O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) concluiu em março a remoção de 27 cabras da Ilha Santa Bárbara, no arquipélago de Abrolhos, no sul da Bahia. A medida foi tomada para evitar os impactos ambientais causados pelos animais exóticos, que viviam isolados na região há mais de dois séculos. As cabras foram encaminhadas à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e à Embrapa para estudos sobre sua resistência à escassez de água.
De acordo com o ICMBio, os caprinos afetavam diretamente a vegetação e o solo da ilha, além de interferirem na reprodução de aves marinhas que utilizam o arquipélago como berçário. Entre elas está a grazina-do-bico-vermelho, espécie ameaçada de extinção que possui sua maior colônia reprodutiva em Abrolhos. A remoção dos animais foi considerada essencial para a regeneração natural da vegetação e para a proteção do ecossistema insular.
As cabras teriam sido introduzidas na ilha há mais de 200 anos por navegadores que as utilizavam como fonte de alimento durante expedições. Mesmo sem fontes de água doce no local, os animais desenvolveram uma capacidade de adaptação, se tornando objeto de interesse científico. Pesquisadores acreditam que sua genética pode conter informações valiosas para o manejo de caprinos em regiões semiáridas do Brasil.
A retirada dos animais seguiu o plano de manejo elaborado pelo ICMBio em 2023 e foi realizada ao longo de três expedições entre janeiro e março de 2025. A ação contou com a participação da Marinha do Brasil, da Embrapa, da Uesb e da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab). Além da remoção das cabras, o ICMBio já vinha conduzindo outras iniciativas para erradicar espécies invasoras no arquipélago, incluindo o controle de roedores que ameaçam a fauna nativa.