o grupo se reúne e compartilha as impressões.

— A gente chega como visitante na floresta parceira, como a gente costuma chamá-las e, aos poucos, vamos nos conectando com ela, até chegarmos ao nível de ser floresta também — acrescenta Luiz.

No Rio, a prática é espalhada entre as principais florestas urbanas da cidade. O Horto do Jardim Botânico, dentro da Floresta da Tijuca, é um dos mais frequentados. É lá que a terapeuta Helen Pomposelli também realiza os banhos.

A terapeuta Helen Pomposelli guia banhos de floresta no Rio — Foto: Camila Araujo/Agência O Globo
A terapeuta Helen Pomposelli guia banhos de floresta no Rio — Foto: Camila Araujo/Agência O Globo

— Eu começo com um alinhamento vibracional ou com uma meditação no meu estúdio no mesmo bairro. Depois, seguimos para a floresta. Eu faço regularmente com todos os públicos, desde crianças até idosos. As pessoas geralmente estão passando por alguma questão emocional ou física. O banho de floresta ajuda a mente a desfocar dos problemas da vida, para focar nas cores, texturas e sons da natureza, ao vivo — conta Helen.

Dividido entre o atendimento aos clientes, gestão da própria marca e os afazeres diários, a estilista e consultora de imagem Priscilla Bello viu no banho de floresta uma forma de desacelerar e ter mais equilíbrio.

— Eu tenho uma vida muito agitada. Eu vejo como uma oportunidade de fazer uma pausa, silenciar a mente e me conectar com a natureza de forma mais profunda. Ter essa vivência dentro da nossa própria cidade é um privilégio. Sempre saio leve e renovada — conta Priscilla.

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  • Comprovado cientificamente
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Comprovado cientificamente

E é científico. Os benefícios são constatados em uma série de pesquisas ao redor do mundo. Aqui no Brasil, é mais recente. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Brasileiro de Ecopsicologia, analisaram os impactos positivos na saúde a partir de estudos estrangeiros, que será publicado em breve em uma revista internacional. Neste ano, pela primeira vez, o país vai elaborar uma pesquisa empírica própria, com guias e praticantes brasileiros. O objetivo é medir os benefícios produzidos pelo banho de floresta na realidade nacional.

– A nossa intenção é construir evidências científicas robustas do banho de floresta na realidade brasileira. Apesar dos dados do exterior, nós ainda não temos nenhuma evidência estabelecida no Brasil ainda sobre o banho de floresta, mas já temos um plano de trabalho. Esperamos até o final de 2025 e início de 2026 ter os resultados para divulgar — afirma o pesquisador Guilherme Franco Netto, da Fiocruz. O estudo é feito em Brasília, em parceria com o Instituto Brasileiro de Ecopsicologia, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Parque Nacional de Brasília e o WWF.

Alguns dos parâmetros da pesquisa é o mapeamento, antes e depois da prática, de batimentos cardíacos, pressão arterial, e da quantidade de cortisol no organismo.

A partir do próximo mês, a unidade da Fiocruz em Jacarepaguá vai oferecer banho de floresta aberto ao público. A fundação deve divulgar os eventos e inscrições pelo site e pelas redes sociais. A Fiocruz também estuda oferecer formação para guias em banho de floresta.

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