Com relançamento nesta quinta-feira (27) em cópia estaurada e remasterizada em 4k, com status de cult, “Onda nova” (1983), da dupla José Antonio Garcia e Ícaro (Francisco) Martins, é considerado um clássico da chamada pornochanchada, subgênero brasileiro de filmes eróticos softcore muito populares entre os anos 1970 e 1980.
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Para produzir “Onda nova” os diretores precisaram recorrer a uma produtora da Boca do Lixo, a Olympus Filme, que seguia a tendência de grande parte das empresas de cinema daquela região do Centro de SP: realizar filmes eróticos de baixíssimo orçamento e alto retorno de bilheteria. Exatamente como fizeram com “O olho mágico do amor” (1982), o primeiro da chamada “Trilogia do Desejo”, que seria completa por “Onda nova” e depois por “A estrela nua” (1984).
Além da direção Garcia e Martins,e da produção da Olympus Filme, do produtor Adone Fragano, a “Trilogia do Desejo” tinha em comum a atriz Carla Camurati como protagonista. Saiba mais sobre os filmes:
O filme conta a história de Vera Gatta (Carla Camurati) uma jovem de 17 anos que começa a trabalhar como secretária na Sociedade Paulista de Amigos da Ornitologia, localizada na Rua do Triumpho, na chamada Boca do Lixo. Ao trocar a decoração de lugar, Vera descobre um buraco na parede, que dá para o apartamento vizinho, onde a prostituta Penélope (Tânia Alves) faz programas com seus clientes. Ao tentar encontrá-la, Vera acaba sendo violentada pelo cafetão da prostituta, o que a deixa em depressão. Sem esquecer o prazer voyeur, Vera volta a ver o apartamento, consegue matar o cafetão e encontrar Penélope.
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O longa acompanha as jogadoras do fictício Gayvotas Futebol Clube, no ano em que o futebol feminino foi regulamentado no Brasil, depois de quatro décadas de proibição, por meio de um decreto-lei de 1941, no Estado Novo de Getúlio Vargas. Carla Camurati liderava um elenco que ainda contava com Cristina Mutarelli, Cida Moreira, Regina Casé e Tania Alves, além de participações do faz-tudo Caetano Veloso, do então jogador e hoje comentarista Walter Casagrande e do locutor Osmar Santos, os três interpretando eles próprios. O filme foi censurado pela censura após uma única apresentação na Mostra de São Paulo, por conta de detalhes apontado pelos censores como “exibição de pelos pubianos”, “de pênis”, “prática de aborto”, “carícias e beijos lésbicos” e “uso de maconha”.
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No longa, Glorinha (Carla Camurati) é uma dubladora contratada para substituir a voz da atriz Ângela (Cristina Aché), que cometeu suicídio após o fim das filmagens. Mas Glorinha passa a ser perturbada por visões de Ângela, adquirindo novas personalidades, problemas amorosos e tendências suicidas da falecida atriz.

