Na véspera do anúncio do Nobel de Literatura, dois nomes despontam entre os favoritos: o suíço Christian Kracht, figura central da literatura de língua alemã contemporânea, e o australiano Gerald Murnane, autor cult cuja obra singular o transformou em um dos últimos grandes “eremitas” das letras anglófonas.
Longe dos favoritos, dois brasileiros chegaram a aparecer na lista do site de apostas NicerOdds: o romancista manauara Milton Hatoum e a poeta mineira Adélia Prado. Junto com eles estão autores que há anos figuram entre os “nobelizáveis”, como o romeno Mircea Cărtărescu, o húngaro László Krasznahorkai, a canadense Anne Carson, a chilena Isabel Allende, o francês Michel Houellebecq, o japonês Haruki Murakami e o indiano Amitav Ghosh.
O anúncio oficial será feito nesta quinta-feira, 9, às 8h (horário de Brasília), pela Academia Sueca. No ano passado, a vencedora foi a autora sul-coreana Han Kang, de “A vegetariana”.
Nos bastidores da Academia Sueca, o nome de Christian Kracht tem circulado com insistência. O escritor, de 58 anos, foi recebido com destaque durante o último Salão do Livro de Gotemburgo — evento no qual, segundo observou o editor cultural Björn Wiman, do Dagens Nyheter, “todos os membros da Academia estavam presentes na primeira fila”. O gesto foi interpretado como um sinal inequívoco de interesse, assim como ocorreu em 2004, pouco antes da austríaca Elfriede Jelinek ser consagrada com o Nobel.
Gerald Murnane, o recluso genial
Outro nome que domina as apostas é o do australiano Gerald Murnane, nascido em 1939 e conhecido por seu estilo introspectivo e por nunca ter deixado seu país natal. Vive recluso no interior do estado de Victoria, onde escreve sobre memória, paisagem e imaginação. Seu livro “As planíces” (1982), ambientado em um território simbólico habitado por proprietários rurais, foi lançado no Brasil pela Todavia no ano passado.
A brincadeira nos bastidores é que, caso ganhe, Murnane seja difícil de contatar. Membros da academia acreditam que ele não tenha telefone em casa.
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O continente sul-americano não recebe o prêmio desde 2010, quando o peruano Mario Vargas Llosa, falecido em abril deste ano, foi reconhecido por sua trajetória literária. Podem quebrar este jejum o chileno Raúl Zurita, o argentino César Aira e a mexicana Cristina Rivera Garza. Outra que aparece na bolsa de apostas é a poeta uruguaia, de 101 anos.
Também poeta, a mineira Adélia Prado, de 89 anos, chegou a aparecer em 42º lugar na lista de cotados do NicerOdds, com chances de 30/1 (uma em trinta de ganhar). Considerada uma das maiores autoras brasileiras vivas, ela acaba de lançar o livro “O jardim das oliveiras. Já Milton Hatoum chegou a aparecer com chances de 24/1. Ambos poderão ser os primeiros autores brasileiros a levar o prêmio. O único escritor lusófono agraciado pela academia sueca foi o português José Saramago, em 1998.