A surpreendente história de Ellidy Pullin, australiana que engravidou do marido morto por meio do procedimento médico “extração de esperma post-mortem”, pode ser vista e revista, com detalhes, no livro “Heart strong: Chumpy, Minnie & me” (“Coração forte: Chumpy, Minnie & eu”), escrito por ela em parceria com a escritora Alley Pascoe.
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“Eu sei que através da tragédia somos imensamente abençoados. Embora eu ainda sinta essa dissociação com minha história, na maioria dos dias eu olho para Minnie e penso ‘você é realmente filha dele, e ele realmente não vai voltar?’. Eu aceito que eu possa ponderar isso para sempre. É surreal, a dor é eterna”, afirmou Ellidy, enquanto comemorava a reimpressão do livro antes mesmo dele chegar às livrarias, somente com as vendas online.
“Era uma manhã de quarta-feira perfeita (em julho de 2020) quando Alex ‘Chumpy’ Pullin deu um beijo de despedida em sua parceira, Ellidy, para ir pescar com arpão. Na maioria dos dias, Ellidy também ia à praia, mas naquele dia ela não foi. Mais tarde, alguém bateu na porta. Um homem foi encontrado inconsciente no fundo do oceano. Era Chumpy. A partir daquele momento, o mundo de Ellidy parou. Houve profunda tristeza, descrença e então a gradual percepção de que isso era real. O parceiro de Ellidy por oito anos, um campeão mundial de snowboard, um homem de energia e música, se foi. E também a vida que eles construíram juntos e o sonho do filho que eles estavam tentando ter. Nas horas que se seguiram, uma sugestão foi feita: Ellidy queria coletar o esperma de Chumpy e tentar ter o bebê que ambos queriam tanto?”, diz o site da editora.
Em 2023, o livro foi pré-selecionado para o prêmio ABIA de biografia do ano. Publicado pela editora Hachette Australia, ele não ganhou tradução para o português, mas pode ser encontrado online, na versão original.
A gestação de Ellidy se tornou possível por meio de um procedimento médico conhecido como extração de esperma post-mortem. A história, embora surpreendente, é real e levanta questões importantes sobre o uso de tecnologias reprodutivas em circunstâncias extraordinárias.
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Trinta e seis horas após a morte de Chumpy, o procedimento foi realizado com sucesso. Foi extraída uma amostra viável de esperma, o que permitiu que os médicos criassem três embriões. Apesar da tristeza e da dor da perda, Ellidy decidiu continuar com o tratamento de fertilização.
No dia 25 de dezembro de 2020, o primeiro embrião foi implantado, mas a tentativa não teve sucesso. No entanto, meses depois, o segundo embrião resultou em uma gravidez.
— Quando recebi a ligação do centro de fertilização dizendo que eu estava grávida, gritei. Contei para o meu cachorro, para os pais do Chumpy, para os meus pais, para os meus amigos. Foi um momento tão feliz, tão surreal. Todos sabíamos que uma parte dele estava crescendo dentro de mim, trazendo-o, de certa forma, de volta à vida — disse Ellidy, emocionada.
No dia 25 de outubro de 2021, Ellidy deu à luz Minnie Alex Pullin, que, segundo ela, é uma viva representação do pai.
— Ela é idêntica a ele. A primeira coisa que minha mãe e eu notamos, quase imediatamente, foram os olhos dele. Foi um momento tão bonito, emocionante e louco, como se fechasse um ciclo — contou Ellidy.
O que é a extração de esperma post-mortem?
A extração de esperma post-mortem é um procedimento médico que permite coletar esperma de um homem falecido, geralmente a pedido da parceira, de familiares próximos ou com base em disposições legais deixadas pelo falecido.
Esse processo pode ser realizado até 36 horas após a morte, dependendo das condições do corpo e da rapidez com que for realizado.
As leis sobre esse procedimento variam de país para país, e, em muitos casos, é necessário o consentimento prévio do falecido para que ele possa ser realizado. Isso tem gerado inúmeros debates legais sobre a necessidade de regulamentações claras e sobre a importância do consentimento prévio.