BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result
No Result
View All Result
BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result

da relação de ‘coligados’ ao confronto aberto após execução pirotécnica na fronteira; entenda

BRCOM by BRCOM
maio 4, 2025
in News
0
A arma de guerra usada para executar o “Rei da fronteira” — Foto: Divulgação

Desde a fundação das facções até 2016, o Comando Vermelho, nascido no fim da década de 1970, e o Primeiro Comando da Capital, surgido em 1993, mantinham uma convivência pacífica. Em um dos primeiros estatutos da facção paulista, o CV é, inclusive, tratado como “coligado”. Na cadeia, presos das duas organizações compartilhavam o mesmo pátio no banho de sol, jogavam futebol juntos e chegavam até a dividir cela. Na rua, os criminosos de ambas as quadrilhas eram parceiros em seus negócios ilegais. Atacadistas no mercado de venda de drogas, não só compravam do mesmo fornecedor, como também despachavam a mercadoria da fronteira com Paraguai, Peru, Bolívia e Colômbia para seus respectivos centros de distribuição nos estados em um mesmo carregamento.

  • Veja mais detalhes: PCC e CV rompem trégua estabelecida em fevereiro
  • ‘Regionalidades’, perfil organizacional, interesses territoriais: entenda as disputas que levaram ao fim da trégua entre CV e PCC

O relacionamento, no entanto, começou a azedar em 15 de junho de 2016, quando o traficante Jorge Rafaat Toumani, o “Rei da fronteira”, na época o principal empecilho para o crescimento do PCC no Paraguai, foi executado com mais de cem tiros de metralhadora .50 em Pedro Juan Caballero, cidade do país vizinho que faz divisa com Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. O assassinato cinematográfico foi planejado por um consórcio de criminosos, interessado em tirar Toumani do negócio e tomar o controle da fronteira.

A arma de guerra usada para executar o “Rei da fronteira” — Foto: Divulgação

Naquele tempo, integrantes da cúpula do PCC já estavam descontentes com o CV, que vinha filiando presos de grupos rivais à facção paulista em vários estados. A execução pirotécnica, no entanto, acabou entornando o caldo: as quadrilhas romperam um pacto de não agressão que já durava mais de 20 anos e entraram numa guerra aberta por rotas.

A facção paulista, que declarou guerra aos ex-aliados em um comunicado geral escrito à mão e enviado a todos os presídios dominados pelo grupo, se impôs e passou a controlar a chamada Rota Caipira, que sai do Paraguai e chega ao Porto de Santos, onde a droga é remetida à Europa. Já o CV — que ainda não contava com uma atuação expressiva em outros estados — se viu obrigado a buscar aliados pelo país em busca de novos fornecedores e corredores de escoamento de entorpecente e armas.

Se o PCC, mais voltado ao tráfico internacional, já estava presente na maior parte do território brasileiro, o conflito impulsionou a nacionalização do CV. Sem acesso à Rota Caipira, membros da cúpula fluminense fecharam parcerias com criminosos da Região Norte dentro de penitenciárias federais para assumir a Rota do Solimões — nela, a droga da Colômbia e do Peru entra no país pela Amazônia e é escoada pelo rio até Manaus, de onde segue para outros estados ou para fora do Brasil.

Pouco a pouco, a quadrilha foi absorvendo os grupos locais com os quais havia se associado. Dessa maneira, em pouco mais de cinco anos, a facção se espraiou pelo Norte e pelo Nordeste, espalhando o conflito por todo o país.

Policiais que investigam as duas facções apontam que a ruptura mais recente ocorreu justamente por disputas regionais, impulsionadas pelos diferentes perfis organizacionais de cada facção. O PCC tem hierarquia clara, estrutura piramidal rígida e uma cúpula que toma as decisões a serem seguidas por todos os membros. Já o CV é organizado em um esquema de franquias nos diferentes estados, com lideranças regionais autônomas. Por essa razão, o acordo recente, fechado pelas cúpulas das organizações dentro das cadeias e rapidamente desfeito, não foi bem recebido pela base das facções em alguns locais.

— Se o PCC dá uma ordem, um “salve” geral aqui em São Paulo, ela é acatada no Brasil todo. O Comando Vermelho não. Os estados têm a bandeira do CV, precisam seguir as determinações gerais estabelecidas. Mas, localmente, são os líderes de cada lugar que resolvem se vão se aliar a determinado grupo, se vão decretar guerra dentro do estado, se vão matar alguém. Não precisa passar pelo Rio de Janeiro — explica o promotor Lincoln Gakiya, do MP-SP.

Outra diferença fundamental entre as organizações diz respeito à rigidez de seus estatutos. Enquanto o CV tem normas mais flexíveis e suscetíveis às vontades e interesses do chefe local, os “tribunais do crime” do PCC são mais rigorosos. Se uma determinação é descumprida, o infrator é submetido a um julgamento, com ritos, hierarquia e penalidades definidas. Nos “debates”, as sessões de julgamento, são definidas as penas para cada crime, que podem ser de uma simples “coça” até a expulsão ou morte.

Outro motivo que colaborou para o rompimento atual foi o descumprimento de uma regra sagrada do PCC pelo CV: nunca mexer com a família de um inimigo. Se um integrante da facção ou associado tem uma dívida, é dele que a organização deve cobrar. Durante a vigência do acordo, porém, um chefe da quadrilha fluminense teria convocado um integrante do grupo paulista para prestar esclarecimentos sobre um atraso de pagamento. Como o devedor não compareceu, o criminoso teria ordenado a morte de um parente, colocando a aliança em xeque.

da relação de ‘coligados’ ao confronto aberto após execução pirotécnica na fronteira; entenda

Previous Post

Cruciais para acordo, rotas do tráfico podem alavancar conflitos após fim da trégua entre CV e PCC

Next Post

‘O maior desafio foi fazer um filme sobre abuso sem trazer mais violência’, diz Marianna Brennand, diretora premiada em Veneza e Cannes por ‘Manas’

Next Post
Cena do filme 'Manas', de Marianna Brennand, que foi selecionado para Festival de Veneza — Foto: Divulgação

'O maior desafio foi fazer um filme sobre abuso sem trazer mais violência', diz Marianna Brennand, diretora premiada em Veneza e Cannes por 'Manas'

  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.

No Result
View All Result
  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.