O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu neste domingo, durante um ato bolsonarista na Avenida Paulista, em São Paulo, que seus apoiadores elejam 50% da Câmara e do Senado nas eleições de 2026 para “mudar o destino do país”. Inelegível pode decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro também afirmou que “nem precisa ser presidente”, caso seu campo político consiga controlar o Congresso.
— Se me derem, por ocasião das eleições do ano que vem, 50% da Câmara e do Senado, eu mudo o destino do Brasil — afirmou. — Se vocês me derem isso, não me interessa onde eu esteja, aqui ou no além, quem assumir a liderança vai mandar mais que o presidente da República. Com essa maioria elegeremos o nosso presidente da Câmara, do Senado e do Congresso Nacional.
O ex-presidente também voltou a negar que houve uma tentativa de golpe após as eleições de 2022, crime pelo qual foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O caso entrou na fase de alegações finais e o julgamento está previsto para ocorrer até setembro.
— Nenhuma arma foi apreendida. Que tentativa armada é essa? Com idosos, mulheres, mães, com bandeira nas costas e bíblia nas mãos — disse o ex-presidente. — Golpe se dá com forças armadas, armamento, núcleo financeiro e político, com inclusive apoio fora do Brasil.
Bolsonaro defendeu ainda uma anistia como “caminho da pacificação”:
— Anistia é um remédio previsto na constituição de iniciativa própria do Parlamento brasileiro independentemente dos outros dois poderes. É o caminho da pacificação.
O ato foi organizado pelo pastor Silas Malafaia, sob o lema “Justiça Já”, e começou por volta das 14h próximo vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Mais cedo, os discursos de aliados do presidente no ato variaram entre a defesa de uma anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 e as críticas ao processo sobre a trama golpista em andamento no Supremo, que mira Bolsonaro e aliados.
Quatro governadores estão presentes no ato: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina.
A certa altura, quando um aliado falava em inglês, Bolsonaro brincou com o desempenho do discurso anterior e encerrou expressando um “Make Brazil Great Again” (Faça o Brasil grande novo), uma referência ao lema de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente, disse que o pai sofre uma “inquisição” para que ele tenha a “cabeça posta numa bandeja”.
— A balança da Justiça está pedindo para um lado, com perseguição, injustiça, ataques a prerrogativas parlamentares e à liberdade de expressão, em alta velocidade, para condenar alvos pré-escolhidos —disse.
Nos discursos com ares de comício eleitoral, lideranças do PL falaram abertamente em derrotar o presidente Lula em 2026 e eleger candidatos de direita ao Senado para enfrentar o STF.
— Eles querem perseguir candidatos a senador da direita com chances de ganhar — alegou o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
— Se colocarmos ele sozinho la, o que ele vai fazer? A nossa responsabilidade é eleger 46 senadores de direita — disse o senador Magno Malta (PL-ES).
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O evento ofereceu palanque para alguns desses possíveis postulantes, como os deputados Zucco (PL-RS) e Marco Feliciano (PL-SP). Gustavo Gayer (PL-GO), junto com o pastor Silas Malafaia, foi quem mais atacou o STF, ao levar gravações de Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cármen Lúcia. O público respondeu com gritos de “comunista” e xingamentos direcionados aos magistrados.
Tarcísio também aproveitou o momento para ensaiar uma plataforma para 2026. Ele declarou que “o Brasil não aguenta mais o PT” e que Lula jogou as políticas de Bolsonaro “na lata do lixo” em menos de três anos. Ele evitou críticas ao Supremo.
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, fez um rápido comentário, gritou “volta, Bolsonaro” no palco e citou quatro governadores presentes, dois deles com possibilidade de disputarem a presidência. A reação de Bolsonaro foi morna, enquanto Tarcísio deu um abraço e Zema apertou a mão do cacique partidário.