Integrantes da esquerda têm atribuído a responsabilidade do assassinato de Ruy Ferraz Fontes ao governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), acusado de não oferecer proteção a ele. O ex-delegado foi morto ontem à noite em Praia Grande (SP), após uma emboscada feita por um grupo de homens armados na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinha. Durante sua carreira, ele investigou a estrutura hierárquica e a dimensão do PCC em São Paulo, indiciando lideranças da facção como Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola.
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Em um post no X, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) questionou porque Ruy “perdeu espaço na polícia assim que Tarcísio assumiu o governo”. “Por que o ex-delegado que mais combateu o crime organizado vivia sem proteção do estado?”, escreveu na publicação. Ele atuou como delegado-geral da Polícia Civil em São Paulo na gestão estadual do ex-governador João Doria (2019-2022), mas, desde 2023, ocupava o cargo de secretário de administração municipal em Praia Grande.
Em entrevista a um podcast da rádio da CBN e do jornal O GLOBO, concedida três semanas antes de sua morte, o ex-delegado afirmou “nunca” ter recebido ameaças de morte da facção criminosa, mas disse que vivia sem proteção “no meio” de integrantes do grupo criminoso.
— Eu tenho proteção de quem? Eu moro sozinho, eu vivo sozinho na Praia Grande, que é no meio deles. Para mim, é muito difícil. Se eu fosse um policial da ativa, eu estava pouco me importando, teria estrutura para me defender, hoje não tenho estrutura nenhuma — afirmou.
Imagens que circulam nas redes sociais do momento do crime mostram seu carro sendo perseguido e colidindo com um ônibus. Na sequência, homens descem de outro veículo e atiram contra o automóvel da vítima. Uma força-tarefa foi criada pelo governo de São Paulo para investigar o caso e prender os criminosos responsáveis pela execução.
A cobrança pela resolução do crime foi feita pelo ministro da Agricultura, Paulo Teixeira, que disse que “o governador Tarcísio tem que solucionar esse crime, chegar aos seus mandantes e executores e, ao mesmo tempo, garantir segurança pública ao estado”.
Já o influenciador Thiago dos Reis, que mantém uma página de apoio ao governo Lula (PT) no X, compartilhou o registro da morte do ex-delegado e escreveu que “essa é a SP de Tarcísio, onde o PCC fuzila no meio da rua um delegado que investigava a facção”. No post, ele também diz haver “silêncio total” do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), acusado por Thiago na publicação de ter o primo ligado à facção criminosa.
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O corpo do ex-delegado foi velado na manhã desta terça-feira na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A solenidade contou com a presença de autoridades do poder público, como o prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB) e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, além de delegados e policiais civis e militares.
Ao final da cerimônia, Derrite informou a identificação do primeiro suspeito acusado de cometer o crime e disse que uma ordem de prisão havia sido emitida contra ele. O secretário também disse que o homem era reincidente, tendo sido preso por tráfico duas vezes no passado.
— Havia um segundo veículo que foi identificado. Esse veículo foi encontrado abandonado e os criminosos não conseguiram atear fogo. Ele estava ligado, e no seu interior a Polícia Civil coletou material que pode ser usado na identificação dos ocupantes — completou.
Já no início da tarde, o secretário anunciou pelas redes sociais a identificação de um segundo suspeito. “Vamos solicitar a prisão temporária dos dois já identificados”, escreveu.