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Em meio à guerra, instalações nucleares na Ucrânia convivem com o risco de um desastre iminente

BRCOM by BRCOM
setembro 10, 2025
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Cientistas conversam no Instituto de Física e Tecnologia de Kharkiv — Foto: David Guttenfelder/The New York Times

Dentro de um laboratório de Kharkiv, na Ucrânia, está um equipamento experimental chamado Fonte de Nêutrons, contendo alguns quilos de urânio enriquecido — o bastante, se for espalhado, para contaminar boa parte da cidade. O local está a pouco mais de 20 km de distância da linha de frente da maior guerra na Europa em oito décadas, e as autoridades dizem que o prédio foi atingido pelos russos 74 vezes

— É assustador, mas estamos acostumados — afirmou Oleksander Bykhun, vice-engenheiro-chefe do Instituto de Física e Tecnologia de Kharkiv, o principal centro de pesquisa nuclear da Ucrânia, que abriga a Fonte de Nèutrons.

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Muitos dos temores nucleares ligados à invasão russa estão centrados na central nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, sob controle da Rússia desde o início da guerra. Mas a Ucrânia tem uma longa lista de instalações nucleares vulneráveis, como reatores de pesquisa e para geração de energia — como Chernobyl, onde ocorreu o maior acidente nuclear da História —, além de locais para armazenamento de combustível usado.

Conforme a guerra se arrasta, cresce o risco de que um ataque espalhe material nuclear em uma área extensa. Alguns dos locais têm medidas de segurança rígidas, mas eles não estão preparados para um ataque direto de uma bomba.

— É uma situação muito perigosa, e temos sorte de não ter ocorrido nenhum acidente nuclear, ainda — afirmou Bruno Chareyron, conselheiro científico da Comissão de Pesquisa Independente e Informação sobre Radioatividade, um grupo francês sem fins lucrativos.

Cientistas conversam no Instituto de Física e Tecnologia de Kharkiv — Foto: David Guttenfelder/The New York Times

Os perigos radioativos começaram no primeiro dia da invasão, em fevereiro de 2022, quando as forças russas invadiram o lado ucraniano passando pela zona de exclusão de Chernobyl, levantando uma poeira fina e que tem traços detectáveis de plutônio, isótopos de césio e outros elementos radioativos, e ameaçando atacar a usina.

Em fevereiro de 2025, um drone russo abriu um buraco na estrutura de contenção de aço inoxidável montada sobre as ruínas do reator 4 de Chernobyl. Embora não tenha havido vazamento de radiação, o ataque rompeu o selo hermético ao redor da estrutura.

A usina de Zaporíjia foi atacada de maneira recorrente, mas em todas as vezes um desastre foi evitado. Em 2023, uma explosão em uma barragem eliminou a principal fonte de água de resfriamento para os seis reatores, obrigando uma manobra para usar um lago reserva. O local depende agora de duas linhas de transmissão de energia, que são atingidas com frequência pelos combates.

Estruturas russas também foram atingidas pelo fogo cruzado. No final do mês passado, os destroços de um drone ucraniano abatido pelas defesas aéreas da Rússia danificaram um transformador perto da usina nuclear de Kursk, forçando seus operadores a reduzir a capacidade.

Integrantes de força de defesa ucraniana observam estrutura de contenção de reator na central nuclear de Chernobyl, atingido por drone russo — Foto: Brendan Hoffman/The New York Times
Integrantes de força de defesa ucraniana observam estrutura de contenção de reator na central nuclear de Chernobyl, atingido por drone russo — Foto: Brendan Hoffman/The New York Times

Integrantes do governo ucraniano acusaram a Rússia de intencionalmente ameaçar estruturas nucleares e de elevar o risco de uma catástrofe nuclear que pode contaminar boa parte do continente. O ataque com um drone em Chernobyl ocorreu na véspera da abertura da Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, um gesto encarado como uma mensagem de Moscou a Kiev e ao Ocidente.

O instituto de Física de Kharkiv, que ajudou a criar as primeiras bombas atômicas soviéticas, concordou em interromper o trabalho com urânio enriquecido em grau para uso militar em 2010, enviando seus estoques para a Rússia a pedido dos EUA, em nome da não proliferação nuclear. O local ainda armazena materiais extremamente perigosos, como o urânio na Fonte de Nêutrons, enriquecido para ser muito mais radioativo do que o combustível usado em uma usina nuclear. O instituto não revela a quantidade de material ali armazenado.

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O equipamento tem dois elementos. O primeiro, um núcleo do tamanho de um ônibus escolar, que conta com dois escudos de radiação feitos de metal e um acelerador de partículas de 27 metros. Os EUA financiaram parte de sua construção em troca da cessão do material nuclear enriquecido em grau militar, ou seja, capaz de ser usado em bombas.

O prédio foi atingido tantas vezes por drones, foguetes e artilharia que não se pode falar mais em acidente, afirmam as autoridades ucranianas. Eles acusaram cinco oficiais militares russos de terem orquestrado os ataques, e em um dos indiciamentos apontam para o risco de contaminação de uma área onde vivem 640 mil pessoas. Os promotores acusam os militares russos de “ecocídio”, ou tentativa de causar danos ao meio-ambiente como uma ferramenta de guerra.

Danos causados à estrutura do Instituto de Física e Tecnologia de Kharkiv após ataques russos — Foto: David Guttenfelder/The New York Times
Danos causados à estrutura do Instituto de Física e Tecnologia de Kharkiv após ataques russos — Foto: David Guttenfelder/The New York Times

O exterior do prédio não foi construído para suportar tantos ataques. Detonações do lado de fora chacoalham a sala de controle diariamente, e a onda de choque de uma explosão arrancou um pedaço de uma parede próxima ao equipamento.

Em 2022, uma estação transformadora foi atingida, deixando o prédio às escuras por meses. Cientistas precisaram recorrer a um sistema reserva de aquecimento para evitar que a água usada no resfriamento do equipamento congelasse, potencialmente danificando a proteção de alumínio nas barras de combustível de urânio.

— Não entendo com o que estamos lidando — afirmou Andriy Mytsykov, engenheiro-chefe do instituto de Física. — Eles fazem isso sem qualquer lógica.

Depois da invasão de 2022, cientistas suspenderam experimentos e colocaram a Fonte de Nêutrons em um modo de suspensão de longo prazo. Mas o urânio continua lá, assim como o risco de vazamento.

Nos demais locais do instituto, os cientistas continuam a realizar experimentos com energia de fusão, usando hidrogênio radioativo, apesar dos ataques recorrentes contra Kharkiv. Eles conseguiram obter dados suficientes para um artigo que planejam apresentar em uma conferência nos próximos meses, afirmou Mykola Azaryenkov, diretor interino da instituição.

— Eles nos atingem, nós levantamos e voltamos ao trabalho — disse.

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