A morte do policial civil João Pedro Marquini, de 38 anos, da Corregedoria de Recursos Especiais (Core), é investigada pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Entre as duas principais hipóteses estão uma tentativa de assalto e o encontro com um “bonde” de criminosos. Em ambas situações, os principais suspeitos são traficantes do Comando Vermelho atuantes na comunidade César Maia, em Vargem Pequena, alvo de uma operação no domingo, quando o crime aconteceu.
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O corpo de Marquini foi encontrado na Serra da Grota Funda, divisa entre o Recreio dos Bandeirantes e Guaratiba. O local, desde a inauguração do túnel Vice-Presidente José Alencar, é rota de fuga de criminosos. Ainda na fase inicial das investigações, o caso tem uma série de perguntas a serem esclarecidas pela polícia:
A suspeita é de que criminosos oriundos da comunidade César Maia tenham participado do crime. O chefe de lá é o traficante Rodnei Lima de Freitas, o RD do Barbante, que teria comandado um ataque à favela do Antares, em Santa Cruz, antes da morte de Marquini. Na manhã de segunda-feira, policiais coletaram digitais do carro dirigido pelos suspeitos, um Tiggo 7, abandonado na César Maia.
A principal linha de investigação aponta para uma tentativa de assalto. A Serra da Grota Funda é considerada uma rota de fuga de criminosos, já que fica vazia durante boa parte do dia, em especial, de noite, quando a iluminação é deficitária. Contudo, a polícia não descarta outras possibilidades, como o encontro inesperado com um “bonde” armado.
As informações iniciais sobre o caso sugerem que o policial não reagiu aos criminosos, principalmente porque a arma dele foi encontrada no banco do carona, ao lado de um celular em chamada. No entanto, a DHC está colhendo mais materiais para entender como foi a abordagem.
A polícia tenda juntar informações sobre a dinâmica do assassinato. Até o momento, sabe-se que Marquini viu um Tiggo 7 atravessado na Serra da Grota Funda e, ao descer do Sandero que dirigia, foi baleado cinco vezes. Dois tiros o atingiram no peito. Ao perceber a situação, a juíza Tula Mello, que estava em outro carro, deu marcha ré e saiu da mira dos criminosos. O carro dela, um Outlander preto, foi alvejado com quatro disparos.
Na manhã de quarta-feira, um policial amigo de Marquini prestou depoimento. Ele teria recebido uma ligação do agente no momento do crime. A polícia ainda não revelou o conteúdo da conversa deles, que está em sigilo.
Marquini e Tula Mello foram à casa da mãe do agente, em Campo Grande, também na Zona Oeste, para buscar o Sandero, que estava na manutenção. Por volta das 21h, quando voltavam para casa, optaram dirigir pela Serra da Grota Funda. O local virou rota de fuga de criminosos após a inauguração do túnel Vice-Presidente José Alencar, que diminuiu a circulação de motoristas pela serra.
A abordagem a Marquini aconteceu próximo à Avenida Artur Xexéu 25023, sentido Recreio dos Bandeirantes. Na pista, quase não é possível ver câmeras de segurança ou demais sistemas de monitoramento. Para encontrar imagens, agentes da Delegacia de Homicídios da Capital vão refazer partes do trajeto.
O agente foi baleado e morreu ao lado do Sandero. Já Tula conseguiu fugir da situação e não se feriu.
A Coordenadoria de Recursos Especiais divulgou uma nota de pesar, afirmando que o policial era “respeitado e admirado por seus irmãos”, além de “uma referência” aos seus pares. “Por inúmeras vezes, colocou sua própria vida em risco para proteger seus irmãos e a sociedade, sempre com bravura e altruísmo. Tantos eventos heroicos permitiram que ele fosse promovido rapidamente ao posto mais alto de sua carreira: comissário de polícia”, diz trecho da nota.