O Industrial Transition Accelerator (ITA) é uma iniciativa global multissetorial com o objetivo de destravar os investimentos em descarbonização de setores industriais e de transporte com altas emissões de gases de efeito estufa.
Marc Moutinho, representante do ITA no Brasil, concorda com o potencial do país para atrair este tipo de investimento, mas alerta que faltam projetos economicamente viáveis.
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Quais são as oportunidades de investimento no Brasil em projetos de indústria limpa?
São cerca de US$ 55 bilhões, com base nos últimos números. Esse é o valor requerido pelas plantas em desenvolvimento. Nosso rastreador contou 23 desses projetos em desenvolvimento no país, mas eles ainda não chegaram à decisão final de investimento.
Todo o dinheiro de que precisamos está em algum lugar, disponível, pronto para ser acionado. O que falta são projetos economicamente viáveis. E é por isso que esse é o foco do trabalho do ITA no Brasil.
Mas será possível concretizá-los?
O país tem todos os ingredientes para ser um líder na indústria verde. Matriz elétrica limpa, abundância de energias renováveis, recursos naturais como minério de ferro, bauxita e muita disponibilidade de bioenergia. Mas ainda há trabalho para fazer e criar as condições para viabilizar estes projetos. Isso é um desafio em todo o mundo.
Quais são os obstáculos para esse investimento verde crescer?
Nos projetos verdes, há alguns pontos que ainda impedem retornos atrativos. E por isso, os investidores hesitam um pouco. Por exemplo, falta mercado e demanda para produtos industriais verdes. É preciso ter compradores dispostos a pagar um determinado preço para viabilizar o projeto economicamente.
Políticas públicas podem ter um impacto forte no desempenho de um projeto verde e até mesmo criar a demanda por esses produtos. No Brasil, por exemplo, para o SAF, combustível sustentável de aviação, será criado um mercado para o produto, viabilizando projetos para produzir esse combustível (através da lei federal Combustível do Futuro, que estimula a produção de biocombustíveis).
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O custo alto do capital também atrapalha?
É um desafio que o Brasil enfrenta, mas também outras economias emergentes. Pode-se ter um projeto economicamente viável e o investimento ser atrativo, mas o capital caro pode inviabilizar.
Como o ITA ajuda a destravar esses investimentos?
Criando, por exemplo, instrumentos financeiros (como uma espécie de fundo com capital público e privado) que garantem previsibilidade de receita. No Brasil, por exemplo, há oportunidade de produzir fertilizantes à base de hidrogênio verde.
Mas os preços do setor são muito voláteis internacionalmente, e o investidor prefere contratos de curto prazo. O fundo seria usado quando os preços estão em baixa, por exemplo.
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Como a realização da COP30, em Belém, em novembro, pode ajudar a destravar investimentos verdes?
A COP30 é para o ITA uma espécie de plataforma para nossos projetos, de como conseguir a transição verde, não só no Brasil. Vamos trazer essa solução financeira que desenvolvemos para os fertilizantes para o encontro, e ela pode inspirar soluções parecidas em outros países.