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Desastres climáticos causam perdas de US$ 368 bi

BRCOM by BRCOM
setembro 30, 2025
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Prejuízo causado por desastres naturais — Foto: Editoria de Arte/O Globo

No ano passado, o mais quente já registrado, desastres naturais causaram perdas de pelo menos US$ 368 bilhões no mundo, provocadas sobretudo por ciclones tropicais, tempestades severas e enchentes. Foi o nono ano consecutivo com prejuízos superiores a US$ 300 bilhões, 14% acima da média do século. Para as seguradoras, os danos custaram US$ 145 bilhões — o sexto maior montante registrado.

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Os dados são da Aon, multinacional britânica especializada em seguros e análise de riscos. A conta deve seguir em alta nas próximas décadas. Quanto maior a inação diante das mudanças climáticas, maiores os prejuízos, mostram projeções da S&P Global e estudo da Universidade de Cambridge em parceria com o Boston Consulting Group (BCG), divulgados neste ano.

A transição energética é fundamental: 68% das emissões de gases de efeito estufa vêm do setor de energia, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), embora no Brasil a principal fonte seja o desmatamento.

— Mais de três quartos da demanda por energia mundial é atendida por combustíveis fósseis — diz Emilio Lebre La Rovere, coautor de relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) e professor da Coppe/UFRJ.

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O Acordo de Paris prevê manter o aumento médio da temperatura abaixo dos 2oC em relação aos níveis pré-industriais, com esforços para limitá-lo a 1,5oC, marca já atingida no ano passado. Mas a concretização da meta parece pouco provável.

— Estamos atrasados na transição energética — diz La Rovere.

Prejuízo causado por desastres naturais — Foto: Editoria de Arte/O Globo

Ele argumenta que seria preciso zerar as emissões líquidas até a metade do século para estabilizar a temperatura em até dois graus, mas os dois países mais populosos do mundo, China e Índia, anunciaram o compromisso de zerar suas emissões líquidas só em 2060 e 2070, respectivamente. Além disso, EUA, vice-campeões em emissões, só atrás dos chineses, abandonaram o acordo no governo Trump.

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  • Queda anual do PIB de 4,4%
  • Subsídio a combustível fóssil
      • Desastres climáticos causam perdas de US$ 368 bi

Queda anual do PIB de 4,4%

Segundo a S&P, se tivermos aquecimento médio de 2,1°C até 2050, o PIB global pode cair anualmente 4,4% se os países não implementarem medidas de adaptação às mudanças do clima.

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Pelo estudo de Cambridge e do BCG, se a temperatura global subir 3°C até 2100, as perdas podem chegar de 15% a 34% do PIB global. Em contrapartida, limitar o aquecimento a 2°C reduziria os danos a algo entre 2% a 4% do PIB. Esse esforço exigiria investimentos entre 1% e 2% do PIB global na redução das emissões de gases de efeito estufa e em medidas de mitigação. Seja como for, a conta chegará.

— As mudanças climáticas reduzirão a renda em todos os países e setores, afetando do transporte à manufatura e ao varejo, e não apenas a agricultura e outros setores comumente associados à natureza — diz o coautor da pesquisa Kamiar Mohaddes, codiretor do climaTRACES Lab da Universidade de Cambridge.

Entre os danos, o estudo menciona redução da biodiversidade e oferta de alimentos, perda da produtividade causada pelo calor e da realocação do capital para atividades não produtivas, como construção de diques, disrupção na cadeira de suprimentos e comércio e instabilidade financeira com desvalorização de ativos e riscos de crédito.

— O custo de não descarbonizar é tornar grandes áreas do mundo inabitáveis na segunda metade do século, e não há como calcular o preço disso agora — diz José Eli da Veiga, professor sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP.

Entre os prejuízos já registrados no Brasil, as enchentes do Rio Grande do Sul do ano passado são um exemplo. O prejuízo foi estimado em R$ 88,9 bilhões pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

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Se no sul chove mais, mais ao norte chove menos. Estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que o número de dias secos seguidos no Brasil aumentou de 80 a 85 para cerca de cem dias nas décadas mais recentes.

Para Eduardo Assad, professor da FGV e ex-secretário nacional de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, o impacto na agricultura é evidente. Segundo ele, nos últimos cinco anos, as perdas no setor chegaram a R$ 300 bilhões — resultado do descompasso entre a colheita prevista e a efetivamente obtida:

— Culturas de verão, como milho e soja, foram especialmente afetadas pelo calor em estados como Piauí e Maranhão e, em casos mais extremos, também atingidas por chuvas intensas no sul do país.

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Ele diz que secas contribuíram para perdas de 12,5% na produção de café do tipo arábica no ano passado.

Segundo estudo da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a disponibilidade hídrica pode cair mais de 40% em regiões hidrográficas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste até 2040, prejudicando, além de plantações, a geração de energia hidrelétrica e o abastecimento de cidades.

No Parque Indígena do Xingu, o calor e a seca vêm reduzindo a disponibilidade de três alimentos básicos: peixe, mandioca e pequi.

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Quem conta é Ayakanukala Waija, coordenador de campo da pesquisa da Fiocruz que estuda o impacto das mudanças climáticas na população do Alto Xingu. Segundo ele, as aldeias vêm comprando alimentos industrializados, como molhos prontos, macarrão e bolacha:

— Subiu o número de casos de pressão alta.

O calor por si só pode prejudicar a saúde. Segundo Sandra Hacon, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde da Fiocruz, no Brasil as internações por problemas cardiovasculares aumentam na média 6% em dias mais quentes. E entre as pessoas com comorbidades e expostas a altas temperaturas, os casos de derrame aumentam de 8% a 11%.

Subsídio a combustível fóssil

Além disso, a poluição do ar está associada a 8 milhões de mortes em 2021, por doenças cardíacas, AVC, diabetes e câncer, mostra estudo do Health Effects Institute (HEI) em parceria com a Unicef.

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E essa conta do atraso na transição energética é paga pelo contribuinte.

— Subsídios federais à produção e ao consumo de óleo, gás fóssil e carvão mineral alcançaram R$ 81,74 bilhões em 2023, a maior parte vinda de regimes especiais de tributação — diz Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima.

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