Aos 86 anos de idade, Farah Pahlavi preserva um estilo de vida compatível com o de um monarca: roupas de grife; mansões espalhadas ao redor do mundo; festas com shows particulares de estrelas da música; e eventos luxosos patrocinados pelo próprio instituto beneficente. Mas apesar da agenda ocupada e da imagem envolta de pompa e luxo, a ex-imperatriz do Irã (ou ex-Xabanu, em persa, idioma local), está há quase 50 anos afastada do trono de sua terra natal. Farah foi deposta junto do marido, o imperador pró-Ocidente Mohammad Reza Pahlavi, em 1979, ano da Revolução Islâmica comandada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini que subiu ao poder e instaurou o atual regime republicano.

Começou então para ela e sua família um longo exílio que já dura 46 anos e que inclui desgostos e tragédias, como a perda do marido, morto no Egito em 1980, e o suicídio de dois de seus quatro filhos. Hoje, Farah divide seu tempo entre dois lares: sua cobertura em Paris, com vista para o Rio Sena; e Washington, onde normalmente fica hospedada em uma mansão da família onde hoje mora seu filho mais velho e Príncipe Herdeiro do Irã, Reza Ciro.

Em entrevistas recentes, a ex-monarca afirmou que continua em contato com o povo de seu país e expressou, mesmo antes dos últimos conflitos com Israel, a insatisfação com o governo republicano do país do Oriente Médio. — Ainda espero que os aiatolás caiam e que o povo seja livre — disse em janeiro durante entrevista à veículos internacionais.

A última aparição pública de Farah Pahlavi aconteceu no último dia 6 de junho, quando a filantropa esteve em Paris para a celebração do casamento de sua neta, Iman Pahlavi. A jovem é uma das três filhas de Reza Ciro Pahlavi e se casou com o empresário norte-americano Bradley Sherman.

O casal já havia se casado no civil um mês antes em Nova York, onde moram, mas ambos escolheram a capital francesa para realizar a festa, que foi organizada de acordo com a cultura tradicional do Irã. A celebração contou com a presença de nomes da alta sociedade dos Estados Unidos e do país do Oriente médio como o cantor Arash Labaf, maior nome da música popular iraniana, que se apresentou durante a cerimônia.

A matriarca da família real esteve presente no casamento com um terno decorado com pedras preciosas, e participou de um rito de passagem, no qual coroou a neta com a tiara usada no próprio casamento, em 1959, quando ganhou o título de nobreza. A peça foi confeccionada pela joalheria americana Harry Winston em ouro e prata, além de ter sido decorada com um diamante considerado um dos mais valiosos da história. O ítem é um símbolo do estilo luxuoso que marcou o período de Farah como imperatriz.

Em 1962, durante uma visita Estados Unidos, a monarca ganhou notoriedade na imprensa americana por chegar ao país com um vestido incrustado de jóias e bordado com fios de ouro que, segundo noticiários da época, chegou a ‘ofuscar’ a então primeira-dama Jackie Kennedy, esposa de John F. Kennedy.

A imperatriz do Irã, Farah Pahlavi (centro) e o imperador Mohammed Pahlavi (centro), junto do presidente americano, Jonh F. Kennedy (direita) e da primeira-dama, Jackie Kennedy (esquerda) — Foto: Reprodução: farahpahlavi.org

Desde o ano de 1976, a ex-imperatriz iraniana está à frente de sua própria organização, a Fundação Xabanu Farah Pahlavi, que se dedica, entre outras coisas, a preservar o patrimônio cultural, artístico e histórico do Irã e das sociedades que ocuparam o local onde hoje fica a República Islâmica.

Com a saída apressada do país em 1979, a família real não pôde levar consigo muitos de seus objetos mais valiosos. Mas, algum tempo depois, vários compatriotas da alta sociedade que também deixaram o Irã venderam ou presentearam a mulher com obras de arte e outras peças do país, que ela acolheu na Fundação.

—Pensei que a Fundação poderia contar a história e a cultura do Irã e que um dia, com sorte, quando as coisas mudarem no país, tudo isso poderá voltar a ser como antes —, disse a ex-imperatriz há dias, em referência à entidade que leva seu nome.

A entidade também realiza trabalhos filantrópicos de diferentes tipos, especialmente voltados ao empoderamento feminino e à educação, por meio de bolsas e prêmios que são concedidos àqueles que, de acordo com a fundação, realizam “contribuições destacadas no Serviço Público, nas Artes e Cultura e na Liderança Juvenil”.

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