BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result
No Result
View All Result
BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result

Entre a graça e o constrangimento, ‘The office’ redefiniu a comédia sobre ambientes de trabalho

BRCOM by BRCOM
outubro 3, 2025
in News
0
Parte do elenco de 'The Office' — Foto: Divulgação

De segunda a sexta, das 9h às 17h. Quarenta horas por semana, oito por dia. Tempo mais do que suficiente para conversar sobre qualquer coisa, tomar café, fazer piadas bobas e pegadinhas, começar um romance, resolver problemas pessoais, dormir no banheiro, dar apoio a um colega ou tornar a vida de outra pessoa miserável. E, no tempo livre, trabalhar o mínimo necessário. Entre escritórios grandes, cubículos pequenos e salas de reunião de médio porte, qualquer escritório reproduz, em maior ou menor escala, as mesmas virtudes e vícios do mundo exterior. O melhor e o pior que a humanidade tem a oferecer emergem, sem obstáculos e imprevistos.

Muitos perceberam isso antes de Ricky Gervais, mas ninguém capitalizou essa ideia como o comediante, roteirista, diretor e produtor audiovisual britânico. Com doze episódios (e alguns especiais) exibidos entre 2002 e 2004, “The Office” revolucionou o mundo das comédias televisivas sobre o ambiente de trabalho. Cativou públicos de diferentes culturas, línguas e costumes. Um de seus maiores méritos é ter conseguido garantir que todo o universo dos trabalhadores (de novos funcionários a veteranos à espera da aposentadoria) se sentisse fielmente representado dentro do estilo narrativo de um falso documentário.

Até o momento, a série britânica gerou 15 adaptações na Austrália, Brasil, Canadá, Chile, República Tcheca, Finlândia, França, Alemanha, Índia, Israel, México, Polônia, Arábia Saudita, Suécia e Estados Unidos, sempre com atores e técnicos locais, priorizando seu próprio conteúdo e referências. A versão mais bem-sucedida foi ao ar nos EUA entre 2005 e 2013, se tornou um verdadeiro ícone da cultura pop e continua sendo uma das principais atrações em plataformas globais de streaming, downloads na internet e vendas de DVD e Blu-ray.

Doze anos após seu episódio final, a HBO Max estreou nesta quinta-feira “The Paper”, mais uma versão da série. Embora não seja uma continuação, vale a pena relembrar o programa que deu origem ao crescente culto global de seguidores: a versão americana de “The Office”.

Bem-vindo à cidade de Scranton, Pensilvânia, sede da principal filial da empresa de papel Dunder Mifflin. Ao visitar as instalações, você encontrará chefes bem-intencionados e funcionários empáticos, teimosos, gentis, mulherengos, dóceis, sexistas, tímidos, preguiçosos e retraídos, entre muitas outras características.

Parte do elenco de ‘The Office’ — Foto: Divulgação

“A ideia nunca foi fazer uma transcrição literal da série em inglês”, disse Gervais, “mas sim fazer a melhor versão possível. Imitando a indústria fonográfica, onde a música original de David Bowie tinha um saxofone, adicionamos um solo de violino. Felizmente, encontramos os solistas que precisávamos para soar afinados.”

Conteúdo:

Toggle
  • ‘Tênue linha entre o engraçado e o ofensivo’
  • Mercado de trabalho em transformação
      • Entre a graça e o constrangimento, ‘The office’ redefiniu a comédia sobre ambientes de trabalho

‘Tênue linha entre o engraçado e o ofensivo’

Liderando um elenco numeroso com a expertise necessária para improvisar sem se desviar do caminho, estava Steve Carell como o gerente regional Michael Scott. Autoproclamado “O Melhor Chefe do Mundo”, suas tentativas de ser engraçado e espirituoso sempre acabavam irritando e ofendendo seus subordinados. “O maior desafio era caminhar na tênue linha entre o engraçado e o ofensivo, evitando o lado sombrio e perturbador”, disse Carell.

Dando esse tom à sitcom, o personagem foi retratado como um gerente incompetente e improdutivo, desesperado para transformar seus colegas em uma família para encobrir as deficiências emocionais de sua infância. Para Gervais, “ele fazia comentários racistas e discriminatórios, mas eram involuntários. Ele não era movido pelo ódio, mas sim condicionado pelos estereótipos sociais em seu subconsciente”.

Ao lado de Carell, Rainn Wilson e John Krasinski interpretaram os vendedores estrelas da empresa, Dwight Schrute e Jim Halpert. Jenna Fischer interpretou a recepcionista descontente Pam Beesly; e B.J. Novak viveu o temporário Ryan Howard.

