a vida de superação de Keanu Reeves

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Aos 61 anos, a vida do ator não foi feita apenas de primaveras, prêmios e tapetes vermelhos de “Matrix” e “John Wick”. Houve muitos invernos e perdas profundas que deixaram cicatrizes, moldaram uma personalidade forte, mas também sensível, que fez com que seus filmes se tornassem sucessos e que o público gritasse por ele tanto em premiações quanto quando ele caminha na rua como qualquer pessoa comum.

A perda de sua filha e o trágico acidente que tirou o amor de sua vida

Era 1998 quando Keanu conheceu uma das mulheres mais importantes de sua vida: Jennifer Syme, atriz e executiva de uma gravadora em Los Angeles. O encontro aconteceu em uma festa da banda Dogstar, formada por Keanu junto com Robert Mailhouse, Bret Domrose e Gregg Miller. Troca de olhares, flertes, e logo começaram a namorar. No ano seguinte, descobriram que Jennifer estava grávida — mas não imaginavam a tragédia que os esperava oito meses depois.

Em 24 de dezembro de 1999, véspera de Natal, Syme entrou em trabalho de parto. Ela deu à luz Ava Archer Reeves, mas a bebê morreu poucas horas depois. Como acontece com alguns casais, a dor não os fortaleceu — e eles perceberam que o mais saudável era seguir caminhos diferentes. Em bons termos, colocaram reticências no relacionamento.

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No entanto, quando ainda tentavam se recuperar da perda da filha, a tragédia voltou a bater à porta. Na madrugada de 1º de abril de 2001, Syme sofreu um acidente de carro fatal. Dirigia sua caminhonete Jeep Cherokee pela Cahuenga Boulevard, em Hollywood, quando perdeu o controle do veículo e bateu em três carros estacionados. Sem cinto de segurança, foi arremessada para fora e morreu na hora. Tinha apenas 28 anos.

A polícia encontrou medicamentos entre seus pertences. Segundo a agência AP, a mãe de Jennifer declarou que a filha fazia tratamento para depressão após a morte da bebê e também tomava remédios para dores nas costas por conta de um acidente anterior. Há rumores de que Keanu e Jennifer haviam reatado pouco antes da tragédia. O ator participou do funeral em 7 de abril de 2001 em Los Angeles e foi um dos que carregaram o caixão. Ela foi enterrada ao lado da filha.

Keanu sempre foi extremamente reservado quanto à sua vida pessoal. Somente em 2006, em entrevista à revista Parade, ele falou sobre o luto:

“A dor muda de forma, mas nunca termina. As pessoas acham que conseguem lidar com ela, dizer ‘isso passou, estou melhor’. Elas estão erradas. Quando quem você ama se vai, você está sozinho. Sinto falta de fazer parte da vida delas e que elas fizessem parte da minha. Me pergunto como seria o presente se estivessem aqui, o que poderíamos ter feito juntos. Sinto falta de todas as coisas maravilhosas que nunca acontecerão. Tudo que você pode fazer é esperar que o luto se transforme — que, ao invés de dor e confusão, haja consolo e prazer na memória, e não só perda.”

O dia em que não pôde salvar seu melhor amigo

Mesmo em um meio tão hostil quanto a indústria do cinema, algumas amizades resistem ao tempo, à fama, aos romances e às rejeições. Assim como Leonardo DiCaprio e Tobey Maguire, Cameron Diaz e Drew Barrymore, Ben Affleck e Matt Damon — Keanu Reeves também teve uma amizade assim, mas que acabou cedo demais.

Em 1991, o diretor Gus Van Sant o convidou para contracenar novamente com seu melhor amigo, River Phoenix, com quem havia feito a comédia “Te Amarei Até Te Matar”. Ambos disseram: “Eu só faço se você fizer” — e aceitaram. No drama “Garotos de Programa”, baseado em “Henrique IV”, de Shakespeare, interpretaram dois amigos que se prostituem e embarcam em uma jornada reveladora.

A química entre eles era autêntica, anterior ao filme, desde quando se conheceram nas gravações de “O Tiro Que Não Saiu Pela Culatra”, onde Keanu atuou com o irmão de River, Joaquin Phoenix, e com a então namorada de River, Martha Plimpton. Tornaram-se amigos instantaneamente — unia-os o amor por atuação, música e motocicletas. River, seis anos mais novo, chamava Keanu de “irmão mais velho, só que mais baixo”.

Mas uma tragédia interrompeu essa amizade. Em 31 de outubro de 1993, River Phoenix morreu de overdose aos 22 anos, em frente ao clube The Viper Room, de propriedade de Johnny Depp, em West Hollywood. Ele estava com seus irmãos Joaquin, Rain, e sua namorada Samantha Mathis. A apresentação com sua banda, Aleka’s Attic, nunca aconteceu. A autópsia revelou doses letais de cocaína e morfina.

