Se o Rio é a Capital Mundial do Livro em 2025, status concedido pela Unesco e que começa a vigorar na próxima quarta-feira (23), a Barra será a capital local de 13 a 22 de junho, quando sediará mais uma vez a Bienal do Livro Rio, numa edição especial e antecipada. As cidades que recebem a chancela se comprometem a promover o livro e a leitura para todos os grupos sociais e faixas etárias, dentro e fora do país, e a organizar um calendário de atividades durante o período de vigência da qualificação, que dura 12 meses. E a feira literária, que este ano se apresenta no formato de Book Park, se prepara para brilhar como a principal atração da programação. A venda dos ingressos, pelo site ticket360.com.br, foi aberta na última segunda-feira (14).
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O Rio foi a primeira cidade de língua portuguesa a obter o reconhecimento da Unesco. E, de acordo com a organização da Bienal, que mais uma vez será no Riocentro, a feira, habitualmente realizada no segundo semestre e estrategicamente adiantada em 2025, contribuiu para a conquista.
— Pelo seu alcance de público, investimento e magnitude, a Bienal foi a principal iniciativa para que a cidade fosse escolhida como Capital Mundial do Livro, reconhecimento que celebra o compromisso da cidade com o acesso à leitura e à cultura. Essa conquista começou a se desenhar após uma reunião com a Secretaria municipal de Cultura. A partir dali, unimos esforços, construímos juntos a candidatura e seguimos empenhados em cada etapa do processo. Essa homenagem pode se tornar uma fonte de oportunidades para o incentivo à leitura na cidade e até no país — observa Tatiana Zaccaro, diretora da GL Events Exhibitions, organizadora da Bienal.
Com curadoria assinada por personalidades como o ator Lázaro Ramos, a escritora Thalita Rebouças, o professor Luiz Antônio Simas, a jornalista Flávia Oliveira e a cineasta Rosane Svartman, esta edição ambiciona levar os enredos dos livros para fora das páginas, numa experiência que também divirta, ou, simplesmente, seja vista como um mergulho num parque de diversões inspirado na literatura.
Para instigar a curiosidade do público, os convidados são anunciados aos poucos, no perfil no Instagram @bienaldolivro. Um dos nomes que mais geraram alvoroço foi o de Chimamanda Ngozi Adichie, revelado na última terça-feira. A escritora nigeriana, que se destaca por tratar de temas como feminismo negro e imigração e é considerada uma das mais influentes da literatura contemporânea, participará do evento logo na abertura, no dia 13 de junho, quando lançará o livro “Contagem dos sonhos” e será entrevistada pela atriz Taís Araujo, atualmente no ar como a Raquel do remake da novela “Vale tudo”.
“Escutar essa mulher através dos livros dela já é, em si, uma lição de autoeducação. Mas a melhor coisa que fiz foi já tê-la escutado presencialmente. Eu nem piscava. Que Bienal será essa”, comentou uma fã no post.
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Outros nomes já confirmados são Raphael Montes, autor de “Jantar secreto” e roteirista da série “Bom Dia Verônica” e da novela “Beleza fatal”; Itamar Vieira Junior, autor de “Torto arado” e “Salvar o fogo”; Ana Suy, Vitor Martins, Mario Sergio Cortella, Ana Claudia Quintana Arantes, Brynne Weaver, Cara Hunter e G.T Karber.
Palco Apoteose e o protagonismo feminino
Coração da Bienal, o Palco Apoteose concentrará mais de 40 painéis com escritores e personalidades como as americanas Alexene Farol Follmuth e Lynn Painter, autoras de romances jovens e adultos.
— A partir da colaboração com várias mulheres incríveis, vamos desenvolver debates sobre temas que venho abordando no meu trabalho e nos meus livros, como violência doméstica, adolescência, parentalidade consciente, menopausa e sororidade — detalha a jornalista e escritora Thalita Rebouças, umas das curadoras deste núcleo, ao lado da romancista Clara Alves, da cineasta Rosane Svartman e da produtora Clélia Bessa. — A ideia é promover conversas acolhedoras e necessárias.
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Café Literário completa 25 anos
Já o tradicional Café Literário, espaço que completa 25 anos, contará com 31 painéis. Entre os confirmados estão o escritor e professor Jeferson Tenório, a roteirista, romancista e cronista Tati Bernardi, a escritora paulista revelação Aline Bei, a atriz e poetisa Elisa Lucinda, o youtuber Chavoso da USP, a premiada jornalista Eliana Alves Cruz e o escritor Alberto Mussa.
