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‘É uma loucura estar sóbrio’

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outubro 24, 2025
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'Lei it burn - Deixa arder', terceiro álbum solo de Chico Chico — Foto: Divulgação

Aos 32 anos, Francisco Ribeiro Eller, o Chico Chico, diz que muito mudou nos últimos tempos. Já os temas das suas músicas, não — continuam sendo “a minha vida, as vidas dos outros, coisas que eu acho bonitas, as coisas que me afligem”. Eles estão em “Let it burn — deixa arder” (Deck), seu terceiro álbum solo. Posando na capa em uma foto vermelho-fogo, o filho de Cássia Eller tinha muito a dizer — e com urgência. O disco chega ao streaming nesta sexta, 24 de outubro, com 20 faixas (“como dos velhos tempos”, observa), 16 delas compostas por Chico (e nove destas só por ele).

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O título bilíngue (de um álbum com canções em português e inglês e, às vezes, com as duas línguas na mesma canção, como a faixa-título) foi a artimanha do compositor para deixar abertas as possibilidades de sentidos para as letras. Por pouco, aliás, o disco não se chamou “Farsa”, outra das canções que compôs sozinho e em que expressa as angústias de um autor de canções (“temo que, em silêncio/ a palavra me traia, ou pareça certa/ tenho horror a conversas/ eu sou apenas um cantor”).

— Gosto dessa ideia da farsa, porque a galera tem muito a imagem do que é um artista, do que é que eu sou e do que é um músico, mas na verdade não é nada disso… e é tudo isso também — complica Chico, cuja vida foi se esquivar dos holofotes que eram jogados sobre “o filho da Cássia”. — O eu-lírico das canções pode ser o que sou, mas não é só o que sou. A gente não é uma coisa só.

‘Lei it burn – Deixa arder’, terceiro álbum solo de Chico Chico — Foto: Divulgação

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  • ‘Meio Roberto Carlos’
      • ‘É uma loucura estar sóbrio’

‘Meio Roberto Carlos’

Com show de lançamento no Rio repleto de participações especiais (Lenine, Josyara, Posada, entre outros) no dia 13 de novembro, no Circo Voador, na Lapa, “Let it burn — deixa arder” foi revelado aos poucos, numa série de singles. O último lançado foi o fox “Tempo de louças” — a última faixa a ser gravada (e a ser composta). Chico pediu ao produtor Pedro Fonseca (seu pianista, arranjador e braço direito, além de amigo dos tempos do colégio) que armasse para a canção “um negócio meio Roberto Carlos”. Conseguiu gravá-la com três músicos da banda que acompanhava Cássia Eller: Walter Villaça (guitarra), João Viana (bateria) e Fernando Nunes (baixo).

— Essa música é um standard, quase, sobre vida a dois, sobre enxoval. Veio na mesma inspiração que eu tive para fazer “Tanto pra dizer” (outra das faixas do álbum antecipada em single). Só que uma é briga e a outra, reconciliação. E feitas nessa ordem, o que é melhor, né? (risos) — entrega Chico, referindo-se à mulher, a atriz Luísa Arraes. — Tô bem mais caseiro agora, só de ter conhecido ela já mudou muita coisa. “Tempo de louças” veio quando estava dormindo. Sonhei que lia uma cifra que era dessa música. Acordei, nem abri o olho para não desconcentrar, corri para o violão e toquei a cifra.

Surpreendente faixa de “Let it burn – deixa arder” é a balada folk “Heal me”, feita por Chico com Pedro Fonseca e Kadu Mota, guitarrista de sua banda. Com versos como “heal me now/ heal me from me” (“cure-me agora/ cure-me de mim mesmo”, em tradução livre), essa é “a música que fala exatamente dessa nova vida”:

— Tenho tido ajuda pra caralho. Deles (dos seus músicos), muito da Luísa, da minha mãe (Eugenia Martins, mulher de Cássia, que criou Chico desde a morte da cantora, em 2001), de muita gente… da minha terapeuta, da minha psiquiatra, do meu grupo (o Centro Vida, de tratamento de dependência química, para o qual entrou em janeiro)… de todo mundo.

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Apesar de continuar fumando (“uma coisa de cada vez!”, protesta), Chico Chico conta ter tido que eliminar, ao longo da terapia, “principalmente os meus hábitos”.

