A avenida Costanera Norte separa o Aeroporto Jorge Newbery de uma imponente estrutura de mais de 600 toneladas e 26 metros de altura. É a primeira e a última imagem que os viajantes levam ao chegar ou deixar a cidade. No topo de uma grande coluna, ergue-se a figura de Cristóvão Colombo.
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A escultura nem sempre esteve ali. Inaugurada em 15 de junho de 1921, no parque atrás da Casa Rosada, contou com a presença do então presidente Hipólito Yrigoyen e do escultor florentino Arnaldo Zocchi, responsável pela obra.
A construção teve início em 24 de maio de 1910, véspera do Centenário da Revolução de Maio. No entanto, devido à eclosão da Primeira Guerra Mundial, sua finalização foi adiada. Composta inteiramente de mármore de Carrara, a estrutura apresenta a figura de Colombo no topo e três conjuntos alegóricos na base, representando a viagem, a Igreja Católica e a Espanha.
Mas um segredo foi guardado na inauguração. Sob o monumento, uma cripta circular ocultava uma espécie de “cápsula do tempo”, planejada para ser aberta apenas 100 anos depois, em 2021. No entanto, o mistério foi revelado antes do esperado.
A escultura resistiu a dois atentados: o bombardeio de 1955 na Praça de Maio, que deixou mais de 300 mortos, e uma explosão em 1987, quando uma bomba foi detonada nas proximidades da obra. Além disso, o intenso tráfego ao redor da Casa Rosada contribuiu para o desgaste da estrutura, que ficou evidente durante o planejamento de sua mudança, em 2014.
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Durante o processo de restauração, a cápsula do tempo foi descoberta. Dentro dela, havia um tijolo da casa natal de Colombo, um capitel de uma coluna do Fórum Romano, um friso do século II e materiais históricos sobre a instalação do monumento. Também foram encontrados um exemplar do jornal La Prensa do dia da inauguração, uma oferenda com moedas e pequenos objetos comemorativos da data. Além disso, foram armazenados dois rolos de filme, mudos e em preto e branco, que registraram a chegada das peças e a construção do monumento.
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A escultura foi então realocada no Espigão Porto Argentino, na Costanera Norte. “As praças e parques da cidade são um museu a céu aberto: cada escultura é testemunho da nossa identidade, da nossa história e da enorme riqueza cultural que nos distingue”, afirmou Jorge Macri, chefe de governo de Buenos Aires, ao anunciar a ampliação do MOA (Monumentos e Obras de Arte), responsável pela preservação dos cerca de 2.500 monumentos que fazem parte do patrimônio cultural da cidade.
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Com sua nova localização, o monumento agora está mais acessível ao público. Uma grade de proteção foi instalada, mas a proximidade com a esplanada permite que moradores e turistas apreciem a obra de Zocchi de uma maneira inédita.
Ali, assim como o navegador homenageado, os olhos do monumento continuam voltados para o Rio da Prata.