— Quando comecei a pensar na programação, quis montar painéis que dialogassem com as expectativas do público — revela o advogado, escritor e influenciador literário Pedro Pacífico, do perfil de dicas literárias @bookster, um dos curadores do espaço. — É com esse olhar que construí cada mesa. Busquei sair do óbvio, propondo encontros que fogem do que costumamos ver em eventos literários.
Roda-gigante de 20 metros de altura
Esta edição trará espaços novos. Um destaque promete ser uma roda-gigante de 20 metros de altura, cujas 16 cabines serão uma espécie de microcosmo de um livro diferente, com atrativos como cenografia e áudios.
A imersão literária na roda-gigante Leitura nas Alturas inclui gêneros como aventura, romance, suspense, fantasia e quadrinhos, com atrações como “Turma da Mônica” (Panini), “Crônicas de Nárnia” (HarperCollins Brasil), “Percy Jackson” (Intrínseca) e “Stitch” (Melhoramentos). As editoras Ciranda Cultural, VR Editora, Darkside, Skeelo, Companhia das Letras, Arqueiro, Planeta de Livros, Record e Globo Livros também prometem surpresas no brinquedo.
Para os visitantes que amam um suspense, a sugestão é aproveitar outra novidade: o Escape Bienal, espaço com quatro cenários literários inspirados em títulos de sucesso do gênero, onde o público terá que desvendar enigmas. Um dos escape rooms será dedicado à britânica Agatha Christie, escritora ícone do romance policial que ficou conhecida como Rainha do Crime e que morreu em 1976. Os participantes da aventura deverão se transformar em detetives após receberem um telegrama urgente de Hercule Poirot, protagonista de diversos livros de Agatha. A mensagem dirá o seguinte:
“Meus caros, um crime terrível foi cometido na Mansão Rutherford. A polícia local parece perdida e há muitas peças soltas nesse enigma. A Madame Scarlet foi envenenada durante o jantar de seu próprio aniversário de casamento. O assassino está entre os convidados. Precisamos de mentes afiadas para conectar as pistas antes que o culpado escape impune. Venham imediatamente. O tempo é curto. Boa sorte! — H. Poirot”.
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Outros mistérios a serem solucionados envolverão o desaparecimento do autor Raphael Montes, “A Empregada”, thriller psicológico de Freida McFadden, e diferentes obras de Cara Hunter.
Também inédito, o Labirinto de Histórias promete levar o público a se embrenhar em quatro narrativas que se cruzam ao ganhar vida, combinando elementos como magia, romance e intrigas. A jornada será conduzida pelas editoras Globolivros, com “Uma janela sombria”, primeiro título da duologia ‘O Rei Pastor’, de Rachel Gilling; Companhia das Letras, que apresentará as séries “Hades & Perséfone”, de Scarlett St. Clair, e “Covenant”, de Jennifer Armentrout; Darkside, que revisitará os clássicos “Wicked” e “Alice no País das Maravilhas”; e Record, que levará a uma imersão no universo de “Corte de espinhos e rosas”, série de tirar o fôlego, da autora Sarah J. Maas.
— O Labirinto de Histórias será um espaço totalmente interativo e imersivo, onde quatro universos narrativos se conectam em um ponto central. Nesse percurso lúdico e sensorial, os livros ganham vida de forma única, estimulando todos os sentidos. A proposta é que os visitantes se deixem levar pela experiência e se percam entre as histórias — explica Tatiana Zaccaro.
Além de estimular a leitura, a Bienal se propõe a fomentar a convivência e a troca de conhecimento entre os leitores. Por isso, outra novidade será a Praça Além da Página, ambiente ao ar livre onde encontros entre a comunidade leitora se somarão a atrações musicais, apresentações, gincanas, festas e as chamadas trends das redes sociais.
— No pós-pandemia, identificamos um desejo do público por experiências mais interativas, sensoriais e memoráveis. E, nas últimas edições, a Bienal vem se consolidando como um grande evento de entretenimento cultural. Mas nossa missão permanece firme: incentivar o hábito da leitura. E é justamente por isso que, desta vez, ampliamos o leque de atividades imersivas e lúdicas através do Book Park, sempre com o livro como protagonista. Acreditamos que, ao despertar o encantamento pelo universo literário e pelas histórias que ele abriga, conseguimos fortalecer ainda mais esse vínculo transformador entre o público e a leitura — diz Tatiana Zaccaro.

