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O que acabou não foi o futebol. Foi o futebol como Renato Gaúcho o conhecia

BRCOM by BRCOM
setembro 28, 2025
in News
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Renato Gaúcho posa com a sua foto para o Jornal Extra como Rei do Rio — Foto: Foto Pablo Jacob

Com as redes sociais, acabou o futebol. A frase de Renato Gaúcho, na entrevista coletiva em que se despediu do Fluminense, é tão curta em tamanho quanto rica em interpretações. Mesmo partindo do principio de que foi esse o motivo do pedido de demissão de Renato — a saída de um treinador de um clube tem razões que não só a própria razão, mas torcedores e jornalistas desconhecem —, a explicação ainda fica incompleta: o que as novas tecnologias mudaram para pior foi o esporte como um todo ou só alguma das partes que o compõem?

O torcedor mudou. Na era analógica, seu comportamento não costumava incomodar Renato. Como jogador, foram muitas as vezes em que ele pôs o indicador sobre os lábios, pedindo silêncio aos rivais na arquibancada, entre outras provocações. Como treinador, suportou todo tipo de pressão, e foi chamado de burro até no Grêmio, onde virou estátua. Não parece ser o perfil de quem se tornaria vulnerável a xingamentos online. Mas nas redes sociais o volume aumenta na mesma proporção em que o nível baixa. Talvez esse tenha sido seu limite.

Vocês da imprensa também mudaram. Não costumavam ser um grande problema para quem teve a vida pessoal superexposta muito antes de câmeras e comentários estarem disponíveis nos celulares. Renato posou para capas de jornal vestido de Rei do Rio, deixou-se fotografar servindo churrasco a um rival antes de uma final de Brasileiro, não fazia a menor questão de esconder romances como o que teve com Luma de Oliveira, nem de explicar como isso afetava seu noivado com Maristela.

Renato Gaúcho posa com a sua foto para o Jornal Extra como Rei do Rio — Foto: Foto Pablo Jacob

E sempre enfrentou os microfones com a fleuma de quem chegava para treinar dirigindo um Escort vermelho, de mullet e óculos escuros. Numa dessas, um colega perguntou como ele tinha visto o jogo da véspera. A resposta veio com um sorriso debochado: “Com os olhos, parceiro”. Na temporada passada, porém, cada entrevista coletiva tinha uma reclamação contra o que ele chamava de “jornalistas identificados” — um fenômeno que cresce nas redes, misturando informação com opinião e torcida. Pode ser que aí a paciência tenha batido no teto.

E, finalmente, mudaram os profissionais do futebol. Como jogador, Renato atirou uma camisa na cara de Telê Santana, técnico que o cortara da seleção, e trocou empurrões com Djalminha, numa discussão não entre rivais, mas companheiros de time. Como treinador, deu um chega-pra-lá num comandado, Valdir Papel.

E numa e noutra função, bateu boca com dirigentes e árbitros. Tudo diante das câmeras de transmissão ou dos microfones das entrevistas coletivas. Hoje, nada garante que esse tipo de interação acabe no campo — ou, no máximo, nos jornais do dia seguinte. Além da discussão pública nas seções de comentários, a fofoca continua e se amplia nos grupos de WhatsApp. Eis mais uma possibilidade de a vontade de continuar ter se esgotado.

Pode ter sido um desses fatores, pode ter sido o conjunto da obra. E, claro, pode ter sido só uma frase de efeito. De qualquer maneira, o que acabou não foi o futebol. Foi o futebol como Renato o conhecia. Zubeldía, seu sucessor, começou a carreira em outra etapa da transição do mundo analógico para o digital, e sua solução para lidar com as redes sociais é igual à minha: ficar fora delas. Não posso garantir que funciona. O que sei que não adianta é querer que o futebol viva sem elas.

O que acabou não foi o futebol. Foi o futebol como Renato Gaúcho o conhecia

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