Líder do Campeonato Brasileiro, o Flamengo de Filipe Luís defendia uma invencibilidade de nove jogos e vivia um dos melhores momentos da temporada. Já o Vasco de Fernando Diniz precisava conviver com o fantasma do rebaixamento, mas, ao mesmo tempo, não perdia há quatro partidas e havia avançado à semifinal da Copa do Brasil. O cenário era favorável para um bom domingo de futebol. Ainda que o empate em 1 a 1, ontem, no Maracanã, tenha deixado a desejar tecnicamente, emoção e entrega não faltaram. Com mais domínio, o rubro-negro abriu o placar, mas desperdiçou chances claras para sair com os três pontos. Por outro lado, o cruz-maltino mostrou poder de reação e fica mais satisfeito com o resultado.
- Brasileiro: Filipe Luís lamenta empate do Flamengo com o Vasco: ‘Tivemos chances claríssimas para fazer o segundo gol’
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Visando o jogo de volta contra o Estudiantes, na quinta-feira, na Argentina, pelas quartas de final da Libertadores, o técnico Filipe Luís decidiu poupar cinco titulares: Varela, Léo Pereira, Arrascaeta, Samuel Lino e Pedro começaram no banco. Emerson Royal, Danilo, Carrascal, Everton Cebolinha e Bruno Henrique herdaram as vagas. Do lado cruz-maltino, Robert Renan e Carlos Cuesta formaram a dupla de zaga. O colombiano substituiu Lucas Freitas, suspenso pelo terceiro cartão amarelo.
Mesmo sem força máxima, o Flamengo buscou, desde o início do jogo, tomar as rédeas, ao seu estilo: construtor e ofensivo. E surtiu efeito. Após Cebolinha carimbar o travessão com um chute de fora da área, Royal ficou com a sobra e cruzou rasteiro para Bruno Henrique exigir milagre do goleiro Léo Jardim. No rebote, Carrascal emendou e desencantou com a camisa rubro-negra logo em sua primeira partida como titular.
No embalo da abertura do placar, o Fla até conseguiu pressionar o rival ao continuar subindo a marcação, mas teve mais posse de bola do que chances claras. Se o Vasco tinha dificuldades para chegar com perigo ao ataque — a primeira finalização foi apenas aos 20 minutos —, a bola parada apareceu como solução. Em cobrança de escanteio de Philippe Coutinho, Puma cabeceou firme, e Rossi se esticou todo para afastar a bola, que ainda bateu na trave. Cinco minutos depois, o mesmo cenário: o camisa 10 lançou na área, mas, desta vez, o goleiro argentino hesitou na saída e viu Rayan subir alto para deixar tudo igual.
— Não sei quanto o Rayan vale agora, mas ele deve valer hoje mais que o triplo do que quando estava para ser negociado. É um jogador que tem um poder de desequilíbrio gigantesco. Se não for o maior, ele está entre os maiores do país. Tem só 19 anos. Está aprendendo seu potencial. Tem muita estrada pela frente. O Rayan é um jogador raríssimo — elogiou Diniz.
Nos acréscimos do primeiro tempo, Lucas Oliveira recebeu cartão amarelo por uma falta dura em Plata, apesar dos pedidos de vermelho do banco de reservas rubro-negro. O zagueiro entrou no lugar de Robert Renan, que bateu de cabeça com o companheiro Cauan Barros e teve que sair em protocolo de concussão.
Com o empate, Filipe Luís começou, aos poucos, a usar sua “cavalaria” para buscar os três pontos no clássico. Antes dos 20 minutos do segundo tempo, Arrascaeta, Pedro, Samuel Lino e Viña já haviam entrado. Não à toa, a equipe passou a sufocar o adversário à medida que recuperava rapidamente a bola já no campo de ataque. Saúl acertou um chutaço no travessão, enquanto Pedro parou em Léo Jardim após trapalhada da zaga cruz-maltina.
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— Muitos jogadores que atuaram na quinta-feira (contra o Estudiantes) não se recuperaram. O jogo terminou por volta das 21h30, chegamos em casa quase às 2h da manhã, e hoje jogamos às 17h30, com muito calor. Optamos por começar com outros jogadores e deixar alguns para o segundo tempo, com o objetivo de tentar melhorar a equipe e dar mais força com as substituições. E foi nesse momento que conseguimos exercer nossa maior pressão, subindo a marcação em cima da defesa do Vasco — destacou Filipe Luís.
Mas erra quem pensa que Vasco só assistia ao domínio rubro-negro. Buscando contra-ataques em velocidade, o time de Fernando Diniz teve mais sucesso nessa estratégia com as saídas de Coutinho e Vegetti, que teve outra atuação apagada. David e Matheus França deram mais trabalho pelas pontas. O último, inclusive, quase cometeu a “lei do ex” ao receber na entrada da área após passe errado de Viña e chutar colocado para a defesa de Rossi.
No fim do jogo, o Flamengo ainda conseguiu criar oportunidades de perigo, mas pecou no terço final do campo. Filipe Luís lamentou justamente a falta de pontaria da equipe:
— Quando conseguimos manter a posse no campo deles, passaram a jogar apenas em transições, com lançamentos longos. Tivemos chances claríssimas para fazer o segundo gol. Eles também tiveram algumas oportunidades, mas nenhuma realmente clara.
Já Diniz exaltou o desempenho coletivo para frear um “time multimilionário que tem vários jogadores de seleção”. As declaraçãos dos treinadores representam bem o sentimento de cada torcedor após mais um disputado Clássico dos Milhões.