O professor e sociólogo Thiago Torres, conhecido como Chavoso da USP, foi condenado a dez meses e 15 dias de prisão, em regime aberto, por difamação e injúria, após ser processado criminalmente pelo ex-prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa, o Guti (PSD), por críticas à sua gestão. Thiago irá recorrer da decisão.
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Segundo o professor, a sentença saiu em fevereiro, mas estava em segredo de justiça. A pena foi convertida em prestação de serviços comunitários e pagamento de uma indenização de R$ 15 mil, além de uma multa de R$ 3 mil e honorários de advogados que chegam a R$ 2 mil.
O processo ocorreu em 2021, após o sociólogo fazer vídeos contra o ex-prefeito em meio a uma onda de greves e protestos dos trabalhadores contra o fechamento da empresa Proguaru, responsável por serviços públicos na cidade.
Na época, a mãe de Thiago trabalhava como faxineira na instituição. Segundo o jovem, ela e outros 5 mil trabalhadores foram demitidos a uma semana do Natal, no auge da pandemia.
Entre os motivos alegados para a demissão estavam a situação financeira da Proguaru, os maus resultados operacionais, o número significativo de reclamações registradas por moradores junto à Ouvidoria Geral do Município ou diretamente à Câmara Municipal de Vereadores, além da avaliação de inviabilidade de recuperação econômica da empresa.
A prefeitura chegou a dizer, na época, que “com a iminente falência da empresa”, o encerramento das atividades visava a garantia dos direitos a todos os trabalhadores.
— O caso revela uma clara tentativa de censura e perseguição política de um sistema burguês que massacra os trabalhadores, com direito à juíza colocando o processo em segredo de justiça durante o período eleitoral sem que nem mesmo o prefeito tivesse solicitado isso (pelo menos não oficialmente, só se fez isso no particular…). Agora conseguimos derrubar isso e posso vir a público falar sobre o que está acontecendo e pedir a ajuda — disse o sociólogo.
Thiago abriu uma vaquinha online para ajudar nos custos com advogados, visto que a juíza Patrícia Padilha, da 3ª Vara Criminal do Fórum da Comarca de Guarulhos, também negou o direito à isenção das custas judiciais.
O GLOBO tenta contato com Guti.