O petróleo chegou a subir 5,7% na abertura dos negócios na Ásia, mas perdeu força na manhã desta segunda-feira em meio às incertezas sobre qual será a resposta imediata do Irã aos bombardeios dos Estados Unidos. A avaliação é que não haverá bloqueio imediato do Estreito de Ormuz, mas que pode haver interrupções no tráfego de petróleo vindo do Oriente Médio.
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O Brent, usado como referência no mundo todo, chegou a ser negociado a US$ 81,40 por barril na abertura do mercado asiático nesta segunda-feira, o maior patamar em cinco meses, segundo o jornal Financial Times. Por volta das 8h (hora de Brasília), o Brent registrava alta de 0,71%, sendo cotado a US$ 77,56 o barril nos contratos para agosto. Já o tipo Texas, referência nos Estados Unidos, era cotado a US$ 74,37, alta de 0,72%, após chegar a subir 4,6%, atingindo US$ 78,40.
O dólar se valorizou 0,5%, enquanto os títulos do Tesouro dos EUA caíram.
As Bolsas estão voláteis. Na Europa, chegaram a subir, mas caíam por volta das 8h:
- Londres: +0,01%
- Frankfurt: – 0,33%
- Paris: – 0,35%
Na Ásia, as Bolsas fecharam em alta, com exceção de Tóquio:
- Tóquio: – 0,13%
- Hong Kong: + 0,67%
- Shenzhen: + 0,29%
Já os contratos futuros de ações dos Estados Unidos apresentavam estabilidade:
- S&P 500: +0,07%
- Nasdaq: +0,04%
- Dow Jones: -0,03%
O petróleo continua sendo o foco principal, já que qualquer interrupção no tráfego pelo Estreito de Ormuz — uma das principais rotas globais de petróleo bruto e gás natural — pode levar à alta nos preços da energia.
Embora o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, tenha declarado que o país reserva todas as opções para uma resposta, ainda não houve sinais de interrupção no fluxo do óleo.
No domingo, em reação aos ataques americanos a instalações nucleares do país, o Parlamento do Irã aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, importante faixa de navegação entre o Irã e o Omã, que conecta o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e ao Mar Arábico.
A medida ainda não entrou efetivamente em vigor pois precisa passar pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional. Após isso, o chefe de Estado do país, o aiatolá Khamenei, irá bater o martelo sobre o tema.
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Analistas avaliam que ainda há incerteza sobre se haverá ou não o fechamento do Estreito de Ormuz.
— O ponto-chave será se houver fechamento do Estreito de Ormuz. Esse não é o nosso cenário central — disse Francisco Simon, chefe de estratégia para a Europa da Santander Asset Management. —A evolução do conflito nos próximos dias e semanas manterá o mercado dentro de uma faixa.
A reação do mercado tem sido, em geral, moderada desde o ataque inicial de Israel ao Irã neste mês. Mesmo após duas semanas de quedas, o S&P 500 está apenas cerca de 3% abaixo de sua máxima histórica registrada em fevereiro.
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Uma queda adicional pode ser limitada, pois alguns investidores já vinham se preparando para um agravamento do conflito.
A reação comedida do mercado oferece aos investidores uma oportunidade para reduzir sua exposição ao risco, observou Mohit Kumar, estrategista-chefe para a Europa na Jefferies International:
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— Não prevemos o fechamento do Estreito de Ormuz, mas vemos possibilidade de interrupções. Nosso cenário-base seria um período de incerteza que dure algumas semanas, mas sem uma escalada acentuada.
Se o Irã fechar o Estreito de Ormuz, “um cenário de estagflação, com menor crescimento e maior inflação devido ao aumento dos preços do petróleo, seria o principal risco para os mercados”, disse Ulrich Urbahn, chefe de estratégia multiativos e pesquisa no Berenberg.
— Isso também limitaria a capacidade dos bancos centrais de apoiar os mercados.