Drones de origem desconhecida sobrevoaram aeroportos civis e militares da Dinamarca pela segunda noite consecutiva na quarta-feira, em uma operação que o Ministério da Defesa do país escandinavo denunciou nesta quinta como “sistemática” e provocada por um “ator profissional”, classificando como um “ataque híbrido”. A Otan emitiu uma manifestação, afirmando acompanhar o caso com seriedade, enquanto a Rússia rejeitou especulações sobre seu envolvimento na perturbação do tráfego aéreo europeu.
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— Não há dúvida de que tudo indica que se trata da obra de um ator profissional, quando falamos de uma operação tão sistemática em tantos lugares e praticamente ao mesmo tempo — disse o ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, em uma entrevista coletiva.
Os dispositivos foram observados sobre os terminais aéreos de Aalborg — um dos maiores do país, localizado no norte —, Esbjerg (oeste), Sonderborg (sul) e a base aérea militar de Skrydstrup. Os drones voaram com as luzes acesas e foram observados do chão, mas não foi possível determinar o tipo de aparelho ou o motivo do sobrevoo. O aeroporto de Aalborg permaneceu fechado por várias horas, afetando voos previstos para o período noturno.
Incidentes anômalos foram identificados em diferentes aeroportos europeus nos últimos dias. Drones sem identificação foram detectados sobre o aeroporto da capital dinamarquesa, Copenhague, assim como sobre o aeroporto de Oslo, na Noruega, interrompendo o tráfego aéreo por horas na segunda-feira. No fim de semana passado, os aeroportos de Bruxelas, Londres, Berlim e Dublin foram afetados por um ataque cibernético, que não teve a origem determinada.
Os incidentes aconteceram após a incursão de drones russos na Polônia e Romênia, além de aviões de combate de Moscou no espaço aéreo da Estônia. No caso específico da Dinamarca, os drones surgem uma semana após o país anunciar a aquisição, pela primeira vez, de armas de longo alcance de precisão, por considerar que a Rússia representará uma ameaça “por muitos anos”.
As autoridades europeias não fizeram nenhum tipo de correlação direta, mas a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, em meio às tensões provocadas pela guerra na Ucrânia, afirmou após o caso na segunda-feira que “não descartava” a possibilidade de participação russa. Moscou rejeitou especulações sobre sua participação nesta quinta.
“É evidente que os incidentes envolvendo interrupções relatadas em aeroportos dinamarqueses são uma provocação encenada”, afirmou a Embaixada da Rússia na Dinamarca em publicação nas redes sociais. “O lado russo rejeita firmemente as especulações absurdas de envolvimento”.
A polícia dinamarquesa abriu uma investigação, em colaboração com o Exército e com serviços de inteligência, para esclarecer as circunstâncias dos incidentes, enquanto o governo anunciou a compra de novas ferramentas “de detecção e neutralização de drones”. Apesar dos sobrevoos até o momento não terem sido considerados uma ameaça militar — os drones não foram abatidos, e se retiraram dos locais sem interferência —, o conjunto de ações foi apontado por autoridades como parte de uma “guerra híbrida”.
— O objetivo desse tipo de ataque híbrido é semear o medo, criar divisão e nos assustar — declarou o ministro da Justiça dinamarquês, Peter Hummelgaard.
Em um sinal de reconhecimento da gravidade do caso, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, falou por telefone com Frederiksen nesta quinta — a Dinamarca recebe chefes de Estado e de Governo da UE na próxima semana para uma reunião de cúpula.
“Acabei de falar com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, sobre a situação dos drones, que levamos muito a sério”, escreveu Rutte em um comunicado divulgado na rede social X. “Os Aliados da OTAN e a Dinamarca estão trabalhando para ver como podemos garantir a segurança de nossa infraestrutura crítica”. (Com AFP)