— E principalmente a bebida. Excluí muita coisa. Foram mais noites dormidas. É uma loucura estar sóbrio. Só a voz já de cara melhorar é uma coisa a que você se agarra — conta. — Fora as relações pessoais. Vejo muito pessoas parecidas comigo, que têm muita dificuldade de fazer coisas por si mesmas. São outros problemas, de alguma maneira poderia até dizer mais graves, mas dos quais agora tenho mais consciência.

— É importantíssimo ter uma perspectiva de futuro mais concisa, mais firme. A nossa vida não propõe muita rotina, a gente tem viajado bastante, mas, quando venho para o Rio, quero ficar em casa.

Chico Chico com o casaco do Vasco da Gama, time sempre lembrado em seus figurinos — Foto: Leo Martins
Chico Chico com o casaco do Vasco da Gama, time sempre lembrado em seus figurinos — Foto: Leo Martins

Além de “Heal me”, outra faixa confessional que saiu em inglês foi “Two mothers’ blues”, acústico, com Milton Guedes na gaita, que Chico canta com voz bem grave e uma pronúncia bem convincente (“sempre cantei em inglês em casa, aprendi a falar inglês com música”, conta). Na letra, ele diz que encontrou a morte cedo, que seu pai (o baixista Tavinho Fialho) morreu antes de ele nascer (num acidente), e, antes dos 40 anos, “o Senhor também levou minha mãe (Cássia)”.

Ao comentar “Two mother’s blues”, Chico diz se sentir “abençoado e sortudo” por ter sido criado por duas mães.

— É meio autobiográfica a letra. Tentei escrever em português, mas não saía, era muito piegas. Em inglês consegui falar o que queria — descreve. — Como não é a minha língua, tento simplificar o máximo, não tem muito floreio, e dá para contar exatamente o que você quer. Em português, às vezes é rebuscado demais, e sai um pouco do propósito, mesmo sem querer.

Em inglês também saíram o folk “Reason to moan” (com Kadu Mota e André Pereira e gravada com a participação do lendário guitarrista Rick Ferreira, escudeiro de Raul Seixas) e as recriações de “Girl from North Country” (de Bob Dylan) e “4 + 20” (de Stephen Stills, gravada no emblemático álbum “Déjà vu”, de 1970, do Crosby, Stills, Nash & Young).

Chico Chico desencanou dos receios com releituras, porque ainda incluiu em “Let it burn — deixa arder” uma outra, antecipada em single, de “Vila do Sossego”, um dos sucessos do paraibano Zé Ramalho, em que se mostra bem incisivo na letra enigmática.

— Foi a Luísa que falou para eu botar essa no show — diz o cantor, que não ligou para o fato de ser uma música famosa nos shows da mãe Cássia. — É boa pa caralho, tem que cantar mesmo.

O cantor e compositor Chico Chico — Foto: Leo Martins
O cantor e compositor Chico Chico — Foto: Leo Martins

Este ano, Chico fez sucesso com “Menino bonito”, de Rita Lee. A versão viralizou na internet e levou a Deck a apostar num single com uma gravação ao vivo, não incluída em “Let it burn”.

— Quando a Rita morreu (em 8 de maio de 2023), no dia seguinte eu tinha um show em Belo Horizonte, e a gente tocou “Menino bonito” e “Agora só falta você”. O “Menino” ficou, foi dando certo. A gente nunca ensaiou, pegou para tocar e o arranjo foi sendo feito show a show.

Chico dividiu muitas vezes, no álbum, canções com parceiros como Sal Pessoa (em “Tanto pra dizer” e “Acaso inevitável”), Helder Quiroga e Oscar Vasconcellos (“Parabelo da existência”, gravada em dueto com a baiana Josyara), João Mantuano (“Canção de ninar”) e Sula Turner (“A felicidade”). Também tem composto muito com o pernambucano Juliano Holanda.

— No início eu pensava: como vou ser parceiro? Mas vi que é tipo o movimento de um time de futebol. Dependendo do jogador com que você joga, você vai correr, vai voltar para marcar, vai ficar na área ou até ficar na reserva. Se o time já está bom, você só entra ali só se alguém cansar. Parceria tem muito disso, você aprende muito com o outro — explica Chico, que este ano estreitou laços e fez um show inteiro no festival Coala, em São Paulo, com um dos grandes amigos e compositores de Cássia Eller: Nando Reis.

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