A cidade natal de Adolf Hitler, Braunau, na Áustria, retirou dois nomes de ruas que homenageavam nazistas e colaboradores do terceiro reich, sob pressão de uma associação, informou à AFP um representante da oposição nesta quinta-feira.
— O debate, feito a portas fechadas, foi relacionado às ruas Josef Reiter e Franz Resl — declarou a vereadora social-democrata Martina Schäfer.
Ela acrescentou que “28 representantes votaram a favor e nove contra”.
O Partido da Liberdade (FPÖ), fundado por ex-membros do partido nazista e atualmente a principal força política do país, mostrou-se contrário à mudança.
Joseph Reiter (1862-1939) era um aliado de Adolf Hitler cuja cidadania honorária em Braunau já havia sido “revogada em 19 de março após nossa proposta”, detalhou Robert Eiter, membro do conselho administrativo do Comitê Austríaco de Mauthausen.
Franz Resl era um propagandista pangermanista e em 2023 a cidade de Linz já havia decidido renomear uma rua que levava seu nome.
Em 2016, o governo comprou a casa onde Adolf Hitler nasceu após longos debates e iniciou trabalhos para transformá-la, até 2026, em um posto policial. O local também deve receber um centro de formação para agentes de direitos humanos.
— O Comitê de Mauthausen considera que o uso memorial da casa seria preferível — explica Eiter.
O Comitê é uma rede de resistência que surgiu no campo de concentração de mesmo nome em 1944 e mantém contato constante entre os sobreviventes, organizando cerimônias memoriais. De acordo com o governo austríaco, a casa não será transforrmada em um memorial para que não se torne um local de peregrinação neonazista.
Na época do anúncio da reforma, o diretor austríaco Günter Schwaiger, que gravou um documentário no local, pediu às autoridades que voltassem atrás na decisão. Segundo o cineasta, transformar o local em uma delegacia significa “realizar o próprio desejo de Hitler”, já que o ditador defendia publicamente o uso administrativo das instalações da Alemanha Nazista.
A Áustria frequentemente enfrenta críticas sobre seu trabalho de memória e somente a partir de 1980 começou a examinar sua responsabilidade no Holocausto.
No total, 65.000 judeus austríacos foram assassinados e 130.000 forçados a partir para o exílio.