O restante do elenco foi completado por Angela Kinsey (a intolerante Angela Martin, chefe do departamento de contabilidade), Brian Baumgartner (como o cativante contador Kevin Malone), Oscar Nunez (o contador Oscar Martinez), Mindy Kaling (Kelly Kapoor, a superficial e obsessiva chefe de Atendimento ao Cliente), Melora Hardin (como a disfuncional vice-presidente Jan Levinson), Leslie David Baker (Stanley Hudson, um vendedor insatisfeito), Phyllis Smith (Phyllis Lapin, uma representante de vendas com baixa autoestima), Kate Flannery (Meredith Palmer, uma gerente de compras com consumo problemático de álcool), Paul Lieberstein (Toby Flenderson, o diretor de Recursos Humanos que é constantemente humilhado por Michael Scott), Craig Robinson (Darryl Philbin, o gerente do depósito), David Denman (Roy Anderson, um funcionário do depósito, em um relacionamento com Pam), Devon Abner (Devon White, responsável pelos serviços de fornecedores) e Creed Bratton. (um controlador de qualidade com um passado obscuro, que atende pelo nome de… Creed Bratton), entre outros.

Mercado de trabalho em transformação

Apostando um humor absurdo, a série retratava situações humilhantes no ambiente de trabalho, mas também abordava as condições mais brutais do mercado de trabalho em transformação. O episódio piloto começa com uma equipe de documentaristas chegando para registrar a rotina diária do escritório, no momento em que o vice-presidente anuncia reduções iminentes de pessoal para impedir o fechamento da filial.

“Tínhamos a tarefa de retratar um período no mercado de trabalho dos Estados Unidos em que a economia desacelerou, a classe média viu seus salários congelados e vários casos graves de má conduta corporativa foram descobertos”, analisou Greg Daniels, roteirista e produtor executivo da série. “E retratamos isso sem solenidade, mas sem diminuir sua importância.”

“The Office” estreou na NBC em 24 de março de 2005. Teve uma primeira temporada muito curta, com apenas seis episódios, mas um ótimo desempenho de audiência, terminando em terceiro lugar em seu segmento. Na época, críticos e espectadores concordaram em marcar mais dúvidas do que acertos, apontando como falhas a forte dependência da série original britânica e seu humor sombrio, um tanto áspero e excessivamente agressivo.

Gervais e Carell logo perceberam isso. Para alcançar a melhor interpretação possível de uma música de Bowie, não bastava simplesmente trocar um saxofone por um violino: eles precisavam criar novos arranjos musicais e trabalhar na trilha sonora.

“Aparamos as arestas dos personagens, arredondamos os pontos e suavizamos seus comportamentos. Escolhemos ser incisivos em vez de virulentos”, disse Daniels. Eles então criaram roteiros inteiramente novos, mais focados nos aspectos pessoais e profissionais. “Focamos em dois aspectos: relacionamentos amorosos entre colegas e movimentações de pessoal dentro da empresa”, observou Gervais.

Com essa mudança de tom, “The Office” encontrou o caminho para gerar a empatia com os espectadores que a primeira temporada não havia alcançado. A série estava repleta de amores desafortunados, relacionamentos casuais e/ou secretos, casamentos, términos e romances saudáveis ​​e tóxicos.

Em termos de relacionamento, encontrou sua maior expressão na união romântica de Jim Halpert e Pam Beesly, que eram amigos na primeira temporada, começaram a namorar na segunda, formalizaram o relacionamento na quarta, ficaram noivos na quinta, casaram-se na sexta e se tornaram pais na sexta e oitava temporadas.

“O episódio do casamento foi um dos mais difíceis de filmar”, disse Daniels. Gravado em locação, incluía uma sequência original com um cavalo destruindo a cerimônia, algo que todos os atores se recusaram a fazer.

“Procurando desesperadamente por uma cena para substituir a deletada”, lembra o produtor, “Steve nos mostrou um vídeo viral de um casamento em que os convidados entravam na igreja cantando e dançando ‘Forever’, do Chris Brown. Decidimos recriá-lo e, como tínhamos apenas 30 minutos para filmar dentro da igreja, foi uma tomada improvisada. Foi mágico; e essa sensação permeia a tela. Por isso se tornou uma das sequências clássicas da série.”

O desenvolvimento individual dentro da organização era o outro eixo principal da narrativa. Referências (e interações) com as filiais nas cidades de Buffalo, Utica, Binghamton, Pittsfield, Nashua, Syracuse, Stamford, Yonkers, Camden e a sede em Nova York tornaram-se comuns.