Keanu soube da morte do amigo enquanto filmava “Velocidade Máxima”, com Sandra Bullock. “Vi como Keanu ficou arrasado. Ele é reservado, mas não conseguiu esconder”, disse Bullock à Esquire. A perda de River foi um divisor de águas. Keanu sempre se culpou por não estar mais presente.

“É estranho falar dele no passado. Eu odeio isso. Então, geralmente falo dele no presente. Ele era especial, original, único, inteligente, talentoso, criativo, corajoso, engraçado, sombrio e luminoso. Foi incrível tê-lo conhecido. Sinto falta dele”, disse Keanu à Esquire em 2021, quase 30 anos depois.

Keanu Reeves e Sandra Bullock: química nas telas e na vida real

Algumas relações fictícias se tornam grandes amizades reais, como Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, ou Jennifer Aniston e Adam Sandler. O mesmo aconteceu com Keanu Reeves e Sandra Bullock. Eles se conheceram em 1994 ao protagonizarem “Velocidade Máxima”, em que um policial precisa manter um ônibus em alta velocidade para evitar uma explosão. O filme arrecadou US$ 350 milhões e venceu dois Oscars (melhor som e melhor edição de efeitos sonoros).

A química entre os dois era inegável, e os fãs torciam por um romance. Embora nunca tenham sido um casal, sentimentos surgiram. Sandra disse em entrevista a Ellen DeGeneres:

“Keanu era tão doce e bonito. Era difícil levar a sério. Eu olhava pra ele e começava a rir.”

Mais tarde, no mesmo programa, Ellen contou a Keanu sobre a fala de Bullock — e ele surpreendeu:

“Ela não sabia, mas eu também estava apaixonado por ela.”

Ainda assim, a amizade e o profissionalismo falaram mais alto.

Depois do sucesso, todos esperavam vê-los juntos na sequência. Mas Keanu recusou o projeto — o roteiro não o convenceu. Sandra seguiu com outro ator, Jason Patric, mas o filme foi um fracasso. Ela mesma admitiu se arrepender de ter participado.

Em 2006, eles voltaram a contracenar em “A Casa do Lago”, um drama romântico dirigido pelo argentino Alejandro Agresti. E como dizem, “não há dois sem três”. Em 2024, foi anunciado que Reeves e Bullock devem se reunir para um thriller romântico do Amazon MGM Studios, com roteiro de Noah Oppenheim. A trama promete ser “impulsiva”.

A paixão por motos que virou um negócio milionário

Keanu sempre mergulhou nos papéis que interpretou. Ícone do cinema de ação, fez muitas cenas perigosas e aprendeu habilidades específicas — como surfar para o filme “Caçadores de Emoção”. Mas sua verdadeira paixão são as motos. Ele já as pilotava em filmes como “Garotos de Programa” e “John Wick”.

“O que me atrai em pilotar é a parte visceral: a vibração, o som, o vento… É um ótimo lugar para pensar, sentir, escapar. Ficar longe das motos não faz bem pra mim”, disse à GQ.

Além de pilotar e colecionar, em 2011, cofundou a Arch Motorcycle, empresa de motos personalizadas, com o engenheiro Gard Hollinger.

“Minha função na Arch é mais na visão da empresa. Não sei consertar uma moto, mas sei testá-la e dizer o que pode melhorar. Os designs são do Gard. Eu sou o porta-voz.”

As motos são feitas sob medida e custam valores de seis dígitos.

O amor que lhe devolveu o sorriso

“Quero me casar. Ter filhos. Isso é o mais importante. Mas antes, preciso escalar a montanha. Só me dê um tempo”, disse Keanu em 2006 à Parade.

Ele conseguiu. Não só virou um dos atores mais queridos e bem pagos de Hollywood, como também encontrou um amor real que o ajudou a seguir em frente.

Segundo relatos, ele conheceu a artista visual Alexandra Grant em 2009, durante um jantar entre amigos. Logo criaram laços e começaram a colaborar. Em 2011, lançaram o livro “Ode to Happiness”, com texto de Keanu e ilustrações de Alexandra. Em 2017, fundaram a X Artists’ Books, editora independente. A relação evoluiu de amizade para romance — e foi tornada pública em 2019, durante a Gala LACMA em Los Angeles.

Desde então, eles apareceram juntos em alguns eventos e entrevistas. Em 2023, Keanu disse à People sobre um momento com Alexandra:

“Estávamos deitados na cama. Conectados. Sorrindo, rindo. Foi muito bom estar juntos.”