Edison Alcaide, de 36 anos, tinha apenas 18 quando viu, pela primeira vez, no distrito de Stockwell, em Londres, o memorial em homenagem a Jean Charles de Menezes. Recém-chegado à cidade, o ator hispano-brasileiro nem imaginava que, quase duas décadas depois, daria vida ao eletricista mineiro assassinado pela polícia britânica em 2005, confundido com um terrorista. A história é tema da série “Caso Jean Charles: um brasileiro morto por engano”, do streaming Disney+, seu primeiro trabalho na TV.
“Desmistificamos Jean como alguém agressivo ou reativo à abordagem policial”, conta Edison, que se divide entre Jerez, na Espanha, onde nasceu e terra de sua mãe, Maria José Alcaide Poyatos, e Londres. “Pesquisei muito e descobri que Jean era apaixonado pela família e por outras culturas, assim como eu.”
Edison se mudou aos 4 anos com a família para Curitiba, cidade de seu pai, já falecido, e por lá morou até a maioridade, antes de se aventurar em um mochilão pela Europa e estabelecer-se na capital inglesa. Enquanto trabalhava como vendedor de loja, estudou atuação na Kingston College e na Identity School of Acting, arriscando-se em comerciais e outros trabalhos que, por vezes, não aconteciam. “Embora tenha sentido muita frustração e rejeições na área, nunca pensei em desistir.”
Para o produtor Kwadjo Dajan, era essencial o protagonista da série ser alguém com “calor humano e uma força silenciosa”. Ele conta que mais de 100 atores se inscreveram para os testes. “Mas, desde o início, era claro que Edison tinha um algo a mais, uma qualidade especial, difícil de descrever em palavras. Ele sempre entendeu a responsabilidade desse personagem.” Agora, os novos voos do ator incluem trabalhar e voltar a morar no Brasil. “Com certeza, no Rio. Sinto saudades e sonho acordado com o meu próprio país.”
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