Na mira do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) já dá como certo que a maioria do colegiado vai votar nesta quarta-feira (9) pela cassação do seu mandato por ter chutado um militante do MBL (Movimento Brasil Livre) que o insultou e xingou sua mãe de “corrupta” e “safada”.
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Em abril de 2024, Glauber empurrou e expulsou das instalações da Câmara dos Deputados o ativista Gabriel Costenaro, que tem 531 mil seguidores no Instagram e é conhecido por gravar vídeos com provocações a parlamentares do campo da esquerda. À época, Costenaro chamou Glauber de “burro” e “fraco” enquanto fazia uma transmissão ao vivo em suas redes sociais.
Na última quarta-feira (2), o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), relator do processo em que Braga é acusado de quebra de decoro parlamentar, pediu a cassação, mas o Conselho ainda precisa colocar o relatório em votação.
“Os casos graves do Conselho de Ética foram esquecidos. O deputado (Chiquinho) Brazão foi denunciado (com a acusação) de matar Marielle, tem deputado envolvido na tentativa de golpe e escândalos de corrupção que sequer foram investigados. A diferença é que os demais parlamentares não tinham denunciado o esquema do orçamento secreto. Eu estou sendo perseguido porque não me calei diante desse escândalo”, disse Braga à coluna.
Segundo relatos obtidos pela equipe da coluna, com o cenário adverso no Conselho de Ética, colegiado formado por 21 deputados, a maioria de centro e do campo da direita, aliados de Glauber – de partidos como o PT e o PDT – já se movimentam nos bastidores para garantir a sobrevivência política dele no plenário e buscar apoio até mesmo de setores da oposição, como alas do PP e do Republicanos mais alinhadas à base lulista.
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“Nosso trabalho agora é no plenário”, diz um interlocutor do deputado ouvido reservadamente pela equipe da coluna.
Um dos pontos que estão vem sendo usados como argumento para convencer os parlamentares é o de que o Conselho de Ética aprovou em, em 28 de agosto do ano passado, o relatório da deputada Jack Rocha (PT-ES) a favor da cassação de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
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Chiquinho é réu no Supremo por homicídio qualificado e organização criminosa. E mesmo assim até hoje o assunto não foi levado ao plenário para votação.
À época, o placar no Conselho de Ética foi de 15 votos favoráveis ao aparecer, um único contrário e uma abstenção – a única abstenção veio de Paulo Magalhães (PSD-BA), o mesmo que agora defende a cassação de Glauber.
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O presidente da Câmara, Hugo Motta (PP-PB), ainda não deu nenhum sinal do que pretende fazer.
Mas aliados de Glauber avaliam que se o parlamentar não teve pressa para levar a plenário o caso de Brazão, deverá adotar a mesma postura com o psolista, para não se indispor nem com a esquerda nem com a direita.
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