O velório da publicitária Juliana Marins, de 26 anos, acontece, nesta sexta-feira, no Cemitério e Crematório Parque da Colina, Pendotiba, Niterói, município da Região Metropolitana do Rio onde a jovem morava. A jovem comoveu o país após dias de tentativa de resgate depois que a jovem caiu durante uma trilha no vulcão do Monte Rinjani, na Indonésia. Segundo a família, o corpo da jovem não será cremado e, sim, enterrado pois trata-se de uma “morte suspeita”.
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— Pedimos ao juiz, por meio da defensoria pública, para que a Juliana pudesse ser cremada. Mas o juiz tinha dito não pois é uma morte suspeita, talvez, não sei se o termo é esse. Então ela teria que ser enterrada caso precisasse fazer uma exumação futura — contou o pai da publicitária.
No Brasil, o conceito de morte suspeita está previsto em normas legais e regulamentares e envolve qualquer falecimento que não tenha causa natural comprovada ou que ocorra em circunstâncias duvidosas, violentas ou sem assistência médica adequada. Essas mortes costumam exigir uma investigação por parte das autoridades competentes e, por isso, a cremação é proibida até que haja elucidação da causa da morte.
A legislação brasileira proíbe a cremação nesses casos porque o procedimento elimina qualquer possibilidade de realização de exames periciais posteriores, o que poderia comprometer investigações criminais. De acordo com a lei, a cremação só pode ocorrer mediante apresentação de atestado médico com firma reconhecida ou, em casos não naturais, com autorização judicial.
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Na véspera do sepultamento, a Justiça do Rio de Janeiro chegou a autorizar a cremação do corpo de Juliana, a pedido da irmã dela, Mariana Marins. A decisão foi assinada pelo juiz Alessandro Oliveira Felix, da Vara de Registros Públicos, que destacou que o alvará atendia ao princípio da dignidade da pessoa falecida e ao desejo da família.
Mesmo com a liberação judicial posterior, os parentes decidiram manter o enterro, diante da classificação do caso como morte suspeita. Juliana foi submetida a uma autópsia ainda na Indonésia, mas, diante das dúvidas levantadas pela família, um novo exame foi realizado assim que o corpo retornou ao Brasil.
Segundo a Justiça, o procedimento adicional é necessário para esclarecer definitivamente a causa da morte, já que em casos com circunstâncias não totalmente explicadas a cremação é desaconselhada até a conclusão das investigações
A medida visa preservar possíveis provas e garantir que mortes com sinais de violência ou omissão não sejam apagadas sem apuração adequada. A regra é aplicada mesmo quando há desejo expresso da família pela cremação, reforçando a prioridade legal dada à elucidação de possíveis crimes sobre questões de natureza particular ou religiosa.
A nova necropsia foi realizada na quarta-feira por dois peritos legistas da Polícia Civil do Rio e acompanhada por um perito da Polícia Federal e um assistente técnico da família. O exame iniciou às 8h30 e terminou por volta das 11h. O laudo preliminar deve ser concluído em até cinco dias.
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A expectativa da família é de que a nova perícia esclareça pontos como a data e o horário exato da morte, além de avaliar uma possível omissão de socorro por parte das autoridades locais. A primeira autópsia, realizada na Indonésia cinco dias após a morte, apontou trauma com fraturas, lesões internas e hemorragia intensa, indicando que Juliana teria morrido cerca de 20 minutos após a queda. Ainda assim, os familiares acreditam que dúvidas permanecem.
O corpo de Juliana chegou ao Brasil uma semana após sua morte ter sido confirmada. Os restos mortais desembarcaram no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, vindo da Indonésia em um voo da Emirates. De lá, foram trazidos ao Rio em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), pousando por volta das 20h de terça-feira no Aeroporto do Galeão.
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A despedida de Juliana Marins aconteceu no anfiteatro do Cemitério e Crematório Parque da Colina, Pendotiba, em Niterói, que conta com uma película que impediu a visão interna do espaço. O público que desejava dar o seu adeus à publicitária precisou caminhar até o alto do local, onde foram recebidos por músicos que tocam temas clássicos.
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— Estou aqui para mostrar à família e aos amigos (de Juliana) que o Brasil está com eles nesse momento — disse Ana Paula, dona de casa que é moradora da cidade de Niterói.
— Não conheço a família ou a Juliana, mas acompanhei todo o drama. Como mãe, prefiro não imaginar a dor de perder um filho, mas vim tentar trazer um pouco de conforto para amigos e familiares — afirmou a enfermeira Maria de Oliveira.
Além das pessoas que buscavam deixar o último adeus, dezenas de coroas de flores chegaram aos poucos na capela onde ocorreu a despedida.