BELÉM (PA) – Se tem uma coisa que a chef Esther Weyl, do Celeste (“gosto desta palavra, me traz calmaria”), em Belém (PA), sabe bem, é a intensidade das coisas. Para quem rodou cozinhas da Inglaterra, Espanha e até Uruguai (daí, o nome Celeste), não tem lugar no mundo onde o sabor é tão isso ou aquilo, nunca mais ou menos.
“A comida amazônica não tem nada de suave, se é ácida, é ácida; se é doce, é doce, e por aí vai… Isto porque tem identidade, mas que só seremos reconhecidos e valorizados mundo afora quando houver incentivo governamentais, sozinhos não vai”, manifesta Esther, dona de uma das cozinhas mais autorais e aclamadas da capital paranaense hoje em dia, quando a COP 30 promete trazer o olhar do planeta para a mesa praticada na floresta.
Caviar de balsâmico e fumaça de berinjela (no couvert R$ 39); croquete de apara (R$ 43); gyoza de porco guisado no tucupi e pirão de rabada com tutano na farinha de Bragança. Esses são alguns dos preparos únicos e intensos que saem da sua cozinha, instalada não faz um ano na Cidade Velha. “Eu gosto é daqui, desta região, e não me vejo em nenhum outro lugar que não na cozinha”.
O peixe do dia vai com cuscuz de farinha d’água, feijão manteiguinha e jerimum assado (R$ 86). E olha que interessante o spaguetti com caranguejo no vinho branco e farofa panko (R$ 75). Nada passa despercebido no salão do Celeste, onde a maioria à mesa são mulheres. Uma delas, sua mãe, funcionária da Organização Mundial da Saúde, atualmente baseada em Washington. “Minha maior hostess”, diz Esther.
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Uma das descobertas da chef, nada inovador, mas desafiador, é o turu, um molusco que dá em pau podre em áreas de mangue, troncos apodrecidos mesmo, que ela serve como iguaria na casa. Assim como – o mais saboroso dos seus pratos – pirão de tomate com peixe do dia e tucupi (R$ 88).
Esther toca um projeto super bacana chamado “Mães do Mangue”, com um grupo de mais de 750 mulheres pescadoras e extrativistas, “destacando o trabalho dessas mulheres na geração de renda, proteção ambiental e formação de lideranças femininas”, define a chef, para quem juntas são sempre mais fortes.
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A COP30 começa na próxima segunda-feira (10/11).

