Dois homens usaram uma motosserra para derrubar a famosa árvore de Sycamore Gap, no norte da Inglaterra, em uma “missão imbecil” em 2023, e a derrubada foi filmada por um celular, disse nesta terça-feira um promotor no nordeste da Inglaterra. A árvore, um marco que ficava ao lado da Muralha de Adriano, um Patrimônio Mundial da Unesco, foi encontrada cortada ilegalmente em setembro de 2023.
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O julgamento dos dois réus — Daniel Graham, de 39 anos, e Adam Carruthers, de 32, ambos de Cumbria, na Inglaterra — começou nesta terça-feira, na Corte da Coroa de Newcastle, no nordeste do país, a menos de uma hora de carro de onde o tronco da árvore continua. Os homens se declararam inocentes das duas acusações de dano criminal.
Apresentando o caso contra os réus na manhã desta terça-feira, o promotor Richard Wright chamou o ato de uma “missão imbecil” e um “ato de dano criminoso deliberado e insensato”. Ele disse aos jurados que Graham e Carruthers dirigiram até o local, saindo da cidade vizinha de Carlisle, no final do dia 27 de setembro de 2023, para derrubar deliberadamente a árvore.
Wright afirmou que a árvore foi derrubada com uma motosserra em poucos minutos, usando métodos que indicam conhecimento técnico em derrubada de árvores, e que o ato foi filmado no celular de Graham.
O promotor contou ao tribunal que uma cunha retirada da árvore foi posteriormente fotografada ao lado de uma motosserra no porta-malas do Range Rover de Graham. “Isso talvez tenha sido um troféu levado da cena para lembrar-lhes de suas ações”, disse Wright, “ações que eles aparentemente estavam celebrando”.
Os promotores disseram que evidências retiradas dos celulares dos réus indicam que eles compartilharam postagens em redes sociais e notícias internacionais após a descoberta da árvore derrubada.
A promotoria disse que Graham, dono de uma empresa de construção, e Carruthers, que trabalhava com manutenção de imóveis e mecânica, eram amigos e haviam derrubado juntos outra árvore grande um mês antes. As acusações de dano criminal que enfrentam se referem tanto à árvore quanto à parte da Muralha de Adriano — uma fortificação romana que se estende por 112 quilômetros pelo norte da Inglaterra — sobre a qual ela desabou.
O julgamento deve durar duas semanas. Quando os homens foram formalmente acusados em abril de 2024, a chefe da investigação, a Detetive Chefe Inspetora Rebecca Fenney, pediu que o público evitasse especular online sobre o crime ou os acusados.
“Reconhecemos a força do sentimento da comunidade local e também de outras partes do país em relação à derrubada”, disse ela em um comunicado. “No entanto, lembramos às pessoas para evitarem especulações, inclusive online, que possam impactar o andamento do caso.”
Muitos lamentaram a destruição da árvore, um ícone que ficava na Muralha de Adriano, construída pelo exército romano no século II.
A árvore há muito era um ponto de referência e memória: local de pedidos de casamento e cerimônias de homenagem, presente em fotos de viagens inesquecíveis em família, colada em geladeiras ao redor do mundo. Ela também apareceu no filme “Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões”, de 1991. Ela tinha quase 200 anos quando foi cortada ilegalmente.
Em agosto, guardas-florestais notaram alguns brotos perto de sua base, um sinal inesperado de nova vida, e sementes e material genético coletados da árvore no ano passado também começaram a germinar. O National Trust pretende distribuir 49 mudas no próximo ano para perpetuar o legado da árvore.
Esse número é intencional, segundo Andrew Poad, gerente-geral da Muralha de Adriano, parcialmente administrada pelo National Trust. A árvore tinha 49 pés (cerca de 15 metros) de altura quando foi derrubada. E as mudas terão cerca de 30 centímetros ao serem entregues aos seus destinatários.