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É hora de investir no roteiro, a argamassa dos filmes

BRCOM by BRCOM
março 23, 2025
in News
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Capa do audio - Vera Magalhães - Viva Voz

Tudo o que vemos nas telas foi antes escrito num roteiro audiovisual. Ou deveria ter sido escrito, pelo bem da história a ser contada e para o uso racional de recursos financeiros. O roteiro é o texto técnico e artístico elaborado a partir de uma ideia e de muita pesquisa sobre o universo e os personagens que movem a narrativa. É nele que se define que história contar e como contá-la.

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O desenvolvimento de um roteiro envolve a constante troca do roteirista com pares, diretores, produtores, testar caminhos diversos, múltiplas versões. Um trabalho cuidadoso que pode levar anos. No caso de “Ainda estou aqui”, Oscar de melhor filme internacional, foram sete. O projeto foi levado inicialmente pelo diretor Walter Salles e pelo roteirista Murilo Hauser a um núcleo criativo, em que roteiristas compartilham e discutem seus projetos, depois reescrito muitas vezes por Hauser e Heitor Lorega, também coautor do filme, até os últimos instantes da filmagem.

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Concepção da ideia, pesquisa, roteiro, elaboração do orçamento compõem a fase de desenvolvimento de uma obra audiovisual. Os investimentos públicos no setor no Brasil, no entanto, têm ignorado nos últimos anos essas etapas, contrariando a lógica comum em todos os mercados internacionais. Gestores preferem destinar recursos diretamente à fase seguinte e mais custosa, a produção, em que são contratados profissionais, locações e se começa a filmar. Correndo o risco, portanto, de investir em projetos mal estruturados, que não cumprirão seus objetivos artísticos e comerciais.

Desde 2018, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), principal fonte pública de recursos para o setor no país, não oferece linhas de financiamento para desenvolvimento. Segundo a publicação “Desenvolvimento de impacto”, do Projeto Paradiso e Hubert Bals Fund, “entre 2014 e 2018, menos de 6% dos recursos do FSA foram direcionados a editais de desenvolvimento, enquanto a produção recebeu 63% da verba”. Em comparação, o Creative Europe — programa de financiamento da União Europeia — investiu 15% dos seus recursos em linhas de desenvolvimento, só em 2022.

Entre 2023 e 2024, 3.200 projetos de produção pediram financiamento ao FSA, mas apenas 13% foram selecionados, informou ainda a publicação.

— Será que não faz mais sentido destacarmos recursos para aperfeiçoar o desenvolvimento do que apenas estimular novos projetos? — questionou o diretor-presidente da Agência Nacional de Cinema, Alex Braga, diante dos dados.

Para 2025, a agência optou por não fazer nenhum edital desse tipo, deixando para estados e municípios investirem nas etapas de desenvolvimento. Alegou resistência do Tribunal de Contas da União.

É urgente, portanto, que a Ancine busque o entendimento da Corte sobre o potencial estruturante e economizador dos investimentos em desenvolvimento e que gestores municipais e estaduais cubram essa lacuna, financiando núcleos criativos, como aquele em que o projeto de “Ainda estou aqui” deu seus primeiros passos.

Quando o filme ganhou o prêmio de roteiro neste ano, no Festival de Veneza, Walter Salles disse que a distinção recebida abraçava toda a obra, porque “o roteiro é sua argamassa”. É hora, portanto, de investir na argamassa de nossos filmes, séries e novelas. Os resultados serão economia de recursos e histórias melhores nas telas.

*André Mielnik é presidente da Associação Brasileira de Autores Roteiristas

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