A Dunder Mifflin passou por uma enorme crise econômica e financeira e acabou sendo absorvida pela Sabre. Funcionários ascenderam na hierarquia ou permaneceram presos em seus cargos. Alguns foram transferidos, outros pediram demissão para seguir seus próprios empreendimentos ou foram demitidos.

“Por meio do humor, conseguimos abordar os aspectos positivos e negativos da natureza humana e da cultura corporativa sem banalizá-los”, afirmou Daniels. “Focamos na solidariedade, mas não escondemos machismo, corrupção, abuso de poder, nepotismo, segregação racial e violência de gênero, por exemplo.”

A equipe contratou novos funcionários e viu algumas saídas notáveis. Entre os novos rostos estavam o vendedor irascível Andy Bernard (interpretado por Ed Helms), o diretor financeiro David Wallace (Andy Buckley) e a recepcionista otimista Erin Hannon (Ellie Kemper), entre outros.

Mas nada se comparava à saída de Carell, já um astro do cinema, na sétima temporada (2010-2011). “Era hora de outros personagens assumirem o centro do palco e se desenvolverem”, confidenciou o ator. “Acho que o fim da carreira de Michael veio na hora certa, no auge de seu crescimento pessoal e profissional. Gostei muito da evolução que o personagem demonstrou; e de sua despedida sem alarde ou festas desnecessárias. Só ele com os amigos.”

A saída de Carell evidenciou o esgotamento da fórmula, em meio a uma série de conflitos internos entre a equipe criativa, a produtora e a emissora de televisão, que permaneceu em silêncio apesar do enorme sucesso.

“Nos perguntamos se deveríamos continuar sem Steve; e concordamos”, reconheceu Daniels. “Mas o que deveríamos ter nos perguntado era: poderíamos continuar sem Steve?” A audiência despencou, algo que a chegada de James Spader como novo empresário, Robert California, e a participação especial do magnata dos negócios Warren Buffett não conseguiram evitar.

Uma vez tomada a decisão de encerrar a sitcom, um final emocionante foi escolhido para os personagens, os atores e os fãs. Um ano após o término das filmagens do documentário, toda a equipe da Dunder Mifflin se reuniu para o casamento de Dwight Schrute e Angela Martin, com Michael Scott retornando como padrinho.

“A participação especial de Steve Carell era um segredo de todos”, revelou Daniels. “Trabalhamos com roteiros falsos, para que a equipe descobrisse no set, enquanto estávamos filmando. E conseguimos que a NBC não promovesse a participação especial dele, para que o público descobrisse durante a exibição. Conseguimos; e é por isso que continua sendo um dos destaques da minha carreira. É engraçado, original e comovente. Tudo o que sempre quisemos que a série fosse.”

Em 16 de maio de 2013, após nove temporadas e 201 episódios, “The Office” deixou a TV com um estrondo, deixando um público difícil de igualar. O fato de a série ter transformado Scranton, cidade conhecida por sua história na mineração de carvão, em um destino turístico para milhares de pessoas todos os anos demonstra o profundo impacto cultural que a série teve. O fato de suas imagens continuarem a circular como memes em milhões de dispositivos em todo o mundo reafirma sua relevância. E o fato de fãs aguardarem ansiosamente a estreia do primeiro spin-off confirma (mais uma vez) sua relevância irrefutável.

Agora, “The Paper” assume o papel de guardião natural do legado de “The Office”. Criada por Daniels, a nova sitcom revisita o formato de mockumentary para contar a gigantesca tarefa de um grupo de jornalistas voluntários que tentava reviver o histórico jornal Toledo Truth-Teller, que estava em franco declínio.

Filmada (em ficção) pela mesma equipe que trabalhou nos escritórios da Dunder Mifflin, a trama inclui o retorno de Óscar Martínez (mais uma vez interpretado por Óscar Núñez) como contador-chefe do jornal. Sabe-se que nenhum outro personagem de “The Office” aparece nos dez episódios da primeira temporada, mas e depois?

“Se conseguimos manter a participação especial de Steve Carell em segredo”, admitiu Daniels, “não esperem que revelemos o que vamos fazer. Vocês terão que ver.”

Entre a graça e o constrangimento, ‘The office’ redefiniu a comédia sobre ambientes de trabalho

Previous Post

multidão aguarda em frente a tribunal de Nova York por sentença

Next Post

Aposentada foi morta por bala perdida enquanto conversa com vizinhos em rua de Rio das Pedras

Next Post
Morta por bala perdida, a aposentada Iraci Adelgado da Silva costumava ficar na rua conversando com os vizinhos — Foto: Reprodução

Aposentada foi morta por bala perdida enquanto conversa com vizinhos em rua de Rio das Pedras

  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.

No Result
View All Result
  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.