- Presidente em xeque: Novas imagens mostram Jeffrey Epstein no casamento de Trump em 1993
- Pressão interna: Senadores democratas tentam forçar governo Trump a divulgar arquivos de Epstein com lei pouco conhecida
A lista de intimações inclui, além dos Clintons, seis secretários de Justiça: Alberto Gonzales (governo de George W. Bush); Loretta Lynch e Eric Holder (governo de Barack Obama); Jeff Sessions e William Barr (primeiro mandato de Trump); e Merrick Garland (governo de Joe Biden). Também foram convocados os ex-diretores do FBI James Comey, que trabalhou no governo Obama e no início do governo Trump, e Robert Mueller, que comandou a polícia federal americana nos governos Bush e Obama, e que liderou a investigação sobre a interferência russa nas eleições de 2016.
Os depoimentos devem ocorrer entre agosto e outubro, a portas fechadas.
Ao Departamento de Justiça, os deputados exigiram que todos os documentos disponíveis sobre o caso sejam entregues, mas que os nomes das vítimas sejam omitidos. A comissão ainda exige que as comunicações entre membros do governo Biden e do departamento relacionadas ao processo sejam entregues.
A manobra, que ocorre contra a vontade do governo Trump e de suas lideranças no Congresso, promete ser mais uma pedra no sapato do presidente, que teme os efeitos políticos e, possivelmente, eleitorais do ressurgimento de um caso que parecia relegado ao passado.
- ‘Ele a roubou’: Trump diz que brigou com Epstein por funcionários de seu spa, incluindo acusadora do príncipe Andrew
Jeffrey Epstein, um influente milionário com amizades no alto escalão econômico e político dos EUA — incluindo Trump —, foi acusado de comandar um esquema de tráfico sexual e abuso de mulheres, muitas delas menores de idade, mas morreu na prisão em 2019 antes de enfrentar um julgamento. Segundo legistas, ele tirou a própria vida na cela.
O caso movimenta, há mais de uma década, incontáveis teorias da conspiração, envolvendo uma suposta lista de clientes do milionário, e que teria nomes de destaque na política americana, como Bill Clinton. Durante sua campanha para a Casa Branca, no ano passado, Trump prometeu fazer novas revelações sobre o caso, e trazer a público informações comprometedoras.
Após sua vitória, ele determinou uma análise dos documentos disponíveis, e a atual secretária de Justiça, Pam Bondi, chegou a sugerir em fevereiro que havia encontrado a suposta lista, e que estaria prestes a divulgá-la. Meses depois, o governo admitiu que a tal lista de clientes não existia, e que as teorias da conspiração propagadas por Trump e muitos de seus aliados não correspondiam à realidade.
- Efeito colateral: Democratas farejam trunfo com crise de Trump por caso Epstein
A conclusão não agradou muitos de seus apoiadores, que intensificaram a pressão pela liberação de novos documentos sobre Epstein e por mais transparência do governo. No Congresso, o presidente da Câmara, Mike Johnson, tem atuado para barrar votações sobre o caso, mas não foi capaz de impedir decisões pontuais sobre pedidos de documentos e as intimações.
No mês passado, a Comissão de Supervisão intimou Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein e condenada a 20 anos de prisão por participação no esquema. Em paralelo, representantes do Departamento de Justiça conversaram com Maxwell na penitenciária onde ela cumpre pena na Flórida, e Maxwell ainda aguarda o resultado de um recurso apresentado à Suprema Corte para reverter sua condenação. Recentemente, Trump não descartou conceder um perdão presidencial a ela.
Para o presidente, é crucial encerrar o assunto o quanto antes para retomar de suas pautas no Congresso, centrar as atenções de seu eleitorado para as eleições de meio de mandato, no ano que vem, quando a Câmara e parte do Senado serão renovadas, e evitar que suas relações com Epstein sejam detalhadas em público. O Departamento de Justiça confirmou que o nome do presidente aparece nos documentos, o que não significa que ele tenha cometido crimes — anteriormente, Trump alegava não saber se havia sido citado.
Em julho, uma reportagem do Wall Street Journal revelou que o atual presidente enviou uma carta de aniversário ao milionário em 2003, uma mensagem que trazia o desenho de uma mulher nua e palavras que sugeriam segredos compartilhados entre si: “Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um segredo maravilhoso”.
Além das esperadas negativas, Trump anunciou um processo contra a News Corp., empresa do bilionário Rupert Murdoch que controla o Wall Street Journal, e contra os autores da reportagem, pedindo uma indenização de US$ 10 bilhões.